Este ano celebrou-se o centenário
das aparições de Fátima. O seguinte documentário analisa o fenómeno de Fátima
sob várias perspectivas. (em certos momentos o áudio não é o melhor mas vale a
pena ver)
A propósito do centenário, é
interessante verificar que existem pessoas que têm uma predileção especial para
menosprezar, criticar e até ridicularizar* certos temas comummente designados
de paranormais. Alguns também são muito zelosos no seu papel de detractores de
tudo aquilo que não faz parte de um certo pensamento dominante, e por vezes escrevem
artigos em revistas e jornais, para além de já terem marcado presença em
programas televisivos, embora não muito frequentemente. Depois também temos
assíduos comentadores televisivos (jornalistas e não jornalistas) cujas
opiniões pululam por aí e estes nunca se inibem de ”desancar” quando aparece
algum assunto que foge a uma certa normalidade nas mais variadas áreas, são os
defensores do status quo. Posso até estar enganado mas, curiosamente, não vi
nenhum tipo de manifestação e crítica em relação a Fátima! Algumas destas
pessoas ficaram caladas e abstiveram-se de fazer qualquer crítica sobre Fátima,
decidiram ser politicamente correctos e optaram por respeitar a fé dos outros (não
é má ideia), talvez pelo peso e importância de Fátima e da religião católica e
também devido à importância da vinda do Papa a Portugal. De repente a coerência
desaparece e abstêm-se de fazer uma crítica que seria perfeitamente natural, no
contexto da sua posição filosófica. Ou seja, ao seguirmos a mesma linha de
pensamento, teremos de obrigatoriamente considerar absurdo, cómico até, e
irracional tudo o que está relacionado com Fátima, teremos de não só criticar a
versão oficial dos acontecimentos mas também considerar um total absurdo tudo
que rodeia Fátima. Na perspectiva destes autênticos paladinos, é sempre
importante: trazer racionalidade para a sociedade, tentar educar as pessoas
dentro da ciência (a tal que dizem não ter dogmas), destruir toda a
pseudociência (só quando lhes convém e nas áreas desejadas) e combater a
superstição e o preconceito. Por isso não faz sentido este silêncio por parte de
alguns destes cavalheiros, mas pelos vistos eles especializaram-se apenas em
determinados temas…
De igual forma, também não faz
sentido alguém ser católico, aceitar as aparições de Fátima, e depois condenar
e não aceitar outras aparições semelhantes, rejeitando também outros fenómenos
paranormais, para além de condenarem outros tópicos polémicos… Haja coerência
também aqui!
Por outro lado, em relação
àqueles que abertamente criticam Fátima e têm digamos a coragem e a franqueza
de falar o que pensam, devo dizer que querer deitar no lixo todo o fenómeno de
Fátima (assim como outros fenómenos) é, do meu ponto de vista, um erro e uma
ingenuidade. Podemos reflectir sobre muita coisa e criticar a versão oficial,
podemos até criticar algumas dinâmicas e aspectos que sucedem ali actualmente.
Contudo, devemos sempre abordar o assunto com seriedade e honestidade
suficiente porque temos perante nós a oportunidade de explorar não só a mente
humana mas também outros aspectos, possibilidades e até hipóteses. Neste
sentido, torna-se essencial olhar Fátima (e não só) para além da religião (e
seus dogmas) e reconhecer que também existem benefícios (talvez não para todos,
mas para muitos). E, principalmente, independentemente da interpretação, não
podemos negar que algo aconteceu ali no início do século passado!
*Neste aspecto, a ridicularização
pode trazer uma consequência automática: a inibição! Isso leva a que muitas
pessoas se inibam e não apresentem o seu testemunho quando o consideram
relevante, ou então pensarão duas vezes antes de contarem as suas experiências.
Por isso é sempre importante haver associações, grupos de pesquisa,
investigadores sérios e de bom senso, e jornalistas especializados neste temas (jornalistas
é coisa rara de se ver nos meios convencionais) para que estes testemunhos
possam ser de certa forma protegidos e compreendidos.
Para além disso, não menos
curioso é o facto de haver duas posições aparentemente incongruentes (em geral,
não apenas no que diz respeito a estes temas): a sociedade (ou pelo menos uma
parte dela) não aceita e publicamente censura determinadas abordagens e comentários,
sabemos inclusivamente que legalmente pode haver consequências para quem
agredir, ofender, difamar e tentar humilhar os outros, e às vezes verificamos
até um certo extremismo politicamente correcto que é manifestado quando se toca
nalguns tópicos; Por outro lado, por vezes assistimos a uma completa aceitação
de abordagens e comentários com características semelhantes a, por exemplo, certas
formas de bullying, e a defesa desses comentários é ainda mais notória quando
certos indivíduos não nutrem qualquer interesse pelo assunto ou quando são até
extremamente críticos em relação aos temas em questão.
Portanto, às vezes basta alguma
coisa ser dita por um humorista, ou vir protegida pela capa de um simples
programa humorístico, e aquilo que noutro contexto poderia ser criticável,
condenável e censurável torna-se milagrosamente mais aceitável, e depois alguns
usam todo o tipo de argumentos à disposição para convencer os outros de que afinal
não há nenhum problema porque isto é apenas humor, nada mais! Claro que
programas de humor são sempre bem-vindos, cada caso é um caso, diferentes
pessoas podem ter diferentes opiniões, a análise e o impacto depende de muita
coisa, mas a verdade é que as consequências podem ser igualmente más, ou até
piores, para aqueles que são alvos de troça num contexto de um programa de
humor e afins.
E o mais diria cómico é quando
vemos que determinados humoristas deixam sempre certos temas e grupos intactos
(ou então são mais brandos com estes), as piadas são selectivas ou debruçam-se
mais sobre certos assuntos deixando outros de fora. Uma das ditas funções do
humorista é a crítica social, a qual deveria ser inteligente e totalmente abrangente,
contudo parece-me óbvio que de repente tudo ganha contornos estranhos e
tendenciosos…Mas não precisamos de humoristas para nada porque um simples
comentador, uma simples reportagem ou uma simples entrevista pode, por exemplo,
dar cabo da reputação de muita gente (e já deu).
Dito isto, viva a liberdade de
expressão, sou todo a favor do humor, e gosto sempre de recordar aquele ditado
suponho que brasileiro: “pimenta no traseiro do outro para mim é refresco”…