domingo, 29 de julho de 2012

Vitamina D


Hoje em dia, em geral, verificamos que o estilo de vida tornou-se desligado da natureza e dos seus ciclos. Embora saibamos que não podemos controlar absolutamente tudo e que a doença pode sempre aparecer, um estilo de vida equilibrado e saudável é determinante na promoção da saúde e prevenção da doença. Entre outros factores, o stress (imposto ou não pela sociedade), a falta de exercício físico regular e equilibrado, uma má dieta, respirar ar de pouca qualidade e uma reduzida exposição ao sol podem predispor-nos para situações menos boas. De facto, um bom estilo de vida pode ser uma das maneiras de reduzir as despesas da saúde.

Dentro desta perspectiva, gostaria de falar sobre a importância da vitamina D.

Benefícios

A Vitamina D poderá ser obtida através dos alimentos (em pouca quantidade), suplementos ou através da exposição ao sol.

A vitamina D age como um regulador do organismo e possui vários benefícios. Parece prevenir e ter um efeito positivo na diabetes, gripe, hipertensão, doenças ósseas, osteoporose, arteriosclerose, cancro, doenças do sistema imunitário, etc. Juntamente com a luz do sol, a vitamina D também tem um efeito sobre o humor das pessoas.

No inverno certas condições de saúde pioram e, por exemplo, estudos demonstram que certas doenças auto-imunes verificam-se mais em localidades distantes da linha do equador, o que mostra que isso se deve à diminuição da radiação solar e a uma menor produção de vitamina D. 

Controvérsia em relação à exposição solar

A exposição ao sol desencadeia a produção desta vitamina na pele, mas, devido aos efeitos nocivos que a radiação pode ter na nossa pele, fomos incentivados a utilizar protectores solares que bloqueiam os UVB, a radiação que estimula a produção da vitamina D pelo organismo.

Portanto, se não quisermos tomar nenhum suplemento alimentar, torna-se necessário estabelecer uma relação entre benefício e risco e pensar numa exposição solar segura e equilibrada. Mas, o que não devemos fazer é continuar a ter uma visão reducionista das coisas. O problema é que muitas pessoas desta área perdem a visão holística das coisas… Por isso, o sol também é necessário e, na minha opinião, toneladas de protector solar podem não ser muito boa ideia! Para além disso, os protectores solares não são totalmente eficazes…

Segundo as pesquisas, expondo uma boa parte do corpo ao sol, 15/20 minutos chegam para produzir uma quantidade adequada de vitamina D. E, se evitarmos as horas de maior radiação, não faz sentido colocar protector solar. Penso que a moderação é a chave para muita coisa e, neste caso, aplica-se bem. Podemos dizer que o corpo é sábio, ele sabe quando estamos a exagerar e avisa-nos, muitas vezes só é preciso estar atento.

Segundo parece, a maior parte das pessoas tem uma deficiência de vitamina D, mas a preocupação está sempre muito vocacionada para vacinas e afins, porque, verdade seja dita, são coisas muito mais lucrativas!

Depois há outra situação curiosa, as entidades oficiais recomendam apenas 200 a 600 UI de vitamina D. No entanto, em poucos minutos de exposição solar, conseguimos produzir entre 4000 a 10 000 UI de vitamina D, segundo algumas pesquisas recentes.

Nota: Caros leitores, não me responsabilizo pelo que possam vir a fazer. Cabe a cada um avaliar e verificar a veracidade destas informações e decidir conforme aquilo que achar melhor.









sábado, 28 de julho de 2012

Bibliografia relativa ao Portugal Misterioso


Portugal Misterioso, uma edição das Selecções dos Reader`s Digest : Um livro que, cumprindo critérios rigorosos, apresenta alguns dos principais temas relacionados com o mistério em Portugal. Desde a Maçonaria em Portugal até aos Templários, passando pelo Sebastianismo, Astrologia, Espiritismo, Ovnis, Esoterismo na arte portuguesa, Tarot, mistérios do Pessoa oculto (Fernando Pessoa), artes divinatórias e curas tradicionais.


A Descoberta do Brasil - Fruto do Persistente Plano Templário e do Génio de D. João II, Editora Ésquilo

De Outros Mundos- Portugueses e Extraterrestres no Séc. XX, Planeta Editora

Fátima. Nos Bastidores do Segredo, Âncora Editora

Aparições de Fátima e o Fenómeno OVNI, Editorial Estampa

Lugares Mágicos de Portugal e Espanha, Editora Ésquilo

Dos Templários à nova Demanda do Graal, Editora Ésquilo

A Alma Secreta de Portugal, Editora Ésquilo

Portugal – Terra de Mistérios, Editora Ésquilo

Os Templários na Formação de Portugal, Editora Ésquilo

Grandes Enigmas da História de Portugal, Editora Ésquilo

Lugares Inesquecíveis de Portugal – Viagens com Alma, Editora Eranos

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Natureza, Clima, Homem, Poluição e Direitos dos Animais


É incrível! Parece que este tipo de ser humano não consegue fazer nada sem destruir a harmonia natural que o rodeia e sem provocar sofrimento desnecessário nas outras espécies.

Recentemente, passei por uma área que é protegida e o pessoal continua a mandar garrafas, pontas de cigarro e lixo para lá. Já foi muito pior, mas há coisas que nunca mudam… Continuam a não respeitar a natureza, continuam a sujar tudo e somos a única espécie (que eu saiba) que é capaz de matar outros animais por prazer e desporto. É lamentável e, sinceramente, não entendo como é que alguém pode ser capaz de provocar sofrimento e tirar a vida a um animal completamente formado quando não existe uma real necessidade. Com as devidas excepções, as pessoas que se dedicam à caça e à pesca não o fazem para se alimentarem e sim por um sadismo estranho, caso contrário iriam ao mercado ou ao supermercado buscar o alimento e ponto final.

Reproduzimo-nos descontroladamente, destruindo e levando à extinção tudo à volta, como se fossemos uma praga! Depois, algumas pessoas ainda têm o desplante de vir falar em valores humanos e éticos e há quem fique muito aflito com certas coisas, tais como o aborto (não me vou pronunciar em relação a isto, já é um outro tema) e outras situações moralmente reprováveis (algumas, na verdade, até sem importância nenhuma), mas, ao mesmo tempo, aceitam que se faça gato-sapato das outras espécies. Aceitam também outras ideias e filosofias estranhas e, no final, dizem-se religiosas, quando uma coisa não bate com a outra, mas enfim...

A verdade é que nem conseguimos respeitar a nossa própria espécie... É tudo fachada e hipocrisia total. Um dia vamos levar forte, a recompensa vai chegar e depois, infelizmente, pagam uns pelos outros.

Algumas pessoas dizem que o planeta grita pela nossa ajuda, mas isso não é verdade. Com a excepção de algumas espécies que podem vir a desaparecer, não é o planeta que precisa de ajuda, nós é que precisamos de ajuda! O planeta recupera sempre, já passou por muita coisa e a vida volta sempre a florescer. Nós é que corremos sérios riscos de ir de vela. 










sábado, 21 de julho de 2012

Sintra: Quinta da Regaleira


Dedico esta publicação à memória do professor José Hermano Saraiva (e a mais alguém…), historiador que faleceu ontem aos 92 anos. José Hermano Saraiva, apesar de ter tido algumas opiniões polémicas e ter sido alvo de algumas críticas devido à forma como apresentava a História, foi um excelente comunicador e divulgador da História de Portugal. Tinha o dom de captar a atenção das pessoas pela sua forma de comunicar (coisa que muito académicos e eruditos não têm), contagiando-nos com o seu entusiasmo e estimulando em nós a curiosidade pela História ou Histórias (porque existem várias versões da mesma). 

