segunda-feira, 2 de julho de 2012

Nascemos para Trabalhar?



Sempre nos disseram que a vida é trabalho, mas o que é que existe de verdade e de mentira nisto? Se o dinheiro não fosse um problema, o que é que faríamos com a nossa vida?

Alan Watts defende (ou defendia) que a vida é espontânea e que não deveria existir uma distinção ou separação rígida entre trabalho e prazer/divertimento. Na sua visão, o trabalho, tal como a vida, deve ser um jogo e nada deve ser levado demasiado a sério. E eu até diria mais: o ser humano não foi feito para trabalhar... O trabalho surge (ou deveria surgir) dentro de um contexto em que a motivação principal, a necessidade principal é fazer aquilo que mais desejamos, aquilo que sentimos que queremos fazer, encontrar a nossa vocação (quando conseguimos descobri-la, porque nem sempre as coisas são claras). E quando alguém faz aquilo que gosta, expressa de forma natural e genuína aquilo que tem dentro de si, e depois, se for possível, aí sim, pode partilhar com os outros e/ou beneficiar os outros com o seu trabalho. Fora deste contexto, o trabalho é um peso que se carrega, é uma adulteração, ou seja, o trabalho como obrigação é uma criação das sociedades, sociedades que se desenvolveram num determinado sentido e que usam a culpa, as crises e argumentos habilidosos para escravizar-nos a certas ideias.

Hoje em dia, verificamos que também existe uma excessiva importância e obsessão em relação a títulos universitários, nomeadamente mestrados e doutoramentos (que é certo que podem ter a sua importância, mas não devem sugar-nos a todos) e, neste momento, para além de não serem garante de nada, às vezes são preferíveis boas ideias a mil títulos universitários.

Tudo isto pode até parecer utópico, ingénuo e sabemos que muitas vezes (e para uma boa parte das pessoas) é difícil de pôr em prática, principalmente hoje em dia, mas acredito que é a única maneira de podermos ser mais felizes e são reflexões como esta que nos podem salvar do caminho louco e infernal que a nossa civilização está a querer seguir (civilização do salve-se quem puder), em que, mesmo trabalhando naquilo de que gostamos, corremos cada vez mais o risco de sermos obrigados a fazê-lo da forma que menos gostamos e que menos precisamos.

Naturalmente, não nego a necessidade de uma certa adaptação às circunstâncias e ao sistema que ainda prevalece (e espero que ele tenha os dias contados) e terá de existir sempre uma forma de subsistir, mas será que vale a pena viver e trabalhar unicamente pelo dinheiro?

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