domingo, 20 de dezembro de 2015

Feminismo: a outra face

Antes de mais, para que não haja qualquer tipo de dúvida, devo dizer que obviamente, sou a favor da liberdade, assim como de outros princípios que considero fundamentais, por isso quero deixar bem claro que não é minha intenção estar aqui a defender injustiças, desigualdades, espancamentos de mulheres e outras coisas do género. Também não venho para aqui fazer críticas sobre certas opções e escolhas que as pessoas fazem, principalmente assuntos privados, isso aqui não interessa nada e foge ao âmbito deste artigo, desta forma não pretendo converter ninguém a nada.

No entanto, há um tema que surge bastante na nossa sociedade e até tem gerado acesas discussões na Internet, trata-se do feminismo, e como este blogue pretende mostrar outras realidades, a outra face das coisas, decidi tocar neste assunto e analisá-lo, tentando ser o mais neutro possível.
Devo dizer que não tenho um conhecimento muito aprofundado sobre as raízes históricas do feminismo, mas tenho uma ideia geral sobre o assunto e penso que essa ideia não anda muito longe da verdade. De qualquer forma, apenas queria mostrar a minha opinião, o meu ponto de vista.

Em Portugal não se discute muito sobre este assunto, ao contrário de outros países como o Brasil, EUA, etc. Tenho lido algumas coisas na Internet, muitas teorias, algumas são teorias da conspiração que vêem o feminismo como um plano secreto para destruir a sociedade, um plano da esquerda, orquestrado para tomar o poder, algo assim do género. Por outro lado, temos também aquele feminismo mais radical, com afirmações e posições bastante discutíveis e algumas até preocupantes.
Bom, eu não sei se houve ou não conspiração para destruir os valores defendidos por uma certa direita (e não só) ou se simplesmente foram mudanças culturais normais, novas ideias que foram surgindo e naturalmente encontraram adeptos e influenciaram aos poucos a sociedade. Pessoalmente, não queria encaixar-me em nenhuma direita nem esquerda, prefiro não me classificar nem estar agarrado a nada, é preciso ir além dessas divisões… são coisas que não me interessam, embora reconheça certos aspectos nas políticas da direita com os quais eu não concordo, mas também o mundo da esquerda não é totalmente perfeito!

Portanto, sobre o tema deste artigo, tenho lido coisas que para mim fazem sentido e outras que não concordo, para além do uso de alguma linguagem imprópria e certas informalidades desnecessárias (quer seja por parte dos críticos do feminismo, ou por parte dos próprios feministas).
É inegável que houve movimentos de mulheres que, principalmente nos primórdios, defendiam direitos fundamentais e a possibilidade de haver mais poder de escolha por parte das mulheres. Contudo, há quem seja da opinião de que o feminismo não defende igualdade, mas trata-se de uma ideologia autocentrada, egocêntrica, que procura privilégios e benefícios sempre que possível e pretende tomar o poder, é uma luta pelo poder. Para além de outros defeitos apontados pelos críticos (alguns desses críticos são mulheres…) e com os quais eu concordo.

Na verdade, eu não sei se o feminismo sempre foi uma farsa ou se simplesmente foi se transformando ao longo do tempo, corrompendo-se, perdendo o bom senso e deteriorando-se. Talvez a segunda opção faça mais sentido, mas a influência do feminismo nas nossas sociedades tem sido muito clara e evidente.

Não gosto muito de classificações, rótulos, até já falei sobre isso numa publicação anterior, mas considero que existem vários tipos de feminismos, vários tipos de feministas (algumas são auto-intituladas) e é difícil muitas vezes estabelecer um padrão, sendo igualmente difícil entender certas ideias/teorias deste movimento porque são muito paradoxais, contraditórias e algumas deixaram de ter qualquer fundamento.
Há também situações absurdas e completamente surreais, radicalismos estranhos, por exemplo, há pouco tempo vi algo sobre o feminismo na Suécia e realmente, percebi que este país nórdico não é o paraíso cor-de-rosa que tantas vezes nos contaram (não é só por causa do feminismo). A coisa está tão extremista que até uma das feministas mais antigas chegou ao ponto de questionar e criticar o rumo que as coisas estavam a levar, principalmente em relação a pessoas que se usam da política para implementar certas medidas e, acrescento, fazer lavagem cerebral a toda a gente.

Outro aspecto a salientar prende-se com a reacção de algumas feministas (ou pessoas que se identificam com alguns aspectos e ideias deste movimento), quando as suas ideias e argumentos são alvo de críticas. É um clássico, podemos ter de tudo um pouco: “se não concordas comigo, não vales nada e és um machista” (típico); falácias do género “ não consigo atacar o argumento, então ataco a pessoa que o fez”; ataques pessoais; psicologia barata; agressividade; preconceitos e generalizações; rótulos; diagnósticos; classificações, tudo na tentativa de calar a pessoa a todo o custo, apelos à emoção e não à razão, provocações em vez de um diálogo que se quer saudável e construtivo. E é um clássico porque também podemos ver estes comportamentos noutros âmbitos, por exemplo, algumas pessoas que não aceitam o fenómeno ovni, dizem e insinuam que quem acredita em OVNIS e ETs só pode ser maluco, imaturo ou ignorante. O ser humano por vezes sente-se tentado, não resiste e segue o caminho mais fácil, prefere ter este tipo de comportamentos, que da mesma forma são usados por homens e mulheres feministas pois estes não admitem que alguém ponha em causa os seus pontos de vista.
Depois também existe o famoso patriarcado, o culpado de todo o sofrimento das mulheres, aquele que oprime as mulheres. Este patriarcado é uma espécie de fantasma, uma entidade maléfica obscura. Eu não sei qual é o conceito de patriarcado que algumas pessoas possuem, mas confesso que por vezes fico bastante confuso. Parece-me absurdo e anacrónico continuar a culpar o patriarcado mas a vitimização continuará eternamente e sempre que houver problemas, existirá sempre o mesmo culpado. Quando, por exemplo, a mulher é vítima de violência, quem é o culpado? Já sabemos a resposta. E quando a vítima é o homem? Quem será o culpado? *

Verificamos que, não raras vezes, certas pessoas, defensoras da liberdade e dos valores modernos e feministas, não respeitam ideias e estilos de vida contrários aos seus, não suportam estilos de vida e mentalidades mais conservadoras, digamos assim. Começam imediatamente com a estratégia de rotular e classificar depreciativamente os outros dizendo que são homens e mulheres das cavernas, gente primitiva. Dá às vezes a impressão de que se sentem ofendidos, incomodados pelas ideias contrárias, não suportam a diversidade e procuram influenciar e converter pessoas ao seu modo de ver as coisas, pretendem criar uma uniformidade. Nós sabemos que muita gente conservadora também adopta este comportamento de julgamento das opções alheias, mas é também frequente vermos que suas ideias não são respeitadas e seus valores são alvo de uma certa troça por parte dos mais “modernos”. Ou seja, por um lado, defendem valores da liberdade, direitos e respeito, mas depois dizem que os outros, coitados, são vítimas do patriarcado ou então são gente primitiva que devia obrigatoriamente pensar como eles. Temos de ser coerentes e respeitar as ideias, vontades e opções de toda a gente, que evidentemente devem estar dentro dos limites do bom senso, independentemente de aprovarmos ou não. Eu posso não concordar com determinados comportamentos, estilos de vida e opções, tenho esse direito, claro, mas se é algo que pertence à esfera privada, principalmente se isso não me afecta directamente, então não me diz respeito e não tenho de estar a dar opiniões, principalmente quando ninguém me perguntou nada. As pessoas têm o direito de procurar o que acham melhor para si próprias. E é por estas e por outras razões que eu sempre vejo mentalidades de rebanho como um problema.
Há também a questão da mulher como objecto sexual. Feministas reclamam que nas nossas sociedades as mulheres foram reduzidas a um objecto sexual, usadas em publicidade, revistas e noutros âmbitos, incluindo a própria vida social normal. E mais uma vez o culpado é o famigerado patriarcado. Havia muita coisa a dizer sobre isto mas eu vou apenas tocar nalguns tópicos:

