segunda-feira, 2 de julho de 2012

A Chamada Cura Espiritual, Os Curadores e as Técnicas de Imposição de Mãos

Hoje em dia, verificamos um boom no que diz respeito a algumas práticas holísticas de carácter terapêutico através da imposição de mãos com o intuito de restaurar o estado de equilíbrio natural, etc. Penso que existe um lado positivo quando vejo pessoas das mais diversas profissões, etc, a interessarem-se por este tipo de abordagens, principalmente porque, em teoria, elas encerram dentro de si próprias uma filosofia e uma visão do mundo e da realidade que é diferente do comum e isso pode ser benéfico para todos. É a tal mudança de paradigma de que tanta gente fala e que encontra muitas resistências. No entanto, e sem querer estar a dar lições, doutrinas ou grandes morais a quem quer que seja, só queria dizer algumas coisas em relação ao que vejo na prática, é apenas a minha opinião, é aquilo que sinto e respeito todas as opiniões contrárias.

Vamos tomar como exemplo o Reiki e eu começaria por dizer que não entendo muito bem a razão de quererem fazer uma petição em relação ao Reiki ou quererem regulamentar de certa forma isto. É lógico pensar que certas técnicas e procedimentos realizados noutras áreas requerem pessoas certificadas, porque podem trazer algum risco para a pessoa que está a receber os cuidados, sem dúvida. Mas em relação ao Reiki e outras coisas semelhantes, esse problema não se põe, uma vez que são técnicas inócuas em princípio. Hoje em dia há uma excessiva preocupação em regulamentar tudo e eu sei que muitas vezes é devido a motivações e razões que são contrárias à própria filosofia e lógica de coisas como o Reiki e é preciso reflectir sobre isso… No entanto, se houver algum argumento coerente que faça realmente sentido, talvez eu mude de ideias.

Na minha opinião, o Reiki até me parece bastante complicado, bastante ritualista, muitas iniciações, algumas regras rígidas, etc, etc, e, sinceramente, eu penso que também se torna necessário começar a desmistificar estas coisas, pois acredito que, na verdade, tudo é mais simples e espontâneo do que parece, tal como a natureza é, e se alguém por acaso sente que tem energia nas suas mãos e sente vontade de colocar as mãos em alguém, então basta colocá-las (com o consentimento da pessoa, claro). E, acreditando na existência dessa energia universal e nestas ideias, a verdade é que todos nós temos acesso a essa energia, mesmo não sabendo técnicas nenhumas e talvez quanto mais inocentes, simples e ignorantes somos em certo sentido, mais probabilidade temos de ser um bom canal dessa energia e de fazer um bom trabalho. Depende mais das condições existentes dentro de cada pessoa do que quaisquer técnicas. Por isso, estas coisas não são propriedade, nem monopólio de ninguém. Elas não requerem especializações, nem diplomas, apenas requerem uma pessoa genuína e a mestria (se existir) está neste aspecto. Não é para encher currículo, e muito menos para show-off.

Embora nunca tenha sido iniciado no Reiki, tenho uma visão geral do Reiki (e penso que não é uma visão leviana) e sempre me interessei por temas que são de certa forma semelhantes a este. Independentemente de se discutir, em termos de percentagem e estudos controlados, sobre a eficácia ou não destas abordagens, a verdade é que parece ajudar muitas pessoas que dizem sentir benefícios com este tipo de abordagens, embora não seja uma panaceia e não sirva para toda a gente da mesma maneira. Mas, apesar de tudo isso, o Reiki é apenas mais uma técnica, existem muitas mais e talvez nenhuma seja melhor ou pior do que outra, mas, quanto a mim, torna-se necessário transcender todas essas técnicas e ir ao essencial.


Com estas abordagens ninguém cura ninguém, na minha opinião. O ego não toma parte nisto, é inútil fazer diagnósticos e aplicar tratamentos neste âmbito (aqui não funciona essa lógica). Aqui o foco está mais na pessoa e menos na doença, não se pretende dissecar a doença. Nós aqui apenas facilitamos algo…algo que muitas vezes não sabemos explicar muito bem… e talvez não seja preciso saber… as atitudes de controlo não têm lugar aqui. Nós não fazemos nada. Os chamados Curadores não têm propriamente um modelo a seguir e não podem alimentar o ego dizendo: “eu fiz isto e aquilo, eu curei fulano tal”… Isso é limitador e é um obstáculo neste tipo de processos. Portanto, é deixar a mente de lado. Fazer não fazendo, estar presente sem interferir e aqui é que está a mestria. A maior parte das pessoas não está habituada a fazer isto e, como tal, com as devidas excepções, o ego está sempre muito presente… Ninguém pode dizer que não o tenha, todos temos, mas se não existe o hábito de reflectir sobre ele (o ego) e quando se incentivam determinadas coisas, o ego vai crescer e interferir neste tipo de trabalho, tão certo quanto o dia ser seguida pela noite.

Mudando um pouco de assunto, as áreas da saúde mais convencionais, como é evidente, obedecem a lógicas diferentes destas. É certo que existe lugar para os dois tipos de abordagens, o convencional e o complementar/alternativo, embora muitas vezes pareçam incompatíveis… mas talvez fosse boa ideia haver um equilíbrio, ou seja, há muita coisa que podia ser mudada na abordagem convencional, penso que certas mudanças seriam muito benéficas…

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