A História possui também muitos mistérios e, desde que não haja nacionalismos exacerbados, pode servir (e serve) para tirar lições, entender e tomar conhecimento dos ciclos existentes nela e prever (ou tentar prever) o futuro. 

Pensei em criar uma nova etiqueta com o título: “Portugal Misterioso” e, embora não seja adepto de esoterismos muito complicados e secretos, pensei em começar por colocar algo sobre a Quinta da Regaleira. Acho que o professor já fez um programa sobre isso, mas, como não encontrei nada na internet, decidi colocar outro vídeo. A Quinta da Regaleira localiza-se em Sintra e foi classificada como Património Mundial pela UNESCO. É um local enigmático, carregado de simbolismo e está associado a temas místicos e esotéricos.


terça-feira, 17 de julho de 2012

Deus, Ciência, Religião, Cepticismo, Crença, Dúvida e Verdade


O Problema de Deus

Não quero tomar nenhuma posição demasiado rígida e muito menos estar a defender visões demasiado religiosas ou tradicionalistas, isto serve apenas para reflectir e é uma análise neutra (tentarei que seja). Talvez seja algo que não interesse muito aos positivistas (nada de metafísicas).

A primeira coisa que posso e devo dizer, sinceridade acima de tudo, é que não faço a mínima ideia do que é que estou a falar (ou escrever), ou seja, por muitas ideias e conceitos que eu possa formar dentro da minha mente, a verdade é que não tenho a experiência directa desta realidade a que muitas pessoas chamam de Deus, palavra que com o tempo foi se tornando perigosa, pois tem servido para todo o tipo de artimanhas, habilidades, e, quanto a mim, falsas concepções acerca deste algo que não posso afirmar ter conhecimento directo. Assim como não tenho conhecimento directo desta realidade, a verdade é que também não tenho a certeza absoluta da sua existência. No entanto, ao mesmo tempo, existe sempre um sentimento, uma impressão, uma sensação interna de que esse algo é uma realidade concreta… não são coisas fáceis de abordar e discutir…

É um puzzle, um jogo, um enigma que talvez não possa ser resolvido com o intelecto, mas com uma outra faculdade qualquer, talvez uma intuição especial, quem sabe! Talvez seja uma questão de percepção ou, melhor dizendo, de mudança de percepção no sentido de se perceber um quadro maior que é a totalidade do Universo.

Outra coisa que é importante salientar, e voltando um pouco atrás, é que quando dizem que é perigoso afirmar que Deus existe quando não temos total certeza da sua existência, também podemos e devemos colocar a seguinte questão: Do que é que realmente eu tenho a certeza absoluta? Por exemplo, neste momento acredito que estou a escrever este texto, mas estarei mesmo? E se eu estiver simplesmente a sonhar que estou a escrever um texto? Neste caso, não estarei a escrever texto algum, mas apenas aparento estar e só saberei quando acordar, quando despertar do sono em que me encontro. Da mesma forma, será que essa realidade (Deus) não é muito diferente de mim? Serei eu próprio essa realidade, mas não estou consciente disso porque me encontro a sonhar? Será que eu não sou quem realmente penso que sou, mas outra coisa ou entidade qualquer? Quem sabe! Talvez a melhor palavra não seja sempre crença, mas sim convicção (para alguns) ou (para outros) apenas leve sensação, desconfiança, ou simplesmente uma possibilidade em aberto.

Existem muitos conceitos diferentes, muitos “deuses” diferentes, mas há sempre pontos em comum, ideias fundamentais que unem todos esses diferentes conceitos, o que pode ser um ponto a favor da existência desse algo. Praticamente todas as culturas antigas têm em comum uma ideia (embora muitas culturas usem uma linguagem diferente para descrever esse algo), umas talvez sejam mais bem-sucedidas do que outras, mas todas têm essa ideia desse algo. É como se essa ideia primordial fizesse parte do inconsciente colectivo da humanidade e, mesmo aqueles que se dizem ateus, no fundo procuram ou conjecturam alguma coisa, nem que seja na forma de “Big Bangs”, partículas minúsculas, etc. Toda a gente já alguma vez pensou no que seria a raiz das coisas ou a essência das coisas.

Como dizia alguém, a verdade aparenta ser uma criatividade qualquer que se manifesta. E nós só vemos as diferentes formas que ela assume, não vemos a totalidade dessa criatividade, não vemos a sua essência, vemos apenas o manifesto e não vemos o não-manifesto, porque há algo que se manifesta, mas não sabemos bem o que é. E não conhecemos todas as diferentes formas que esse algo assume, ou seja, não conhecemos todas as suas manifestações.

Mas como saber a verdade?

Talvez não seja necessário tanta obsessão em saber, talvez essa obsessão nos afaste ainda mais de conhecer esse algo. Talvez esse conhecimento venha naturalmente, espontaneamente, sem forçar. Virá quando tiver de vir! Talvez pertençamos a um organismo e esse algo é a totalidade do organismo do qual fazemos parte.

Em algumas versões, Deus é um deus pessoal, é sempre um tipo castigador com mau feitio (tal como nós, uns mais, outros menos), sempre zangado e, se não nos portarmos bem, levamos porrada. Ou então, numa versão mais light, Deus é um ser bonzinho (embora possa ter dias de mau humor), mas parece ser um Senhor injusto e incoerente para com os seus súbditos, o que repugna e leva muitas pessoas a rejeitar tal entidade, a rejeitar a sua existência. E dentro desta ultima versão, Deus surge como uma oportunidade, é alguém que se adora em troca de favores, principalmente no que diz respeito a ter acesso ao paraíso depois da morte: “ se eu me portar bem, talvez seja recompensado nesta vida e na outra”. Por isso é que eu penso que demasiadas regras morais são sempre coisas desnecessárias e artificiais, porque, para além de na prática ser difícil cumprir tudo, essas regras foram usadas por gente sem escrúpulos para dominar e exercer poder sobre os outros. E o melhor será que essa moral venha naturalmente, que seja uma coisa sincera e simples, que seja o resultado de viver de forma natural e não algo imposto por uma lista. Afinal de contas, as pessoas são boazinhas só para agradar a um deus qualquer? O melhor é serem boazinhas de forma natural, porque, por exemplo, realmente incomoda-lhes ferir os outros e não estão preocupadas com mais nada. Depois, mais vale pensar que todas as minhas acções têm consequências do que imaginar um deus qualquer que me vai julgar, castigar e oferecer-me o paraíso ou o inferno.

Tudo isto só prova que, muitas vezes, é o Homem que faz Deus à sua semelhança, ele cria um deus à sua imagem e semelhança. Não raras vezes, os conceitos que se formam e a linguagem utilizada não partem de um tipo de observação e/ou intuição que sejam desvinculadas da cultura onde se está inserido, da personalidade e de uma perspectiva limitada.