- Os homens sentem desejo pelas mulheres, é algo biológico e natural, e as mulheres têm plena consciência disso e, que eu saiba, elas também não são completamente indiferentes e desinteressadas pelo corpo do homem, embora possam ter outros interesses, assim como os homens;
- A imagem e o corpo masculino também é altamente usado na moda e explorado na publicidade;

- O patriarcado era bastante conservador em relação à exposição do corpo da mulher, então como é que o patriarcado pode ser o culpado da mulher se ter tornado num objecto sexual?! Os pais, ao contrário dos dias de hoje, sempre tinham a preocupação de ensinar as suas filhas a serem muito discretas nesse sentido, porque uma rapariga e senhora de família não se vestia nem se comportava de determinada maneira. Por isso eu não entendo porque é que tentam culpar o patriarcado mas talvez tenham uma definição diferente da minha. Se realmente a mulher é hoje um mero objecto sexual, então a culpa é apenas do feminismo porque foi este que incentivou a mulher a tirar a roupa como forma de protesto face à opressão do patriarcado. Foi uma forma de libertação e emancipação. Se hoje as mulheres vendem o seu corpo (tal como os homens), se hoje as mulheres andam na rua com calções muito curtos e apertados, mini-saias, decotes, fios dentais na praia e não só, etc, a culpa não é do patriarcado!
Nota: convém lembrar, para os mais distraídos, a função deste artigo é simplesmente criticar alguns argumentos do feminismo. Não é minha intenção estar aqui a criticar, por exemplo, as opções de vestuário de cada um. Se fosse esse o objectivo, diria de forma explícita. Portanto, caro leitor, não faça leituras desnecessárias.
 
Existem outras incongruências, contradições e aspectos bastante questionáveis. O tema é vasto mas ficam aqui apenas alguns aspectos gerais amplamente discutidos na Internet.

 
Neste vídeo, uma mulher critica o feminismo e explica a razão pela qual decidiu não ser feminista.



*


domingo, 13 de dezembro de 2015

Em torno da questão de Fátima


Em relação a Fátima, eu posso oferecer muitos argumentos, posso colocar muitos defeitos na religião, claro que posso, mas também posso reconhecer que há muitas pessoas que encontram conforto, apoio, força, energia, convívio nestas peregrinações, encontram na religião um significado para as suas vidas, por isso Fátima não é só os OVNIS, Fátima é muito mais do que isso. E, para mim, apenas uma opinião pessoal, exemplos como Fátima enquadram-se em lógicas que podem estar muito para além de determinado credo ou religião específica, independentemente de ter havido manipulação ou não. Foi também bom para a economia da região e foi bom para o país, mas isso é apenas na minha óptica!
 
Quanto ao dinheiro, ele está metido em todo o lado, neste momento é assim que as nossas sociedades funcionam, as instituições religiosas não são excepção. Não tenho conhecimento suficiente para poder discutir certos pormenores em relação ao dinheiro envolvido no santuário. Sobre isso já ouvi críticas e algumas talvez sejam legitimas, mas posso dizer que da última vez que lá estive, assisti a cerimónias junto com familiares e ninguém me pediu coisa alguma... Estou à vontade para falar porque não sou devoto católico, sou, por isso, insuspeito.
 
Além disso, é preferível que os acontecimentos de Fátima fiquem conservados numa esfera do religioso do que em esfera nenhuma, pior seria terem sido esquecidos e ignorados, que era o que muitos pretendiam. Se não tivesse sido preservada a memória, não podíamos estar aqui hoje a discutir interpretações e pontos de vista sobre Fátima...
 
É verdade que o cenário de uma manipulação dos acontecimentos faz bastante sentido e há razões para acreditar nisso. Mas, como já tinha referido, teria sido bastante pior se o acontecimento tivesse caído no completo esquecimento, se não houvesse registos nem depoimentos de ninguém, ou se fosse pura e simplesmente ignorado. As pessoas, por exemplo, podiam não ter dado o benefício da dúvida, podiam não ter acreditado nas crianças, se isso tivesse acontecido, aquela multidão não teria presenciado nada, hoje seriam talvez vistas como partidas e invenções de crianças ou alucinações…
 
E mais, ocorre-me a seguinte ideia: apenas especulo mas, partindo do princípio de que não foi Nossa Senhora que lá apareceu, esses seres teriam algum plano? Sabiam exactamente o que estavam a fazer? Talvez! Porque é que esses seres não apareceram para académicos, pessoas cultas, da cidade, por exemplo? Porque é que decidiram aparecer para crianças humildes, ignorantes, camponeses, muito religiosas? Claro que pode haver mais do que uma razão para o facto, umas dessas razões pode estar relacionada com qualquer tipo de característica sensitiva, digamos assim, das crianças.  
 
Mas a questão fundamental que eu quero colocar prende-se com a conservação do acontecimento e a importância, dinâmica colectiva que aquele local ganhou depois do acontecimento. Esses seres poderiam ter isso em mente e por isso sabiam que, naquela época (e talvez mesmo hoje), a única maneira de conservar o acontecimento e de dar dinâmica colectiva àquele local era precisamente sob o manto da religião! Estava tudo calculado! Seria a única forma de dar força a algo que eles tinham em mente, um projecto qualquer que envolveria o desenvolvimento daquele local em termos de dinâmicas colectivas que talvez tenham algum propósito para esses seres… A intenção era levar gente para ali, durante muito tempo, com algum propósito…



Extra:

São também comuns dois tipos de afirmações sobre este tema: para uns, nada aconteceu e, para outros, Fátima não é caso isolado porque existem mais aparições marianas por todo o mundo, Fátima é apenas mais um acontecimento entre muitos. Em relação à primeira afirmação, não é verdade que nada aconteceu, algo aconteceu porque temos argumentos suficientes e provas que sustentam esses acontecimentos invulgares. No que diz respeito à segunda afirmação, eu não sou especialista em questões de aparições marianas, mas parece-me que o caso de Fátima possui particularidades que a maioria dos outros casos não apresenta. É verdade que aparições de Nossas Senhoras não aconteceram apenas em Portugal, e, para além disso, em Portugal, Fátima não é o único caso de aparições da virgem, mas o caso de Fátima tem características únicas e uma riqueza de detalhes, registos, documentos, testemunhos variados, inclusivamente de um professor de ciências da Universidade de Coimbra, que testemunhou o acontecimento, para além de jornalistas, etc, o que aliás levou historiadores a fazer outro tipo de interpretações bastante plausíveis, e é isso que está aqui em questão, a riqueza do acontecimento, que foi único nesse sentido.

Algumas pessoas ainda colocam a hipótese de ter sido um caso de humanos do futuro que nos alertavam para certas situações. Quanto a esta hipótese, sabemos que é teoricamente possível viajar no tempo, mas deparamo-nos com o chamado paradoxo do avô, por isso, segundo alguns físicos, no caso de os visitantes serem humanos do futuro, não podem mudar o seu próprio passado, eles apenas podem mudar ou influenciar o passado de alguém que pertence a um universo paralelo, ou seja, neste caso, os pastorinhos são praticamente idênticos aos pastorinhos do passado desses visitantes, mas essas crianças são de um universo paralelo, o nosso universo. Não podemos mudar o nosso próprio passado, apenas podemos mudar o passado dos outros...    

