O mistério sempre fez parte da
minha vida, ele sempre me perseguiu e, muitas vezes, por muito que eu tente
desviar-me dele ou mudar de assunto, nunca consigo fazê-lo por muito tempo. O
mistério volta sempre… penso que isto já nasceu comigo, não há nada a fazer,
faz parte do meu ADN, está entranhado em mim. É a curiosidade de saber o que se
esconde por detrás da cortina da realidade comum, convencional. Mesmo assim,
acho que há casos bem “piores”! :) . Mas, importante é também dizer que por vezes é necessário algum cuidado em
relação à forma como essa curiosidade se instala em nós, porque não são
assuntos normais e, muitas vezes, demasiada obsessão com determinados temas (e
até em relação a possíveis experiências que se podem fazer na tentativa de
saber algo mais) pode não ser muito saudável, por isso, na medida do possível,
esta curiosidade deve ser saudável e equilibrada, bem ponderada. Penso que quem
estiver minimamente dentro destes assuntos, entenderá o que eu quero dizer…
Como é lógico, o tema desta
publicação também não podia fugir à minha curiosidade.
Raymond Moody escreveu um livro
intitulado “Vida Depois da Vida”, livro que depois viria a dar lugar a este
documentário. Quando era miúdo lembro-me de ter estado com este livro nas mãos,
achei-o curioso e, ao mesmo tempo, senti um certo respeito pelo tema, era o
desconhecido, e, de certa forma, temos sempre um certo medo em relação ao
desconhecido e a palavra morte causa-nos sempre uma sensação estranha. Mas a
verdade é que só mais tarde dei maior importância ao tema e aprofundei-o
melhor.
O termo “experiência de
quase-morte” diz respeito a um conjunto de visões e sensações, frequentemente
associadas a uma experiência mística e que surgem em situações de morte
iminente devido a hipóxia cerebral (uma diminuição do fornecimento de oxigénio
ao cérebro), geralmente na sequência de uma paragem cardio-respiratória. As
descrições mais frequentes são: a visão do túnel; experiência de estar fora do
corpo físico e flutuar acima deste; percepção da presença de pessoas à sua
volta; visão de seres espirituais (embora a interpretação varie de acordo com a
cultura, a filosofia ou a religião de cada pessoa); ampliação dos sentidos;
etc.
Muitos Cépticos, alguns são
cientistas, têm uma visão reducionista e materialista da questão e afirmam que,
basicamente, somos uma esponja de químicos e que a consciência é uma espécie de
subproduto (não sei se é a palavra mais adequada…) da actividade eléctrica e
química dessa esponja. Nunca acreditei muito nesta teoria, simplesmente nunca
fez muito sentido para mim… Tem de haver algo mais… Talvez a consciência não
esteja rigidamente localizada em absoluto num determinado órgão, neste caso é o
cérebro. Talvez ela seja algo mais livre, embora, momentaneamente, pareça
depender do cérebro, mas não de uma forma absoluta.
A verdade é que ainda não sabemos
praticamente nada sobre o cérebro, ou, por outras palavras, só sabemos muito
pouco e , mesmo sobre esse pouco, nem tudo são certezas e talvez em breve tudo
tenha de ser reescrito (algo do género já foi dito por um neurocientista, por
isso não estou a inventar nada) e torna-se sempre difícil definir o que é
exactamente a consciência. As neurociências têm ainda muito caminho a fazer e
penso que ainda irão ter muitas surpresas.
Acredito que existem razões para
pôr em causa esta teoria materialista, porque, entre outras coisas, existem
indícios e informações que sugerem algo bastante diferente. Acho que por muitos
argumentos que os cépticos possam ter, há sempre situações que eles não
conseguem explicar:
-Em alguns casos, a morte foi
declarada pelos médicos e há relatos de situações nas quais foi possível
registar a actividade eléctrica do cérebro e o traçado mostrava-se plano, ou
seja, sem sinais de actividade;
- A sensação de flutuar acima do corpo
físico e conseguir ver de forma extraordinariamente detalhada tudo o que se
passa ao seu redor;
- Fenómenos de percepção extra-sensorial;
-Pessoas cegas também têm as
mesmas visões e descrevem de forma pormenorizada os procedimentos médicos, os
instrumentos, os materiais utilizados e suas cores, e também as características
físicas e o vestuário das pessoas presentes na sala, etc;
-Pessoas que no momento de se
desprenderem do seu corpo vêem e ouvem tudo o que se passa na sala onde estão e
nas salas ao lado, relatando mais tarde ter tido acesso a informações e
pormenores que não podiam saber.
-Etc.
Depois dessas experiências, estas
pessoas passaram a sentir uma outra paz interior e verificaram mudanças
comportamentais, geralmente para melhor. Tiveram mudanças profundas e a sua
vida mudou completamente e, principalmente, o medo da morte desapareceu (algo
muito difícil de acontecer), porque, segundo a convicção delas, tomaram consciência
de que a morte não existe. Foram, por isso, experiências libertadoras, transformadoras
(como se fossem transformações alquímicas) e reveladoras da imortalidade de
algo que podemos chamar de consciência.
Por muitas informações e
referências que eu possa ter e, não tendo passado por esta experiência, é óbvio
que não posso saber a verdade. Só sabe ou saberá a verdade quem experiencia
algo assim ou então quem atravessa definitivamente esse possível portal e não
volta mais ao seu corpo. E também existem outros tipos de técnicas e
estimulações que podem produzir experiências semelhantes (talvez não
exactamente iguais) no que diz respeito a experiência extracorporal, projecção
de consciência, etc, podendo estas dar também algum tipo de insight.
Só a experiência directa das
coisas pode revelar-nos a verdade, mas julgo existirem fortes motivos para
acreditar.
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