Muitas pessoas dizem: “Se Ele existe, então, por exemplo, que erga uma pirâmide e que se mostre” ou então perguntam: “Porque é que Ele é tão injusto? Porque é que Ele permite que exista tanta dor e sofrimento para uns e não para outros?” Bem, nós sabemos que a vida às vezes é complicada, mas desconhecemos muito… não sabemos porque é que realmente as coisas acontecem. Quando é que começou o nosso ponto de partida? Começou no momento do nascimento ou terá começado uma eternidade antes? E até que ponto somos responsáveis por aquilo que nos acontece? Será que o “Big boss” tem a culpa toda? Será que Ele é realmente um “Big boss”?

Acho que o facto de Ele nunca aparecer não prova necessariamente a sua inexistência, até porque a própria natureza desse algo pode ser essa mesmo, estar presente sem ser notado. É mais um problema que tem a ver com a nossa percepção, pode ser que seja uma força demasiado evidente, mas aos nossos olhos destreinados parece não existir, assim como não vemos o ar que respiramos, mas ele está lá! Será que alguns peixes sabem o que é a água ou estão conscientes dela? Pode ser uma ideia semelhante!

Um conceito partilhado por muitos é a ideia de que existe um Ser que está separado de tudo (um criador) e que vai manipular e julgar as coisas conforme lhe convém, mas, e se ele não criar nada, mas sim transformar-se nas coisas? (“Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”- Lavoisier). E se não houver essa separação? E se aquilo a que chamamos de Deus for a totalidade do Universo, a totalidade de um organismo no qual tudo está interligado e nada pode ser totalmente independente?

Não me cabe a mim vir para aqui com doutrinas, converter pessoas, seja o que for, até porque eu não possuo a verdade absoluta, não estou ligado a nenhuma religião, não tenho partido, sou completamente livre para pensar aquilo que eu quiser e, embora tenha algumas convicções próprias, posso dar-me ao luxo de reavaliar muitas das minhas ideias sem ficar demasiado preso a nada.

Ao longo da minha vida fui pesquisando, lendo várias religiões, tradições antigas, filosofias, lendas, mitos, testemunhos e, juntamente com alguma experiência pessoal, fui formando uma ideia sobre estes temas (as ideias e conclusões a que cheguei são partilhadas por muitas mais pessoas). E uma coisa curiosa é que existe uma linha comum a todas essas tradições e religiões (ocidentais e orientais), ou seja, há ideias que se repetem e que nos fazem sentir que existe uma raiz comum, embora assumam linguagens diferentes. Por exemplo, quando Jesus falava no reino dos céus, possivelmente estaria a referir-se àquilo que no oriente se chama de nirvana. E, cruzando e comparando diferentes tradições e religiões, podemos encontrar muitas mais semelhanças.

As perguntas e dúvidas (até as críticas) que muitas pessoas colocam fazem todo o sentido e realmente parece que não há muita lógica em muitos destes assuntos mais religiosos ou místicos. Mas existe sempre uma interpretação que pode dar algum sentido a todas estas histórias. Resumindo muita coisa, uma possível interpretação e, na minha opinião, bastante coerente até, é a seguinte:

Não só Jesus é filho de Deus, como toda gente é, e a palavra filho continua sendo uma metáfora, porque na verdade não há separação. Nós somos manifestações de Deus e, como tal, somos o próprio (“vós sóis deuses”), mas como permanecemos num estado letárgico ou de sonho, não estamos conscientes disso, é como se fosse uma amnésia temporária e o que Jesus atingiu, toda a gente poderá atingir, assim como outros atingiram, como Buda, etc. Daí não fazer muito sentido grandes adorações e idolatrias, porque no fundo somos todos iguais. A missão dessas pessoas não era tanto provar que existe um Deus algures, mas sim libertar a mente das pessoas, acordá-las do sonho em que estão e fazê-las ver quem realmente são. A única diferença entre essas pessoas e a maioria de nós está na consciência, eles estão numa fase mais adulta e nós numa fase mais infantil, por isso eles têm (ou tiveram) acesso a recursos e a um potencial que a maior parte de nós não tem. Mas convém dizer que para obter esse poder e consciência, isso implica mudanças profundas que podem também ser graduais. Todos nós estamos apegados a certas coisas e, para ter acesso a essa fonte, é preciso prendermo-nos apenas com o essencial. Há todo um estilo de vida e comportamentos a serem mudados e isso pode não ser muito fácil… (certa sabedoria antiga fala em “estar alinhado com a ordem natural das coisas” ou “seguir a ordem natural das coisas”) e, naturalmente, vai depender da fase onde se encontra cada um. Por isso, essas pessoas podem ter feito aquilo a que chamamos de milagres, podem ter interferido no plano físico, embora o principal objectivo não fosse esse. Cristos ou Budas poderão não se encontrar ao virar de cada esquina, como é lógico, mas todos nós carregamos essa semente dentro de nós. Então, Deus, que na verdade não tem nome e não é propriamente um deus (no sentido tradicional), não é algo que manda em tudo de forma tirânica, mas dá liberdade para que tudo siga sua própria natureza e não precisa de provar seja o que for, porque a sua natureza não é essa. Ele não precisa de erguer pirâmides, porque Ele é tudo o que existe, tudo é uma manifestação dele e Ele já está dentro de nós e não somente fora. É algo tão misterioso que não conseguimos compreender totalmente através da nossa mente comum, ou seja, não pode ser apreendido intelectualmente, mas sim através de uma intuição especial que se cultiva. Não tem nome, não tem forma, mas é ao mesmo tempo a fonte de tudo e a ordem natural das coisas. Ele actua através de todas as suas manifestações e o ser humano é uma delas, por isso não existe essa separação completa. O problema é um problema nosso e não de Deus, são as personagens da história que têm de tomar consciência de que afinal elas são o actor da peça, têm de tirar a máscara.

Outra ideia que aparece muito é a de um ciclo em que há um eterno retorno a um ponto de origem ou a um estado fundamental e essencial (o não-manifesto). E, na realidade, a natureza visível é feita de ciclos que, de certa forma, imitam esse ciclo mais místico, como se fosse uma espécie de reflexo de algo mais profundo, digamos assim. É como se tudo fosse um jogo de criação, ou, melhor dizendo, transformação constante.

Por isso, estando quase tudo dito, na minha opinião, o que está errado são os conceitos que se fizeram sobre Deus, as interpretações, e é importante perceber que a linguagem que se usava nos tempos antigos, hoje não pode ser a mesma. Era a linguagem possível que se usava naqueles tempos para que o povo pudesse compreender e muitas coisas não podem ser levadas à letra (para que eles pudessem compreender determinadas coisas, usavam-se analogias com a vida diária deles).

Acredito que existem limitações e que não podemos fazer exactamente tudo ou mudar tudo o que queremos quando queremos, mas partir do pressuposto de que todo o ser humano tem um potencial dentro de si e que, por uma ou outra razão, não está desenvolvido, a mim não me parece uma ideia muito louca.



Ciência e Cepticismo

Não quero desvalorizar de forma alguma a ciência, porque, como é evidente, a ciência é e tem sido necessária. Apenas quero falar em alguns defeitos que existem na ciência e, no que diz respeito ao cepticismo, penso que uma certa dose de cepticismo é até saudável, pois não podemos acreditar em tudo, mas às vezes também verificamos posturas fundamentalistas no cepticismo.