No seguimento deste artigo, e porque estamos a falar de contactos com outros seres, decidi colocar aqui mais um caso interessante e que, na minha opinião, merece a nossa atenção. Não é propriamente um caso excepcional mas é mais um que se junta a outros de natureza semelhante. O caso aparece logo no início do seguinte programa:
 

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

O fenómeno OVNI não é posse de ninguém!

O conhecimento não é posse de ninguém, disso já sabemos, mas no que diz respeito à investigação destas coisas dos OVNIS, será que precisamos de uma licença para investigar? E quem é que vai emitir essa licença? Talvez não faça muito sentido!

Já aqui, por várias vezes, realcei a importância de abordar certos fenómenos numa perspectiva multidisciplinar, isso inclui a participação de pessoas especializadas em diferentes áreas do conhecimento. Parece-me uma opção válida, interessante e que aliás já tem sido posta em prática.

No entanto, algumas pessoas apenas consideram legítimo que o fenómeno OVNI (assim como outro tipo de fenómenos que são abordados neste blogue) seja investigado por pessoas qualificadas, com títulos académicos. Ora, sendo assim, isto não deixa de ser polémico e teríamos de perguntar o seguinte: já não houve importantes contribuições de pessoas que não possuíam títulos académicos? E será justo desvalorizar o trabalho de alguém só porque não tem títulos académicos? Não existirão outros critérios mais importantes do que esse? A seriedade, por exemplo, será característica exclusiva de certas pessoas?

É verdade que alguns entusiastas e interessados no fenómeno cometem muitos erros, não possuem critérios satisfatoriamente rigorosos, por vezes até inventam demasiado e só acabam por prejudicar o tema, não dando muitas razões para serem levados a sério. Mas será justo excluir algumas pessoas, só porque não possuem títulos académicos? Ou então, será justo excluir determinadas pessoas formadas numa certa área do conhecimento que, no imediato, não pode ser aplicada ao estudo e interpretação do fenómeno? O valor de um investigador não se mede pelos títulos!

Depois, tal como sabemos, alguns académicos nunca aceitarão o fenómeno, e quando são convidados a estudá-lo, estragam tudo devido à bagagem e suposições que previamente traziam!

É preciso também dizer que o facto de querermos fazer um esforço para sermos neutros e rigorosos na abordagem, não invalida que possamos já tirar algumas conclusões e, sinceramente, que outra hipótese poderíamos colocar senão aquela dos visitantes? É perfeitamente racional, é a única que neste momento faz mais sentido, é a que tem mais força, tudo aponta para isso. Qual é então o problema? Porque não dizer isso abertamente?!


Quanto à comunidade científica (em geral), não sejamos ingénuos, a comunidade científica não admite nada destas coisas, nós não podemos confundir comunidade científica com alguns grupos e pessoas (poucos) que têm formação nalgum ramo da ciência e que aceitam a possibilidade da visita por ETs. Resumindo, a comunidade científica, o establishment não admite nada destas coisas!


domingo, 29 de novembro de 2015

Os OVNIS e o armamento nuclear

Os factos sempre falam mais alto do que determinadas retóricas elaboradas com o propósito de iludir as pessoas e até convencê-las de que não é uma atitude sã e culta acreditar em certas coisas. Há também uma inacreditável e “fantástica” terceira linha de argumentos que insinua e às vezes até afirma que acreditar nestes temas é algo que se enquadra no âmbito infanto-juvenil e, por isso, para além de alguém poder ser desprovido de juízo e ignorante, também pode ser, neste caso, imaturo. Mas, seja qual for o assunto em questão, o que nos deve nortear é a qualidade da investigação e não o tipo de tema! 

Entidades exógenas observam-nos e até já chegaram ao ponto de interferir com armas nucleares. O documentário mostra-nos alguns desses casos. 

Digno de especial nota, talvez por ser menos conhecido, é o caso ocorrido na ex União Soviética e a investigação desenvolvida depois desse incidente. Portanto, um documentário a não perder!




segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Idealismo: O primado da consciência

Ao longo do tempo, o ser humano tem sido capaz de conceber diferentes tipos de posições metafísicas. O idealismo, o monismo materialista, o dualismo, assim como outras correntes de pensamento que defendem mais do que duas substâncias ou princípios, são propostas que nos oferecem diferentes perspectivas em relação à natureza da realidade.

O idealismo, o assunto que aqui nos interessa, de facto, não é um tema fácil, mas, para começar, podemos dizer que esta corrente filosófica atribui uma especial importância à consciência na interpretação da realidade. Aqui a subjectividade assume um papel central.

Existem várias posições filosóficas e diferentes tipos de idealismo, podemos encontrar perspectivas divergentes dentro deste tema, mas, resumidamente, o idealismo tanto pode afirmar que a realidade existe essencialmente dentro da nossa mente, às vezes negando a existência de um mundo exterior material, como também pode afirmar que a única coisa que realmente podemos conhecer é a consciência e os seus conteúdos, tudo o resto é incerto, ou seja, não temos um acesso directo ao mundo porque esse conhecimento acontece através de dimensões puramente mentais.

Sob o ponto de vista epistemológico, o idealismo defende que, durante o processo de conhecimento, apenas podemos obter percepções e ideias em relação aos objectos da realidade. A realidade, tal como a conhecemos, é uma construção mental, por isso estamos perante uma forma de cepticismo acerca da possibilidade de conhecer qualquer coisa que seja independente da mente ou consciência humana. Aqui, neste contexto, não se afirma se os objectos percepcionados têm ou não uma existência num mundo exterior e material, ou seja, não sabemos se as nossas percepções correspondem a objectos cuja existência tem lugar num mundo exterior. E, uma vez que aquilo que conhecemos e experienciamos está no domínio da mente, todo o conhecimento acaba por ser uma forma de autoconhecimento.

Sob o ponto de vista ontológico, tudo é reduzido à mente ou espírito. Apenas existem percepções e estados mentais, nada mais existe, não existe um mundo exterior material, toda a realidade é imaterial. Mas, convém salientar, isto não significa que, por exemplo, o meu computador é uma ilusão, o mundo não é negado, a posição aqui defendida está relacionada com a natureza imaterial do mundo e seus objectos. Este é o tipo de metafísica de Berkeley, por exemplo.

Berkeley foi um bispo irlandês e embora tenha elaborado o seu idealismo com um propósito bem definido e um objectivo muito específico, não deixa de ser um conjunto de raciocínios interessantes, talvez, na opinião de alguns, não sejam totalmente perfeitos mas tocam em questões relevantes e são um bom ponto de partida.

Berkeley, religioso, evidentemente explicou que Deus é a causa das percepções, tudo ocorre na mente de Deus (causa de todas as coisas). Claro que tudo depende do conceito de Deus e, não tenho a certeza, mas provavelmente Berkeley via Deus como um criador, uma entidade (neste caso, uma mente) separada da criação, uma mente causadora das nossas percepções mas separada de nós. E é principalmente e precisamente neste ponto que alguns encontram razões para criticar as ideias de Berkeley, por isso há quem prefira, por exemplo, recorrer ao conceito de inconsciente colectivo, que é uma parte de nós, mas com a qual não nos conseguimos identificar.

Na minha opinião, certos tipos de idealismo apresentam argumentos bem coerentes e, por isso, são propostas que devem ser tomadas em conta. Para além de possuir argumentos difíceis de contrariar e desmontar, o idealismo é bastante mais parcimonioso do que outras propostas metafísicas.

Outro aspecto a salientar é que alguns pontos de vista partilhados por religiões, certas tradições herméticas e algumas filosofias orientais, são semelhantes à metafisica idealista. Contudo, para abraçar o idealismo, não é necessário possuir, por exemplo, uma crença religiosa.

E a ciência? A ciência desenvolvida até aos nossos dias contradiz certas posições idealistas? Penso que não! É verdade que parece não existir unanimidade, mas certas interpretações propõem que a consciência assume um papel central. Certas formas de idealismo foram e ainda são defendidas por alguns cientistas e, por exemplo, teóricos da física.




sábado, 12 de setembro de 2015

Mente sempre aberta mas não escancarada!

É importante estarmos sempre abertos a novas ideias porque não sabemos se as descobertas de amanhã anulam as de hoje. Neste sentido, devemos tentar ser um pouco desapegados de grandes doutrinas e certezas.

O futuro pode fazer-nos mudar de ideias, não podemos ser prisioneiros de ideias rígidas, embora haja certos pensamentos e pontos importantes, reflexões bem estabelecidas, coerentes e certas convicções que não mudam.

A vida é um conjunto de momentos e cada momento tem o seu lado particular e único. Por exemplo, hoje, eu escreveria de forma diferente sobre certos assuntos que foram abordados no passado, colocaria e exporia certas ideias de forma diferente, talvez com algumas correcções, embora, em grande parte, manteria muitas das ideias centrais. Por isso cada momento tem a sua própria visão, sentimento, uma determinada disposição emocional e perspectiva das coisas, umas vezes evoluindo no correcto sentido, outras vezes nem tanto.

Ninguém pode ser totalmente e absolutamente coerente ao longo de um vasto período de tempo, irá sempre aparecer alguma mudança que rompe com o passado, mas demasiada e frequente incoerência também não é muito bom, há que manter alguma base e regra, senão passamos a mudar tão facilmente como o vento!

Mas nem sempre é fácil mudar de ideias e quanto mais amarrados estivermos, mais difícil será abandonar determinada posição (nem sempre é assim, às vezes as coisas são muito rápidas, quase instantâneas, mas o padrão de resistência é bastante frequente), porque investimos muito tempo, depositámos muita confiança, e estamos apegados a certos pontos de vista, e por isso é mais difícil mudar, há um monte de razões para que isso aconteça, a tal dissonância cognitiva!


A verdade é que podemos arranjar sempre argumentos para continuar num determinado caminho e defender um ponto de vista, podemos sempre oferecer argumentos contra e a favor, seja qual for o assunto. Se não quisermos abandonar determinado ponto de vista, se assim preferirmos, podemos criar novos argumentos, isso não é impossível, embora por vezes, em certas situações, torna-se mais difícil defender certas posições porque contrariamos as evidências. 

Rótulos, gavetas, diálogo e comunicação

Temos sempre por hábito enquadrar os outros segundo uma classificação, muitas vezes até com grande desacerto porque essas classificações vêm acompanhadas de generalizações, são cómodas, é verdade, mas por vezes demasiado redutoras porque podem revelar muito pouco sobre aquela pessoa em particular.

Sabemos que os rótulos são tramados! E também o hábito de colocar as pessoas em gavetas pode ser uma tarefa complicada, principalmente se essa pessoa tiver um espírito ecléctico, digamos assim, porque, neste caso, ela buscará ideias em todas as gavetas, sem ficar presa a nenhuma em particular.

Para além disso, e também neste sentido, eu, geralmente, prefiro não me classificar porque assim evito mal-entendidos, preconceitos e outras leituras diferentes da minha. Ou seja, cada um constrói a sua interpretação sobre um determinado assunto, cada um entende as coisas à sua maneira, e esse entendimento pode ser bastante diferente do meu. Por isso, sempre que for possível, é necessário tornar as coisas claras, defini-las o melhor possível, para que não haja confusões.

Eu posso concordar com algumas ideias pertencentes a uma determinada escola, filosofia ou ideologia e, ao mesmo tempo, em relação a essa mesma escola ou ideologia, posso discordar de outros pontos e ideias!

Outro aspecto a salientar é que as pessoas precisam de aprender a dialogar, isto é uma difícil tarefa para todos (para mim também), não fomos educados para saber comunicar eficazmente e convenientemente. Por isso, se eu optar por usar determinado tipo de linguagem (aliás, os debates que se fazem na televisão são uns valentes exemplos disto, não deixa de ser trágico, há pessoas que abusam e acham tudo muito normal…é até bom para as audiências, embora não queiram reconhecer isso!), logo à partida, isso poderá criar dificuldades no diálogo, gerando resistências adicionais desnecessárias e a ideia de conflito pode ficar mais fortalecida. Por isso geralmente, tento pensar um pouco antes de escrever, não me deixar influenciar por certas emoções (nem sempre é possível), ter consciência do que se está a passar para não deixar entrar interferências adicionais no debate ou diálogo, posso também usar a Internet como um campo de treinos, ou seja, opto por usar uma linguagem mais empática, com pouco recurso a determinados julgamentos, ataques pessoais, certas críticas, ou seja, uma comunicação não-violenta (pelo menos tento que seja), centrando-me nas ideias/argumentos e não na pessoa ou no seu carácter.

A importância do tipo de comunicação, segundo algumas pessoas, é irrelevante. Já outros até referem que não fomos educados para expressar as nossas necessidades e sentimentos de forma adequada e daí surgem os problemas. De qualquer forma, não é um tema simples, mas penso que a forma como comunicamos pode ser importante para explicar uma parte da violência, violência que também começa nas palavras!

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Esoterismo, espiritualismo, ocultismo, metafisicas e questões fundamentais: Escolas esotéricas e círculos ocultistas (segunda parte)

Dentro destes círculos, alguns possuem mais complexidade do que outros, uns envolvem cultos e outros não, alguns são excessivamente ritualizados ou mais formais do que outros, uns são mais eruditos e elitistas do que outros, alguns recorrem mais ao simbolismo do que outros, seja para despertar qualquer tipo de verdade interna ou para estimular certas vivências internas, que actualmente, e segundo alguns, são secretas apenas no sentido de serem pessoais e difíceis de transformar em palavras e conceitos, e, por último, algumas dessas sociedades são mais vocacionadas apenas para transmitir práticas que afinal já não são tão secretas como costumavam ser… Sejam mais antigas ou recém-criadas, há de tudo para todos, conforme os gostos, tendências pessoais e nível cultural.

Outro aspecto importante é a deturpação e distorção do significado dos símbolos e rituais de algumas dessas sociedades, principalmente por parte de alguns teóricos da conspiração que tendem a misturar coisas que nada têm a ver…

Afinal de contas, os próprios xamãs também têm as suas iniciações! E é certo que, em certos momentos, todos nós temos de aprender com aqueles que têm mais experiência num determinado assunto, não nego isso! (embora aquele que ensina também pode ter muito a aprender com o aluno, e nem sempre o ensinamento é válido, completamente verdadeiro ou actualizado…) Mas devo dizer que sou bastante crítico em relação a algumas destas dinâmicas, porque, por exemplo, apostam em modelos bastante antiquados e às vezes demasiado hierarquizados (o que significado, entre outras coisas, sempre pedestal para alguns “gurus”). Simplesmente, em relação a muitos destes círculos, não me convencem minimamente, são meras cópias de outras coisas que já existiam (como a maçonaria e outras do género), com algumas diferenças e inovações à mistura, mas mais fogo-de-artifício que outra coisa, embora até admita que aqui e ali possa haver alguma experiência mais interessante em termos de certas vivências, informações e conhecimentos.