Há quem diga que a ciência é um dogma e outros dizem que ela também pode ser vista como uma religião, porque é sempre tao rígida nos seus métodos (ou no seu método), não permitindo e aceitando que possam existir diferentes abordagens. Confesso que certas atitudes de certos membros da comunidade científica não me agradam muito. São demasiado rígidos, arrogantes e com a mente completamente fechada, completamente formatados num determinado sentido. E não andam muito distantes de uma inquisição, embora possuindo outras armas e métodos. Uma coisa que a História muitas vezes nos ensina é que aqueles que foram vítimas no passado, tornam-se os agressores no futuro (não é uma regra absoluta, mas acontece). Os cientistas foram perseguidos no passado pela religião e agora alguns comportam-se de forma similar em muito sentidos. Fecharam-se em seus grupinhos ou comunidades e tornaram-se elitistas, detentores de poder e influência na sociedade, transformaram-se em autoridades e cuidado! “Que ninguém se meta no nosso caminho!” Assistimos hoje em dia a uma “peritocracia” que, não raras vezes, assume demasiado controlo e já tivemos muitos exemplos disso. Em certos casos, não aceitam opiniões vindas de fora ou opiniões vindas de outras áreas do conhecimento.

Fui educado, tal como tantas outras pessoas, a aceitar sem reservas tudo o que vem da ciência oficial e a ver o seu método (ou métodos) como o melhor e talvez o único existente. Mas, mais tarde, apercebi-me que talvez as coisas não sejam bem assim…

Uma situação recorrente é que quando surgem novos paradigmas e teorias (vindas de fora ou de dentro da comunidade), alguns nem esperam nem dão o benefício da dúvida e partem logo para o ataque. Novas evidências poderão chegar em breve, mas não há tempo a perder e as novas teorias são imediatamente atacadas e o seu proponente é completamente passado a ferro e alvo de ataques pessoais, tal é o medo que alguns têm de perder o controlo das coisas e de estarem enganados nas suas visões. É uma coisa que já é antiga: o poder corrompe e estraga as pessoas. Quem detém o poder ou o conhecimento, quem decide o que é verdade ou mentira, geralmente agarra-se ao poder e aos seus modelos/teorias e por vezes não quer mudanças. Tudo tem de estar dentro do seu conhecimento e controlo e, afinal de contas, “ninguém de fora pode saber mais do que eu”. E, muitas vezes, há a tendência para suprimir ou negar certas descobertas, colocando na gaveta evidências que contrariam determinada teoria que é aceite pela maior parte. Às vezes não é feito de propósito, mas outras vezes é. Isto só vem provar que também eles se tornam demasiado apegados ao dogma vigente e ao seu credo. 

Curiosamente, alguns devotos fervorosos da ciência costumam dizer frequentemente: “nós não sabemos” ou “não sabemos”, ou seja, é como se estivessem a dizer “nós não sabemos e, por isso, mais ninguém pode saber”. Mas não é “nós não sabemos”, é “eu e o meu grupo não sabemos, não conheço ninguém que saiba, mas, embora eu possa duvidar, eventualmente, alguém pode já saber, por esta ou aquela razão…”

Será que os cépticos são sempre realmente cépticos e os cientistas sempre coerentes? Vamos ver:

Ambas são atitudes extremistas: aceitar a religião, seguindo-a passivamente, sem qualquer tipo de reflexão pessoal ou, por outro lado, rejeitar absolutamente tudo aquilo que vem da religião (dei o exemplo da religião, mas podia ter dado outro). Desta forma, os cépticos extremistas, devotos da ciência ou não, parecem ser semelhantes aos fundamentalistas religiosos.

Tenho todo o respeito pelos cépticos (até porque, como já disse, não podemos acreditar em tudo e deve haver sempre algum critério), mas, em certos casos, fico com a impressão de que não é puro e neutro cepticismo, mas sim negacionismo. Há também certas incoerências nalguns desses cépticos, eles sempre atacam ferozmente determinadas coisas e depois, em relação a outras áreas do seu agrado, já são capazes de aceitar factos que não são bem científicos…talvez pseudocientíficos…usando a Navalha de Occam só quando lhes convém e sempre dentro da lógica que também mais lhes convém.

É como se de repente as pessoas que defendem determinadas ideias fossem todas umas vigaristas… Por exemplo, os indivíduos que acreditam piamente no transcendental não são necessariamente pessoas sem credibilidade e têm todo o direito de expor as suas ideias e partilhar as suas experiências. Algumas dessas pessoas até são bem formadas, por isso não é por aí… Para além disso, não são só os religiosamente científicos as únicas pessoas à face da Terra que têm credibilidade e são sérias, porque eles também se enganam, cometem erros, não possuem sempre a verdade absoluta e, como já referimos, muitas vezes até são tendenciosos.

Já ouvi algumas pessoas, defensoras acérrimas das ciências e de um determinado tipo de cepticismo, dizerem que aqueles que partem de pressupostos que não estão provados cometem erros graves e, em muitos casos, sabemos que isso é verdade. No entanto, a própria ciência também parte de muitos pressupostos que não são ou não foram provados de forma cabal e enganam-se frequentemente. Vejamos alguns exemplos:

- Em 1900, Lord Kelvin dizia: “Já não há nada novo para ser descoberto na física hoje em dia, tudo o que resta são medições cada vez mais precisas”. Enganou-se!

-Alguém já afirmou: “Nós sabemos que máquinas feitas pelo Homem que sejam mais pesadas do que o ar não podem voar”. Enganou-se!

-Eruditos que dizem que certos estados emocionais são provocados por desequilíbrios químicos no cérebro, quando sabemos que até hoje ainda ninguém conseguiu medir essas substâncias que estão presentes nas sinapses e não existe nenhum exame que possa dizer com exactidão se isso é realmente verdade, ou seja, não passa de uma hipótese, mas tem sido muito bem vendido e alimenta um bom negócio;

- Átomos? Alguém já viu algum? Claro que eu sei que alguém vai dizer que existem experiências que provam a existência dos átomos, mas o facto é que, até hoje, que eu saiba, ninguém pode dizer, sem sombra de dúvida, que tenha identificado um átomo no microscópio… E, se realmente viram algo, não será uma coisa incerta? Depois também dizem que a bomba atómica prova a existência do átomo, mas prova o quê? Foi apenas uma explosão, eu não vi nenhum átomo a sair dali disparado… Por isso, se eu quiser ser mauzinho, então vou jogar o mesmo jogo que muitos cépticos fervorosos jogam em relação a outras coisas mais ou menos ocultas, digamos assim, que é duvidar simplesmente e querer ver com os meus próprios olhos. Portanto, eu quero ver um átomo! Tal como eles dizem que outras coisas não existem, então eu também posso ter o direito de duvidar do átomo, é ver para crer, não é assim?