E porque estamos a comentar coisas que provêm de correntes mais esotéricas, ou místicas, há quem pense que, por exemplo, o fenómeno OVNI deve ser investigado seguindo uma determinada abordagem, e não devemos misturar especulações ou informações provenientes destas correntes. De certa forma, eu até entendo a preocupação dessas pessoas, a intenção é valorizar o fenómeno, dar algum critério ao seu estudo, e não deixá-lo cair no descrédito, coisa que por vezes ocorre, apesar dos esforços e, na minha opinião, alguns avanços conseguidos perante o público.

Mas, tendo tudo isso em conta, eu penso que não deixa de ser importante recolher todas as perspectivas acerca do fenómeno (mesmo que seja apenas do ponto de vista de uma Sociologia, História, etc), é certo que vamos encontrar muita coisa, uma boa parte não será verdade, mas outras talvez sejam! Tudo isto é feito independentemente de acreditarmos em x ou y.  

No entanto, e reconhecendo a importância de cada um escolher diferentes caminhos (esotéricos ou não), diferentes pontos de partida na tentativa de se aproximar do fenómeno (sejam OVNIS/OVETS ou outro tipo de fenómenos) porque isso só nos enriquece, o meu entendimento pessoal, a minha sensibilidade pessoal sobre o assunto é que devemos primeiro partir de bases iniciais que sejam mais ou menos sólidas, simplificadas ao máximo, e só depois partir para especulações ou informações mais complexas. E isto não é nada fácil, porque, durante esse processo, podemos, por exemplo, eventualmente classificar certos testemunhos e depoimentos como sendo menos relevantes dentro de um amplo contexto, correndo o risco de estarmos a ser injustos ou errados, mas se não o fizermos, iremos adensar a confusão, uma vez que frequentemente a informação acaba por ser bastante contraditória… e torna-se por isso imperativo estabelecer prioridades!


Esoterismo, espiritualismo, ocultismo, metafisicas e questões fundamentais: Escolas esotéricas e círculos ocultistas

Nota: Este artigo não tem como função denegrir um grupo em particular, não se destina a ninguém em particular, é apenas uma análise geral, resultante de uma perspectiva pessoal acerca destes assuntos. Não tenho qualquer tipo de aversão a estes temas, apenas tenho o meu ponto de vista que é sempre limitado a este momento e etapa da vida.

A informação relacionada com estes temas é por vezes bastante complexa e pede-nos para assimilar muita coisa ao mesmo tempo. Na minha opinião, para incorporar determinas coisas e aceitá-las (seja qual for a temática escolhida), dando-lhes prioridade em relação a outras, primeiro é preciso haver um critério. Com toda a certeza, algumas destas pessoas ligadas ao ocultismo e esoterismo, têm o seu próprio critério (que provavelmente diverge do meu), porque cada um tem o seu próprio critério. Já para não falar das diferentes experiências de vida de cada um, e diferentes impressões/intuições que as coisas provocam em nós.

Em primeiro lugar, considero que este assunto das escolas esotéricas é sempre um tema interessante (assim como qualquer outro assunto relacionado com o desconhecido e os mistérios), por várias razões, independentemente de acreditarmos ou não em todas as informações. Portanto, eu vejo tudo isto com interesse, não tenho uma postura completamente fechada, também não considero que estes círculos/sociedades/grupos são completamente inúteis, mas simplesmente servem mais para uns do que para outros…

Até poderíamos dizer que a complexidade não se limita apenas a estes assuntos esotéricos, pois a própria ciência, por exemplo, para além das óbvias diferenças, tem também áreas bastante complexas.

Considerando algumas excepções, a complexidade da informação (assim como alguns supostos segredos) costuma ser a norma dentro deste tipo de escolas esotéricas/iniciáticas, até porque costumam ser doutrinas sincréticas. Claro que o sincretismo não é necessariamente mau, mas muitas vezes, em vez de simplificar (o que seria sempre melhor), dá lugar a uma acumulação de informação de enorme complexidade, um conjunto de diferentes assuntos que são às vezes misturados de forma confusa. E com isto não quero dizer que tudo seja falso, não é isso! Mas há coisas que deixam muitas dúvidas e também associações que são feitas e interpretações que parecem não ter uma base suficientemente sólida (não vale a pena agora entrar em pormenores).

Para além disso, há sempre algumas divergências de opinião: uns defendem umas coisas, outros defendem outras e, curiosamente, todos (uma boa parte, melhor dizendo) afirmam serem os possuidores da verdade, aliás isto não é exclusivo do esoterismo, porque, até já nem falo das religiões tradicionais, mas se tomarmos como exemplo os centros espíritas (doutrina de Kardec), iremos encontrar pontos em comum, naturalmente, mas também algumas divergências: uns dirão que são melhores, que são mais sérios, que trabalham melhor e de forma mais segura do que outros, etc.  

Para ser sincero, vejo muita presunção e vaidade nalguns destes supostos iniciados, mestres e afins. Fico com a sensação e acredito que, na verdade, muitos não sabem nada, simplesmente repetem aquilo que leram e ouviram de outros, apenas isso! Às vezes fico também com a sensação de que são mais mestres aqueles que nada sabem sobre grandes teorias, são mais mestres aqueles que demonstram na prática, no dia-a-dia, nas coisas simples da vida, deixando um impacto na vida dos outros, às vezes até passando desapercebidos. Esses são os mestres, esses são os sábios! Esses não sabem nada de grandes teorias esotéricas, mas conseguem dar o exemplo de forma genuína e espontânea nas coisas mais simples, no mais essencial.

É evidente que também podemos encontrar boas pessoas nesses círculos esotéricos, estão realmente interessadas em tornarem-se melhores pessoas, pretendem desenvolver certas qualidades, etc, e pessoalmente, acredito que os fenómenos psi existem e pode até ser possível desenvolver certas capacidades e provocar certas experiências, etc. (mas se alegarmos determinadas coisas, depois temos de as provar, ou então mais vale ficar calado!). As pessoas podem meditar e fazer montes de coisas, tudo bem quanto a isso! Embora talvez até muitas dessas coisas nem sejam estritamente necessárias ou essenciais… E que haja muitos aspectos que desconhecemos, pois com certeza, o Universo é um lugar grande e a consciência um mistério.


Em relação a alguns “Gurus”, muitos até escreveram livros e tornaram-se famosos, escreveram coisas realmente interessantes, profundas até, mas depois a sua vida pessoal e as alegações que faziam deixam bastantes dúvidas em relação à sua seriedade… Para escrevermos coisas interessantes não necessitamos de ser perfeitos, mas por vezes convém estar atento e discernir bem.


quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Esoterismo, espiritualismo, ocultismo, metafisicas e questões fundamentais: Deus, religião, Bíblia e ateísmo

Se quisermos aceitar a possibilidade de “Deus”, enquanto experiência, existir, então, na minha opinião, talvez possamos dizer duas coisas: Por um lado, “Deus” precede a religião; por outro, “Deus” tem sido uma construção mental, social e cultural, tendo sido moldado de várias maneiras e feitios, adquirindo características bem humanas, antropomórficas. Podemos dizer que o Homem (certos homens) criou uma entidade suprema à sua semelhança.

Podemos dizer que em certos casos houve um aproveitamento e arranjo por parte das religiões? Sim, sem dúvida! Mas isso não invalida a existência dessa realidade. Aliás, isso pouca importância tem, porque, para algumas pessoas, essa experiência foi demasiado real, as nossas palavras não a podem descrever convenientemente (existe essa dificuldade), ultrapassa a nossa limitada compreensão, nenhuma religião pode “raptá-la” apenas para si própria, e muito menos reivindicar exclusividade e privilégios especiais, porque tudo isso são apenas simples pormenores, poeiras triviais dentro de uma ampla realidade. É importante lembrar que nós não conhecemos toda a realidade…

Essas experiências são coisas do passado? Não! Essas pessoas estão aí, elas existem! Atravessa todas as culturas, idades, nível cultural, económico, tanto faz ser ateu, religioso ou outra coisa qualquer, ninguém fica de fora! Mas como podemos provar que eles não estão iludidos?! Dizem todos a mesma coisa?! São questões importantes, mas devemos ter cuidado com a ânsia em provar seja o que for, muito menos converter desesperadamente as pessoas a isto ou aquilo. Contudo, isso não significa que não seja importante estimular e conceder espaço para a partilha e estudo de certas experiências, e também não significa que não haja mensagens importantes!

Por exemplo, sobre a Bíblia, e no que diz respeito às críticas que o livro tem recebido, apenas posso dizer o seguinte: eu não me considero um especialista da Bíblia, nem para lá caminho, e até duvido que eu seja especialista de alguma coisa, mas, no que toca à Bíblia, principalmente o antigo testamento (mas não só), é certo que podemos encontrar coisas e situações que hoje nos parecem erradas e até horríveis. Mas não nos podemos esquecer de que a Bíblia constitui um conjunto de textos, que foram escritos por diversas pessoas (com diferentes naturezas e personalidades), em diferentes épocas e contextos, e onde podemos encontrar História, mitos, lendas, sabedoria, filosofia, visões, crenças, uma determinada linguagem, normas culturais, etc, ou seja, um conjunto de aspectos que se juntam todos num só livro (ou livros). Daí a sua riqueza, independentemente da leitura ou interpretação que cada um possa fazer. E no que concerne a interpretações, isto nem sempre é assim tão simples, pois, segundo alguns teólogos, torna-se necessário contextualizar e não cair no erro de realizar interpretações literalistas. Depois também existem várias formas de interpretar certos textos. Há suficiente simbolismo presente e, para alguns, torna-se possível fazer uma ponte com outras correntes de cariz mais esotérico, no sentido de encontrar semelhanças em termos de sentido e mensagem, embora, como sabemos, nem sempre existe unanimidade. Por isso, em grande parte, depende sempre um pouco do tipo de leitor e das suas predisposições.

Na minha opinião, e não sendo minha intenção fazer proselitismos, este tipo de textos precisam sempre de filtros, os tais filtros culturais, é necessário tentar pelo menos tirar as “vestes culturais” e ver a parte nua que se esconde por detrás. A Bíblia não contém a verdade, a Bíblia (assim como outros textos) contém perspectivas dessa verdade, e nem todas são perfeitas. E embora possamos dizer que o Deus abraâmico (conceito que pouco se assemelha à visão taoista, por exemplo) é o deus do livro todo, se repararmos, isso não é bem verdade porque podemos notar que esse Deus vai mudando, vai até evoluindo… (pessoalmente, preferiria usar outra palavra em vez de Deus, talvez diria que é uma realidade experienciada por algumas pessoas, não necessariamente aquelas que escreveram os textos… E nem sempre experienciada, mas, não raras vezes, simplesmente intuída e misturada com bagagens culturais).  

Por exemplo, podemos encarar o dilúvio como uma história baseada em factos, uma vez que podemos encontrar mitos de dilúvios um pouco por todo o lado…

Outro aspecto a salientar é a tradução. As traduções podem alterar o sentido de certas frases. Isso tem sido abordado também.

Pode até ser um cliché, mas também gostaria de dizer que, embora haja diferenças entre as religiões (sim, essas diferenças existem), é bom lembrar que, lá no fundo, todas falam do mesmo e todas partilham a mesma raiz, pelo menos essa é a minha visão. Por isso, é pena que algumas pessoas, sendo fiéis de determinada religião, não consigam tomar consciência disso, e como resultado, temos as consequências que todos conhecemos. Apesar de alguns esforços relacionados com ecumenismo, diálogo entre religiões, etc. A ciência (ou ciências) também não tem de estar completamente de costas voltadas para a religião, e nesse sentido têm sido realizados também alguns diálogos, até com o budismo, por exemplo, o que me parece interessante. Sem esquecer que a religião não é a única fonte de espiritualidade, digamos assim, existem outras tradições, filosofias, práticas e sistemas, até mesmo a própria literatura, etc…  

Quanto ao ateísmo, tema que surge muitas vezes associado à religião e à crítica às religiões, apenas tenho (e temos todos) de respeitar as ideias, filosofias, e crenças de cada um, sejam essas ideias partilhadas por ateus ou não. Contudo, posso e devo dizer que assim como existe o tão amplamente falado radicalismo, fanatismo ou fundamentalismo religioso, também existe o fanatismo e o radicalismo ateu. Por isso, é bom alertar as pessoas para este facto, porque muita gente pensa que os radicais apenas estão do lado da religião… Já sabemos que os ateus, em princípio, não saem por aí a matar ninguém, seu modus operandi é distinto, assim como nem todos os fundamentalistas religiosos matam pessoas…  

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Esoterismo, espiritualismo, ocultismo, metafisicas e questões fundamentais: O absoluto e as experiências desagradáveis

Dentro de uma determinada perspectiva espiritualista, uma das afirmações que muitas vezes surge refere que o ser humano é o único culpado do seu sofrimento, sendo, por isso, totalmente responsável pelas suas vivências e experiências. E, quanto esta afirmação, queria apenas partilhar o seguinte:

Se o ser humano é o único responsável pelo seu próprio sofrimento, então também tem de ser o único responsável pelo seu próprio prazer e felicidade. Podemos até admitir que o sofrimento (que pode assumir qualquer forma) serve um propósito, mas desejamos amenizar esse sofrimento, ou mesmo eliminá-lo do nosso caminho e por razões óbvias! Não irei falar da forma de o eliminar do nosso caminho, isso já é um outro tema (e complexo), apenas irei comentar o facto de sermos ou não inteiramente responsáveis. E, dentro de uma determinada perspectiva (que, admito, pode até ser equivocada ou até ingénua), penso que apenas somos parcialmente responsáveis.

Partindo do princípio de que existe uma realidade fundamental, absoluta, que é, para uns, pessoal e, para outros, impessoal (ou ambas as coisas ao mesmo tempo), sendo, a um nível básico, da mesma natureza que nós somos, e assumindo que o ponto de partida é a consciência (somos, em primeiro lugar, seres conscientes), então esse princípio absoluto tem de ser algum tipo de consciência.

Nós, enquanto seres conscientes, somos parte de um todo que se experiencia a si próprio através de vários estados e situações. Neste sentido, não temos uma consistência absoluta, não somos totalmente independentes, estamos sujeitos à mudança, somos um fluir, não somos seres estáticos, ao contrário dessa fonte primordial, digamos assim. Na realidade, somos uma ficção, uma experiência. Esta é a verdade aceite por muitos (com mais ou menos metáfora pelo meio).

E, dentro desta ideia, irei cometer, na visão de alguns, uma espécie de sacrilégio, blasfémia, embora, na minha opinião, fazer perguntas não se trata de nenhum acto malvado ou falta de respeito! Mesmo tendo algum conhecimento de conceitos, doutrinas, filosofias, esoterismos vários, mesmo sabendo que podemos sempre relativizar as coisas, tentar ver cada situação de todos os ângulos possíveis, encontrando um sentido, uma aprendizagem para cada uma delas, há uma pergunta que surge na minha mente e, como ser pensante que sou, coloco-a então desta forma: porquê escolher determinadas experiências frustrantes e desagradáveis? Mas por que raio essa consciência primordial haveria de querer experienciar coisas desagradáveis quando poderia ter decidido criar apenas boas experiências?!