-Já ouvimos dizer que as profecias são coisas malucas de gente maluca que gosta de assustar os outros e em alguns casos até pode ser… E as previsões dos cientistas? Prevêem alterações climáticas catastróficas, tempestades solares violentas que podem arrasar-nos em termos tecnológicos, etc, com consequências gravíssimas, e mais uma lista de coisas “agradáveis”. Por isso, também podíamos dizer que os cientistas gostam de assustar as criancinhas e que são uns malvados, mas, como são previsões científicas, então tudo é perdoado! Mas, em relação às profecias, nós não sabemos como é que algumas surgiram…e pode ser que haja algum fundamento em algumas delas…

- Alguns cientistas mais ortodoxos dizem que é impossível fazer isto e aquilo: dizem que viajar no tempo é, em prática, impossível, porque ainda não fomos visitados por viajantes do futuro. Mas, então e se tiverem a capacidade de se tornarem invisíveis e se forem aquilo a que chamamos de OVNIs? Dizem que não podemos ser visitados por seres de outras galáxias, porque isso não é possível, partindo do pressuposto de que somos os mais espertos do Universo e de que não existem civilizações muito mais avançadas e fechando os olhos à teoria dos buracos de minhoca;

-Etc. (há uma lista enorme de coisas que abrangem quase todas as áreas)

A verdade é que nem tudo pode ser provado e reproduzido em laboratório pelos religiosos científicos. Eu reconheço à ciência muitos méritos, mas cada vez mais se vai parecendo com uma religião, com seus ilustres iluminados, muitos até intocáveis. O simples facto de algo não poder ser provado em laboratório, não quer dizer que não possa ser provado de uma outra maneira…

De qualquer das formas, não vale a pena entrar em conflito com ninguém por causa de divergências de opinião. Os diálogos devem ser construtivos e não destrutivos. O mais importante é o fascínio pelo mistério (fascínio saudável e ponderado) e aquilo que ele pode produzir.



Religião

Em relação à etimologia da palavra religião, descobri que existem duas versões: a primeira versão diz-nos que a palavra tem origem no religare (do latim), ou seja, a religião teria como objectivo religar-nos ao divino, a religião teria a função de religar o Homem a Deus ou, se preferirem, ao absoluto; a segunda versão diz-nos algo um pouco diferente, a palavra tem origem no religio que, em latim, significa “respeito” ou “reverência” e, por sua vez, deriva de relegere que significa “ler de novo” e, numa perspectiva religiosa, pode ser interpretado como algo a que se deve tomar atenção uma e outra vez, algo transcendente, muito importante e que é merecedor de culto. No entanto, em sua origem, a palavra estava mais relacionada com o respeito e reverência que os cidadãos romanos tinham (ou deveriam ter) pelas instituições que os governavam (no fundo, e em muitos sentidos, as coisas não mudaram muito…)

Não pretendo ofender ninguém com estas reflexões, sempre tentei respeitar as crenças, as opções e as verdades de cada um, mas, na minha opinião, a maior parte das religiões falharam redondamente nesse ideal de criar um ser humano melhor e, no que diz respeito às etimologias, preocuparam-se mais com a segunda versão… As religiões têm um carácter público, possuem hierarquias e comportamentos organizados, são instituições e, como tal, precisam de conservar e assegurar a sua continuidade no tempo e sempre se preocuparam em manter o seu poder, por isso não tenho dúvidas que manipularam e manipulam muita coisa, mentindo e inventando quando é preciso.

Podemos dizer que a maior parte das religiões tem: um sistema de crenças, uma cosmologia, sistemas de culto e adorações, regras morais, leis religiosas e todas elegem um determinado estilo de vida a seguir. Tudo isso, em boa parte, é influenciado e baseado num conjunto de textos sagrados que são escolhidos como verdadeiros, muitas vezes em detrimento de outros. No entanto, muitas regras morais, visões da vida e decisões são tomadas como verdadeiras e absolutas, mas com pouca base nas escrituras e, por vezes, criam-se moralismos desnecessários e fanatismos “castradores” que podem não ter muito a ver com a espiritualidade propriamente dita.

Vamos tomar como exemplo a Igreja Católica e temos de reconhecer que, tal como nas outras religiões, também tiveram grandes pensadores, místicos, personalidades de grande valor humano e ético que nos deram grandes reflexões sobre a vida, grandes introspecções e meditações que foram inspiradoras para muita gente. Outras influências que podemos considerar positivas são, por exemplo, a ajuda humanitária, acções de solidariedade social, certas obras de arte e obras arquitectónicas fantásticas (algumas totalmente desnecessárias, mas, mesmo assim, interessantes). Mas, verdade seja dita, como instituição, fizeram coisas tenebrosas e, na minha óptica, são um dos principais culpados de muita coisa estar como está... Sempre gostaram de politiquices, foram corruptos, falsos moralistas, mentiram, cometeram crimes e, durante séculos, controlaram as pessoas com base no medo e na violência e não permitiram a liberdade criativa, etc. E, como sabemos, tudo o que é imposto à força pode também acabar por levar-nos para outros extremos completamente opostos...

Depois vêm sempre com a política da esmola e da caridade (o que é bom), mas sempre se colocaram ao lado dos poderosos e ricos e nunca se preocuparam em ir à raiz dos problemas que causam essas coisas, porque, afinal de contas, quantos mais pobres e aflitos houver, melhor, no sentido em que se torna mais fácil enganar e converter fieis.

Por isso, embora eu saiba que também existem boas pessoas na religião católica e, como é evidente, não podemos generalizar, mas como instituição, em termos de altos cargos e não só, foi e é uma desgraça. Como é que eles conseguem dar moralidades aos outros e depois viverem em grandes palácios no Vaticano? E as pessoas (algumas) acreditam mesmo que eles são os representantes de Jesus ou Deus na Terra e que foi o apóstolo Pedro o fundador da Igreja, mas terá sido mesmo? Talvez não... Há muitas dúvidas sobre isso e, provavelmente, terá sido mais uma mentira, não seria a primeira! Depois, há muitos pormenores no Cristianismo que são plágios de outras tradições, principalmente de Mitra, o Deus Sol, ou alguém ainda acha que no Natal festeja o nascimento de Cristo? Até o padre Carreira das Neves já afirmou isto, ou seja, por uma questão de conveniência, foram copiados elementos de tradições que já existiam. Isto não quer dizer que Jesus não tenha existido, acredito que existiu, mas é preciso ver que as coisas foram escritas muitos anos mais tarde, não foram escritas pelos apóstolos e é natural que tenha havido algumas distorções, o que também não quer dizer que não haja alguma sabedoria nessas escrituras, a sabedoria está lá!

Por tudo isto, e perdoem-me os Católicos, eu acho que o anticristo, em muitos sentidos, foi a própria Igreja Católica. A igreja foi durante muitos anos uma força maléfica e prejudicial. Talvez o anticristo também se tenha materializado noutras personalidades e noutros tempos e poderá até surgir outra vez, mas sem dúvida que se sintonizou muito bem com a Igreja durante muitos anos. 