Podíamos até dizer que esta questão não se coloca porque o absoluto, a derradeira realidade (um total enigma para nós) não interfere nas decisões, tudo é totalmente democrático, os seres, ou as consciências, vão gradualmente, naturalmente e espontaneamente criando a sua própria realidade à medida que experienciam as situações (e daí dizer-se que a responsabilidade é toda nossa), as coisas vão acontecendo, como se fosse um jogo, apenas isso, sem grande importância, mas depois deparamo-nos com algumas regras, ou seja, o jogo afinal tem as suas regras, mas será que elas foram sendo criadas à medida que o jogo se desenrolava, ou inicialmente já estavam planeadas?

Alguns, principalmente na India, se não me engano, dizem que o absoluto decidiu desta vez experimentar outras coisas, porque sempre boas experiências também cansam, afinal de contas um jogo que é sempre fácil não tem muito interesse, mas, mesmo assim, segundo os nossos pontos de vista, não deixa de ser algo bastante masoquista (em relação ao autor), ou até sádico (transformando a personagem numa vítima).

Portanto, o autor (e actor) é a personagem, mas a personagem não sabe que ela própria é o autor, varreu-se-lhe da memória, a personagem acredita piamente ser quem não é, por isso temos de desresponsabilizar parcialmente a personagem porque, aceitando que as regras estavam montadas desde o início, não foi a personagem que decidiu as regras!


Do nosso ponto de vista, enquanto humanos e personagens, somos vítimas. No ponto inicial de tudo quanto existe, algo ou alguém decidiu! Só existe um “culpado”. Não somos completos fantoches, mas, se quisermos tomar esta perspectiva espiritualista, devemos compreender que estamos presos a uma engrenagem, a personagem vai mudando, e no ponto inicial houve um impulso, um desejo talvez, uma decisão que permitiu a possibilidade de acontecerem determinadas experiências, juntamente com algumas regras pré-estabelecidas.


quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Alternativas existem!

Seja neste ou noutros âmbitos, alternativas existem, algumas foram mais testadas e exploradas do que outras...





segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Comunismo, capitalismo, questões sociais, civilização

Na minha óptica, esse futuro desejado e idealizado é um mundo “desgovernado”, pouco importa o rótulo, comunismo ou não comunismo, anarquismo ou não anarquismo, é irrelevante, será algo com algumas semelhanças e também diferenças em relação a essas ideologias criadas no passado, trata-se apenas de progredir para um patamar melhor do que o anterior.

Dentro da tal ordem natural das coisas, o capitalismo actual (com suas vantagens e suas muitas desvantagens) tem os dias contados, mesmo que ninguém tome nenhuma opção mais radical a uma escala considerável, gradualmente o actual sistema perderá a sua força e será substituído. Isso é certo!

Resistências aparecerão, principalmente tentando virar a opinião pública contra aquilo que é inevitável. Os jornalistas muitas vezes têm de fazer o contraditório, isso é interessante, por um lado, mas também pode ser muito conveniente porque serve de escudo protector e assim ficam livres para atacar seriamente determinadas ideias que não convêm ao status quo, não deixa de ser uma boa desculpa em muitos casos…

É verdade que nós costumamos dizer que o comunismo foi tal e tal, mas, se quisermos ser rigorosos, na verdade, o comunismo (a uma escala considerável) nunca existiu! Aquilo que nós chamamos de comunismo nunca foi o verdadeiro comunismo, aquilo que nós vimos foi outra coisa (má, claro) que supostamente seria uma primeira fase, na cabeça de alguns, necessária para concretizar um objectivo final.

Em relação ao capitalismo, pois é uma guerra onde todos são soldados, logo por aí já não é bom. Ninguém pode gostar de guerras, ninguém no seu juízo perfeito pode gostar de guerras. Se nós aceitarmos que esse capitalismo é uma guerra perfeita e necessária (nem todos concordam) para atingir um determinado fim que, quanto a mim, é nobre, então podemos até aceitá-lo tendo como meta esse objectivo final. Mas o que eu vejo não é nada disso, observo precisamente o contrário, ou seja, toda esta gente que dirige o mundo, todos estes políticos, todos estes economistas trabalham, planeiam e fazem montes de cálculos para quê? Onde nos querem levar? Essa é a pergunta que devemos fazer!

Esse nosso objectivo deveria ser, entre outras coisas, a gratuitidade da vida. E isso irá acontecer mais cedo ou mais tarde, não faz falta ter dons proféticos, basta olhar e perceber certas coisas. Temos obstáculos? Com certeza! Mas esses obstáculos não se prendem com a viabilidade ou exequibilidade prática/técnica das coisas, prendem-se com outros factores... (que não são aqueles que provavelmente muitos imaginam).

Tendemos a pensar que no passado sempre era pior, pois não havia os controlos, nem a democracia ou o diálogo que existe hoje em dia, não era um mundo globalizado, não era um mundo carregado de notícias e informação a todo o momento, mas certas condições estão ainda presentes nos dias de hoje e a tragédia pode sempre estar aí ao virar da esquina. E mais uma vez voltamos a falar do mesmo: recursos naturais! (não só, mas principalmente). É lógico que ninguém no seu juízo perfeito irá desencadear uma guerra nuclear, sabemos que isso tem sido principalmente uma estratégia ou jogo psicológico de ameaça: “cuidado não brinquem connosco”, ou seja, por um lado, a guerra, a larga escala, torna-se mais difícil porque ninguém está interessado nestes cenários caóticos e prejudiciais para todos, mas as coisas às vezes levam voltas enormes e certas adversidades e condições difíceis podem levar a uma espécie de desespero…

Enquanto certas ideologias e paradigmas de civilização teimosamente continuarem, não podemos descartar por completo cenários não muito agradáveis.


Se lá chegarmos, a vida será gratuita no futuro, disso eu tenho a certeza! É a ordem natural das coisas, não poderia ser de outra maneira. Não vejo a tal utopia como uma impossibilidade, é apenas um lugar que não existe, ainda não existe (embora de certa forma já existam utopias a uma escala mais reduzida). Iremos olhar para trás (quem cá estiver), iremos olhar para estas nossas instituições da mesma forma que hoje olhamos para os homens das cavernas.  

Quando os comportamentos indesejáveis transformam-se milagrosamente em virtudes!

Sabemos que todos temos a nossa persona, a máscara social, as aparências, mas aquilo que apresentamos aos outros pode ser bastante diferente daquilo que somos realmente no íntimo! (de uma forma ou de outra, com mais máscara ou menos máscara, há sempre aspectos que apenas guardamos para nós mesmos ou para aqueles com quem temos mais confiança).

Depois temos também o aspecto da privacidade e das pessoas que às vezes parecem esquecer o significado dessa palavra, talvez a culpa seja dos Reality shows ou então são influenciados por certos comportamentos nas redes sociais onde tudo está ali, ao léu, para todos verem, tudo aquilo que interessa, claro está, porque aquilo que é incómodo, aquilo que não interessa não se vê, não aparece. Tudo isto é compreensível, mas a curiosidade do ser humano é um fenómeno que já vem de trás, pena é que não seja direccionada para coisas um pouco mais relevantes.

Podemos também, já noutro âmbito, constatar a natureza do atendimento que por vezes recebemos, ou simplesmente observarmos, e que nos faz sentir na pele uma certa hostilidade, motivada ou não por uma certa “mecânica”. Não é difícil fazer uma distinção entre, por exemplo, um sítio, local, instituição, etc, que é hostil, e outra que não é, ou que parece ser menos.

Já outros confundem liberdade com abuso. Civismo e respeito são conceitos desconhecidos, ou esquecidos, para muitas pessoas.