Mudando um pouco de assunto (um pouco, mas não muito), gostaria de falar sobre os chamados gurus e/ou mestres. Pessoalmente, isto é só a minha opinião e vale o que vale, não me agrada muito a ideia de seguir gurus (colocar pessoas em pedestais) ou tradições. Cada um que seja guru de si próprio, primeiro, porque a maior parte desses gurus não passam de meros mortais, tal como nós, muitos dizem ser aquilo que não são e depois na prática falham ao dar o exemplo; em segundo lugar, acho isso limitador, nós podemos respeitar determinadas pessoas e ouvir seus conselhos, mas não precisamos de metê-las em pedestais e prestar reverências exageradas, podemos recolher ideias aqui e ali, mas no final seguimos o nosso próprio caminho. E é bom notar que os gurus não existem só no âmbito religioso/espiritual/esotérico, eles também existem no meio literário, científico, político, filosófico, etc, e, nestes casos, também podem ser excessivamente e até fanaticamente reverenciados. 

Para finalizar, diria apenas que, embora eu compreenda e aceite que cada um se manifesta de diferentes formas (e, por isso, existem muitas religiões, movimentos, cultos, etc.), penso que talvez (e apenas digo talvez, porque é uma hipótese e não tenho a certeza absoluta se vai ser possível, mas acredito que pode vir a ser) esteja a chegar o momento de quebrar com todas essas divisões, tradições, diferenças e ir ao essencial, criando algo que junte tudo e que simplifique tudo, mas seguindo uma lógica diferente em relação ao que tem sido feito até agora.



Crença, Dúvida e Verdade  

A crença ou fé é aquilo em que se acredita sem que haja nenhum tipo reflexão ou lógica por detrás, ou então, sem que haja nada que o prova. E é algo que pode não estar de acordo com a verdadeira realidade. Embora a palavra fé possa assumir outros sentidos e, por exemplo, pode ser um estado interior de abertura e confiança em relação à vida, sendo o oposto de apegar-se a um determinado sistema de crenças e agarrar-se a ele de forma rígida.

Por isso, acreditar, no sentido de ter crença em algo, não é necessariamente ter o conhecimento desse algo, acreditar não é necessariamente ter a experiência directa das coisas, sejam essas coisas Deus ou outros assuntos deste género. Estes tipos de verdades só podem ser alcançados através da experiência directa. A crença pode instalar-se, porque a minha tradição, família, um livro ou testamento disse-me algo e eu acreditei, porque confiei neles, mas a minha cabeça pode continuar a levantar-me questões, eu posso ter várias dúvidas e estar plenamente consciente delas. No entanto, pode acontecer que, para além de não procurar respostas, eu mantenho-me fechado e não questiono essas verdades religiosas ou de outra natureza. Por isso, a crença pode coexistir com a dúvida e muitas vezes coexiste, mas as pessoas não querem aceitar esse facto. Podemos não estar totalmente convictos dessas crenças, mas negamos isso.

Já a convicção pode assumir um outro significado. A convicção é uma coisa íntima, é baseada em algo e, segundo as palavras de Agostinho da Silva, é alguma coisa que a pessoa traz ou sente que traz dentro de si, como se fizesse bem parte de si e que não há maneira de evitar. Embora, no meu ponto de vista, a convicção pode ser forte, mas, mesmo assim, não ser acompanhada de um conhecimento completo ou experiência directa de algo. 

Por outro lado, a verdade, ao contrário da crença/fé, pode ser definida como algo que está de acordo com a realidade, pode ser uma convicção forte obtida por factos ou razões fortes que não deixam lugar a grandes dúvidas e são difíceis de ser contestadas. Embora, em alguns casos, a verdade possa ser sempre uma coisa aberta ao debate, ou seja, as verdades podem ser relativas. Mas, a verdade absoluta ou a procura dessa verdade absoluta sempre foi algo que estimulou o Homem.

Neste sentido, e pegando no exemplo da realidade absoluta ou Deus, a verdade parece ser algo que se descobriu e, como resultado disso, surgiu uma convicção forte que apareceu de forma pura, imparcial, livre de preconceitos, livre das habilidades da mente, sem interesses individuais e foi resultante do contacto directo e íntimo com essa realidade desconhecida.

Outra coisa a ter em consideração é que o conhecimento pode ser obtido de várias formas, nós não temos apenas o conhecimento científico. Existem mais tipos de conhecimento e o lado intuitivo e a chamada percepção extra-sensorial não são coisas a serem descartadas.



Conclusão

Cabe a cada pessoa (se quiser) buscar a verdade sobre todas estas coisas, dentro e fora de si. A verdade não tem de estar necessariamente em mim, nem em nenhuma ciência, religião, guru, autoridade ou instituição, cada um é livre de procurar onde e como quiser e ninguém tem o direito de impor a sua verdade aos outros.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Encontros Imediatos


Algumas pessoas, por uma razão ou outra, à partida, já trazem anticorpos e preconceitos em relação a este tema e com esses é sempre difícil dialogar. Alguns também são partidários de um cepticismo dogmático (que dizem ser científico) e com esses também o diálogo se torna uma árdua tarefa. Mas, cada um é livre para pensar aquilo que quiser e há que respeitar os cépticos que não valorizam minimamente o fenómeno, embora, muitas vezes, essas pessoas não respeitem aqueles que vêem algo no fenómeno OVNI.

Muitas vezes, não são só os “maluquinhos dos ovnis” que são presas fáceis da comunicação social, eu recordo-me de ver intervenções de membros do CTEC (que não sei se ainda estão no activo), principalmente o professor Joaquim Fernandes e, mesmo tendo em conta que a sua abordagem era criteriosa e cautelosa, os assuntos dos quais falava foram alvo de algumas graçolas por parte de uma apresentadora de um programa televisivo e, em relação ao documentário "Encontros Imediatos", também li bocas e piadas de algumas pessoas na Internet. Por isso, isto só vem confirmar o que referi em cima, ou seja, para algumas pessoas não há diálogo possível e pouco importa a abordagem escolhida. De facto, certas intervenções menos cuidadas descredibilizam bastante o fenómeno (e tivemos um exemplo há pouco tempo numa reportagem da TVI24), mas a verdade é que, uma vez associando-se a este tema, ninguém está livre de ser alvo de preconceitos e vítima da desinformação dos outros.

Compreendo perfeitamente que as pessoas que dão a sua cara pela pesquisa (mais criteriosa) do fenómeno fiquem chateadas com certas intervenções e atitudes, mas, para mim, existe uma consequência pior do que ficar mal visto ou ser ridicularizado. A consequência pior é o facto de que, provavelmente, o afastamento das pessoas em relação ao tema provoca um adiamento na mudança de paradigma e, na minha opinião, é nesse aspecto que reside a importância do fenómeno OVNI, é que a confirmação de que somos visitados muda tudo, é uma mudança profunda de paradigma, uma mudança a todos os níveis e isso pode servir para, de uma vez por todas, catapultar-nos para uma nova era. Eu acredito na hipótese extraterrestre (uma das possíveis explicações para o fenómeno) e, embora eu não saiba até que ponto em termos gerais estamos preparados para um contacto, penso que esse possível contacto iria favorecer-nos interiormente e exteriormente, desde que fosse seguro, claro.

Ainda sobre os supostos ETs da antiguidade, embora eu reconheça que há muita coisa duvidosa e demasiado forçada que passa no canal História, não é de descartar essa hipótese, existem coisas estranhas...Por exemplo, a história da tribo dos Dogon em África e Sirius B; o facto de muitos anciãos de povos antigos confirmarem que houve contactos com seres, os chamados seres das estrelas, como alguns gostam de chamá-los, etc, etc. Por isso, é importante não colocar toda a gente na mesma panela ou saco e quando nunca estudámos ou pesquisámos absolutamente nada (ou muito pouco) sobre determinado assunto, devemos ter cautela antes de dar opiniões...

Em relação ao programa televisivo que referi em cima," Encontros Imediatos" é uma série documental sobre o fenómeno OVNI em Portugal (no século XX) e foi transmitida na RTP2. Programas deste género foram peças raras no que diz respeito à divulgação da casuística nacional e Ovnilogia portuguesa. Poderão ver em baixo três episódios desta série e os restantes podem ser encontrados neste link: 


Ou então procurando neste site, na coluna do lado esquerdo:












domingo, 8 de julho de 2012

A Filosofia e as Filosofias de Vida


Alain de Botton é um escritor e produtor que se tornou famoso por popularizar e divulgar a filosofia ocidental de uma forma acessível e simples, para que possamos colocá-la em prática no nosso quotidiano.

Tal como no seu livro (“O Consolo da Filosofia”), a série documental (que podem ver em baixo) tenta mostrar como os ensinamentos de filósofos como Epicuro, Montaigne, Séneca, Sócrates, etc podem ajudar-nos a resolver os problemas, dificuldades, angústias e aflições do dia-a-dia do mundo moderno.

Alain de Botton tem recebido elogios e críticas e muitos vêem a sua abordagem como uma aplicação terapêutica da filosofia. Mas, na minha opinião, a filosofia não precisa da palavra terapia para nada, assim como a arte também não precisa da palavra terapia, porque são expressões da natureza humana e não podemos resumir tudo a terapias. É como se tudo tivesse de ser visto como uma doença (e então converte-se tudo e mais alguma coisa em doenças, ou melhor dizendo, perturbações, porque sempre é uma palavra mais amável) e é engraçado que tudo é visto como uma doença e muitos são vistos como doentes, mas nunca ninguém diz que o modelo de civilização é doentio, aí ninguém toca. Se calhar, no fundo, até podemos estar todos doentes, mas há uns que gostam de apontar o dedo aos outros. E, como alguém dizia, aqueles a quem chamamos de “malucos” têm apenas uma doença diferente do resto da população. Por exemplo, identificamos certas coisas como obsessivas e rotulamo-las de neuróticas, e, ao mesmo tempo, aceitamos e incentivamos outras que na realidade são igualmente absurdas… Obviamente que ninguém é perfeito e as dificuldades existem, manifestando-se de uma maneira diferente em cada pessoa e atingindo proporções e consequências também diferentes. No entanto, a filosofia e a arte são coisas que nos fazem aperfeiçoar (ou então, se preferirmos, são coisas que podem ajudar-nos a ter uma vida mais satisfatória, uma vida com mais sentido, possibilitando-nos ser mais felizes) e servem para todos, acrescentando coisas à nossa vida. Por isso, penso que tudo isto deve ser visto mais neste sentido e não como algo que vem e tira uma doença. Talvez os comportamentos, por muito mal que nos possam fazer, não possam ser considerados doenças e, a não ser que haja uma alteração orgânica, química ou de outra natureza que possa ser comprovável, comportamentos são só comportamentos. Afinal de contas, o que são doenças?  Mas isto já é assunto para uma outra publicação… Para além disso, aqueles que pensam que só meia dúzia de “iluminados” é que têm o direito de filosofar e fazer arte, desenganem-se!

Voltando aos documentários, aqui estão alguns exemplos daquilo que não se ensina nas nossas escolas, ou então apresentam a (s) filosofia (s) da forma mais enfadonha possível (ou só apresentam a filosofia ocidental, o que torna as coisas um pouco pobres), de maneira a não estimular muito os jovens (ou os adultos) a reflectir, porque reflectir de vez em quando pode ser perigoso...não convém. Mais importante será, por exemplo, enfiar matemática/aritmética à força na cabeça das pessoas desde muito cedo, que também tem a sua importância, mas depois negligenciam-se outras coisas que podem vir a ser preciosas. Ou então obrigam a "escolher" (quando deixam escolher… e, mesmo nesses casos, não há ou não havia muita margem de manobra) obras de autores, no que diz respeito à língua portuguesa, que em termos práticos, e em certos casos, não têm muito a oferecer à vida das pessoas, que exageram nos floreados, nas retóricas, e complicam tudo (obras escolhidas pelas elites intelectuais das literaturas, etc, e pelos nacionalismos arcaicos). E que tal se deixassem as pessoas em paz e lhes perguntassem o que é que elas realmente querem ou gostariam de ler? O nosso sistema de ensino ainda se assemelha a uma fábrica ou linha de montagem, com pouco espaço para a criatividade, não se respeitam as diferenças e tudo tem de ser uniformizado. E depois aparecem as honrarias, a competição, o estimular da ambição pessoal a todo o custo e de forma errada. Uns têm mérito, outros são excluídos. Podem ser excluídos por culpa própria, mas, em muitos casos, talvez sejam excluídos porque o sistema de ensino não compreende as suas características pessoais e, por isso, não sabe retirar o melhor de cada um. Para além de sabermos que há muitos tipos de inteligência, mas só se valorizam umas coisas e outras não.

Depois o que se segue? Andamos com currículos nas mãos a competir com toda a gente… é a nossa arma especial. Currículos que, como alguém já disse, dizem tudo o que já fizemos, mas não dizem tudo aquilo que pensamos, queremos, sentimos e somos…. E, por isso, somos avaliados e até julgados não por aquilo que somos de facto, mas por aquilo que fizemos ou atingimos. Neste aspecto, talvez um equilíbrio fosse importante… Compreendo perfeitamente que, dentro deste sistema de coisas, o CV tem a sua importância, mas não deixo de achá-lo uma coisa deprimente, desumana até, mecânica, um tipo de pragmatismo frio em que a pessoa fica reduzida a um currículo. Depois, no final, tratamos as pessoas pelos títulos universitários, e, em muitos casos, confundindo licenciaturas com doutoramentos. Nascemos sem nome e morremos com um nome e cheios de títulos ao peito. Os títulos são joguinhos que deveriam ficar dentro das instituições que os criaram e não devem ser usados na vida social. Na verdade, é um modelo desactualizado que surgiu como uma das formas de distinguir as classes sociais, ou seja, as elites e as classes sociais superiores usaram-se desses esquemas para exercerem poder e estatuto sobre as classes mais baixas.