Apesar das muitas e inteligentes excepções que existem, há também muito boa gente que confunde com facilidade a frontalidade e sinceridade com a falta de educação, indelicadeza, inconveniência, impertinência e até boçalidade. É desconcertante, e muitas dessas pessoas, convencidas de que têm a razão, vão por aí a fora, ninguém as pára, às vezes dizem: “ O problema não é meu! Eu apenas sou sincero e frontal”. Por exemplo, também confundem genuíno interesse e simpatia com perguntas chatas, intrusivas e bisbilhotice e, pior do que isso, não sabem ler nas entrelinhas e insistem!

E muitos concordam, sim, são virtudes, mas serão mesmo?!


domingo, 30 de agosto de 2015

Esoterismo, espiritualismo, ocultismo, metafisicas e questões fundamentais: Outras realidades, Deus e ciência

Segue-se um conjunto de respostas a algumas das mais frequentes afirmações e posições acerca destes temas:

“ A ciência não admite a existência de outras realidades, a única realidade é a matéria que conhecemos”

A ciência não pode (ou não deveria) assumir posições metafisicas materialistas porque não existe nenhuma lei que descarte a possibilidade da existência de outras realidades, as leis da ciência não dizem nada a esse respeito! Para além disso, se encararmos determinada crença religiosa (ou outra) como uma mera crença, também podemos estabelecer que o materialismo é mais uma crença, e apesar de muitas vezes ser confundido com a ciência, ele nada tem a ver com a ciência, não existe nenhuma verdade científica que exclua outras realidades, visões e até interpretações da realidade (principalmente dentro do âmbito da mecânica quântica, mas não só…).

Outro facto curioso é que alguns dos principais pais fundadores da ciência foram fortemente influenciados por ideias religiosas, aliás nós podemos encontrar essas influências na linguagem e nos modelos da ciência. Esses primeiros fundadores foram influenciados pelos gregos e também pela tradição judaico-cristã: as leis da natureza, as leis da física, imutáveis e criadas por Deus desde o início do tempo, são também leis divinas, assim como as leis morais. Por isso, conhecer essas leis era ter acesso à mente, aos pensamentos de Deus, aquele que desenhou e criou tudo quanto existe, aliás, segundo alguns, Deus seria o grande arquitecto; uma concepção do tempo que é linear, ao contrário da perspectiva cíclica do tempo, que era partilhada por outras culturas; a influência também está presente no próprio modelo mecanicista, o criador e a máquina, o criador e o artefacto, portanto um mecanicismo onde Deus era uma espécie de relojoeiro. Claro que depois arranjaram maneira de eliminar o criador, estava a ocupar demasiado espaço, e ficámos apenas com um artefacto…

Confesso que há muita gente (cépticos) a dizer coisas realmente interessantes (e digo isto sem qualquer tipo de ironia), colocam questões importantes e por vezes suas críticas são construtivas, produtivas e alertam-nos para certas situações, mas também, é um facto, algumas dessas mesmas pessoas conseguem dizer coisas com as quais eu não posso nem devo concordar! Fazem generalizações abusivas e tocam em temas sobre os quais aparentemente pouco entendem, contribuindo para alimentar o preconceito e a desinformação sobre esses mesmos temas! O problema é que a maior parte dessas pessoas não são isentas (nem um pouco), todos nós temos a nossas inclinações… Os debunkers (aliás, o próprio nome já diz tudo) possuem uma ideologia particular e alguns têm sido já desmascarados pela sua falta de seriedade! Há uma agenda, essas pessoas não estão interessadas em buscar nenhuma verdade e isso é triste!

Em relação aos fenómenos religiosos/místicos, não penso que possamos afirmar de forma redutora que tudo se resume a histórias de gente perturbada, ilusões ou uma qualquer hipóxia cerebral...

“ A teoria da evolução das espécies não é condizente com a existência de um Deus criador”

Quanto à teoria da evolução das espécies, na minha óptica, a teoria não exclui a possibilidade da existência de um criador.

No entanto, se concordarmos que não faz nenhum sentido conceber um criador, isso continua a deixar espaço para conceber qualquer tipo de “criador”, mas não um criador no sentido de ser um fabricante de coisas, um artesão. Podemos então pensar seriamente numa essência profunda de todas as coisas, uma derradeira realidade, que permeia tudo, transformando-se em tudo e, ao mesmo tempo, sendo a raiz de tudo quanto existe. É uma criatividade que se manifesta (pensada por alguns, intuída e até experienciada por outros). Mas definir essa essência pode ser uma tarefa bastante difícil porque é algo que não consegue ficar restringido aos nossos conceitos, não pode ser adequadamente explicado através da nossa linguagem. Está fora do tempo e do espaço, mas é também o próprio Universo que vivenciamos aqui e agora.

Há também várias formas de olhar a realidade, podemos olhá-la de várias maneiras, mas existem três maneiras, ou tradições principais, formas de ver a realidade: a primeira encara o Universo como um mecanismo, uma máquina; a segunda encara tudo como sendo um organismo; a terceira encara tudo como se fosse uma peça de teatro. De todas estas visões, a primeira não satisfaz completamente.

“ Dizer que existem mais realidades e seres para além da matéria, tudo isso são meras especulações, suposições”

Na minha opinião, não são apenas meras suposições, elas partem de alguma base… mas, na verdade, o que não são suposições, pressupostos? Neste momento, nada me garante que eu não esteja a sonhar. A realidade da própria vida também pode ser vista como apenas uma mera hipótese porque, contrariamente ao que pensamos, tudo pode se resumir a um sonho! Quando estamos a sonhar, acreditamos que tudo é real, geralmente não duvidamos, mas depois despertamos para outra realidade, aquela que acreditamos ser a nossa e inteiramente real. Talvez seja um sonho dentro de outro sonho maior chamado vida.

“Se existisse um Deus, então não haveria lugar para o livre arbítrio”

Bem, tudo depende do conceito de Deus, talvez o ser humano não seja um completo fantoche! (para muitos, o seu conceito de Deus inclui livre arbítrio). Mas, curiosamente, alguns ateus defendem que o livre arbítrio é uma ilusão…


Em relação a este e a outros assuntos, finalizo dizendo o seguinte:


Certamente, não tenho respostas para tudo, tenho minhas dúvidas também, e com toda a sinceridade, pessoalmente, não posso dizer que tenha conseguido até agora experienciar directamente outras realidades (nunca de uma maneira suficientemente satisfatória, embora, no passado, tenha havido alguns raros episódios estranhos…), isso é um ponto importante! Neste sentido, posso dizer que sou um ignorante! Tem de haver rigor e seriedade máxima quando se abordam estes temas, sempre! Essa é a minha posição! Não invento nada nem pretendo ser leviano. Apenas posso dizer que as minhas suspeitas, digamos assim, não são motivadas por nenhum fervor religioso, mas antes pelos resultados de uma procura genuína (tento que essa procura seja neutra, embora não seja inteiramente possível, admito! Quase ninguém consegue ser completamente neutro…), alicerçada numa curiosidade e interesse pelo desconhecido, uma investigação (nunca acabada) como qualquer outra! Portanto aqui entrou pesquisa de vários assuntos, reflexão, e sobretudo, ouço aquilo que os outros têm para me dizer, escuto atentamente os testemunhos daqueles que passaram por certas experiências, embora eu sempre diga que não sou nem serei especialista de nada. Se todas estas coisas podem ser consideradas como sendo as tais evidências, é coisa discutível. Mas, cada vez mais me convenço de que a única e derradeira evidência é a experiência directa das coisas, muito mais do que argumentos, teorias ou raciocínios. Essa é a única coisa que nos pode realmente convencer, apenas a nós próprios, claro.