Também verificamos que hoje está em voga a meritocracia e acreditar em meritocracias, dentro do sistema actual de coisas, é um completo engano. Somos levados a acreditar que podemos ser/fazer tudo o que quisermos, que podemos ser como fulano ou sicrano, mas não passa tudo de mentiras e pura e simples lavagem cerebral. Fazem-te acreditar que, desde que te esforces e tenhas muito boas ideias, podes conseguir quase tudo. A verdade nua e crua é que a maior parte das pessoas nunca chegará a ser um CR7, um Bill Gates, um brilhante e bem-sucedido cientista ou mesmo ocupar um bom cargo e uma profissão qualquer de muito estatuto e prestígio social. Fazem-nos acreditar que um dia podemos ser todos ricos ou seja o que for, mas é tudo falso e o sucesso é sempre medido pela filosofia vigente e pelo modelo dos outros e nunca pelo nosso próprio modelo. A maior parte de nós não passa de simples escravos. Por isso, considero as meritocracias ridículas, irrealistas e, isto sim, é uma utopia impossível, porque, para uns ficarem no topo e terem mais sucesso, outros terão de ficar em baixo, isto é do senso comum e nunca haverá equilíbrio a não ser que todos sejam iguais de uma outra forma. Para além disso, são ideias perigosas, principalmente para aquelas pessoas que não atingem esse sucesso, porque são gerados sentimentos de culpa e outros tipos de coisas nefastas… não é por acaso que a taxa de suicídios é maior nos países desenvolvidos que partilham este tipo de filosofias de vida. Em seguida verifica-se outro fenómeno: quando não tens “mérito”, és reduzido a um falhado e depois aparecem as “almas caridosas” prontas para acabar com o trabalho iniciado pela sociedade. São os abutres, como eu lhes costumo chamar, que em vez de colocarem o dedo na ferida e alertarem para a verdadeira raiz dos problemas que muitas vezes têm causas sociais antinaturais profundas (embora eu também não coloque de parte outras causas), apenas oferecem a sua “ajuda”, aproveitando-se da situação para ganhar dinheiro e estatuto, com palavreado muito técnico e grandes teorias, porque assim impressionam mais e parecem mais credíveis. As situações menos boas muitas vezes acontecem devido à constante tentativa de adaptação a esquemas nefastos que violam a própria natureza da pessoa (embora, em boa parte das situações, a pessoa não esteja consciente disso).

Torna-se assim difícil julgar os outros dentro destes esquemas e crenças meritocráticas, porque existem vários factores que podem ou não levar àquilo que aceitamos e chamamos de sucesso e não podemos controlar todos esses factores. E os parâmetros de medição/ avaliação, em boa parte das situações, não se adaptam a muitos tipos de características pessoais. Mas, claro, se fores um fundamentalista da direita neoliberal, então a verdade é que se alguém é um falhado, isso deve-se ao facto de ser um malandro que vive à custa de subsídios ou algo do género, portanto são generalizações absurdas, próprias de gente com grandes interesses ou que foi submetida a uma lavagem cerebral feita por políticos também absurdos, porque prometeram-lhes que um dia podiam ser ricos e bem-sucedidos, e é verdade, alguns serão, mas não a maioria… e eles acham que, afinal de contas, um dia poderão ser mesmo muito ricos!

A conclusão que podemos tirar disto tudo é que o ser humano é demasiado sugestionável, reflecte pouco e é sujeito a lavagens cerebrais constantes que vêm de todos os lados (os media, a família, os amigos, a publicidade, colegas de trabalho, etc, etc ) e esse é o problema, e, por isso, torna-se cada vez mais necessário saber um pouco sobre filosofia e estar aberto a novas ideias.

É preciso ter cuidado com alguns modelos de pensamento que vêm de fora, porque, com tanto ruido à nossa volta, podemos não chegar a saber o que realmente queremos e a forma como nos vemos a nós próprios pode estar a ser demasiado influenciada por factores exteriores.

Sucesso sim, mas não podemos definir sucesso com as palavras dos outros ou por influência de lavagens cerebrais. E, muitas vezes, perdemos primeiro para ganhar a seguir e vice-versa, nunca sabemos porque é que realmente as coisas acontecem e certas perdas podem ser sucessos e certos sucessos podem ser perdas…

Por isso, no seguimento de tudo o que já disse (ou escrevi) e para finalizar, o objectivo de estar a par da filosofia, de determinadas ideias ou mesmo métodos, seja o que for, não é doutrinar ninguém ou ganhar mais cultura geral (reunir coisas na cabeça para debitar mais tarde), mas sim oferecer a cada pessoa a oportunidade de tomar melhores decisões/escolhas, de conhecer diferentes pontos de vista, de reflectir de forma mais aguçada sobre coisas práticas e essenciais da vida e construir o seu próprio caminho baseando-se nos insights que vai recolhendo aqui e ali. Não são pílulas milagrosas que resolvem todos os problemas, mas podem ajudar e clarificar muitas coisas, dando maior liberdade de pensamento, etc.


















sexta-feira, 6 de julho de 2012

Vida Depois da Vida



O mistério sempre fez parte da minha vida, ele sempre me perseguiu e, muitas vezes, por muito que eu tente desviar-me dele ou mudar de assunto, nunca consigo fazê-lo por muito tempo. O mistério volta sempre… penso que isto já nasceu comigo, não há nada a fazer, faz parte do meu ADN, está entranhado em mim. É a curiosidade de saber o que se esconde por detrás da cortina da realidade comum, convencional. Mesmo assim, acho que há casos bem “piores”! :) . Mas, importante é também dizer que por vezes é necessário algum cuidado em relação à forma como essa curiosidade se instala em nós, porque não são assuntos normais e, muitas vezes, demasiada obsessão com determinados temas (e até em relação a possíveis experiências que se podem fazer na tentativa de saber algo mais) pode não ser muito saudável, por isso, na medida do possível, esta curiosidade deve ser saudável e equilibrada, bem ponderada. Penso que quem estiver minimamente dentro destes assuntos, entenderá o que eu quero dizer…

Como é lógico, o tema desta publicação também não podia fugir à minha curiosidade.

Raymond Moody escreveu um livro intitulado “Vida Depois da Vida”, livro que depois viria a dar lugar a este documentário. Quando era miúdo lembro-me de ter estado com este livro nas mãos, achei-o curioso e, ao mesmo tempo, senti um certo respeito pelo tema, era o desconhecido, e, de certa forma, temos sempre um certo medo em relação ao desconhecido e a palavra morte causa-nos sempre uma sensação estranha. Mas a verdade é que só mais tarde dei maior importância ao tema e aprofundei-o melhor.

O termo “experiência de quase-morte” diz respeito a um conjunto de visões e sensações, frequentemente associadas a uma experiência mística e que surgem em situações de morte iminente devido a hipóxia cerebral (uma diminuição do fornecimento de oxigénio ao cérebro), geralmente na sequência de uma paragem cardio-respiratória. As descrições mais frequentes são: a visão do túnel; experiência de estar fora do corpo físico e flutuar acima deste; percepção da presença de pessoas à sua volta; visão de seres espirituais (embora a interpretação varie de acordo com a cultura, a filosofia ou a religião de cada pessoa); ampliação dos sentidos; etc.

Muitos Cépticos, alguns são cientistas, têm uma visão reducionista e materialista da questão e afirmam que, basicamente, somos uma esponja de químicos e que a consciência é uma espécie de subproduto (não sei se é a palavra mais adequada…) da actividade eléctrica e química dessa esponja. Nunca acreditei muito nesta teoria, simplesmente nunca fez muito sentido para mim… Tem de haver algo mais… Talvez a consciência não esteja rigidamente localizada em absoluto num determinado órgão, neste caso é o cérebro. Talvez ela seja algo mais livre, embora, momentaneamente, pareça depender do cérebro, mas não de uma forma absoluta.

A verdade é que ainda não sabemos praticamente nada sobre o cérebro, ou, por outras palavras, só sabemos muito pouco e , mesmo sobre esse pouco, nem tudo são certezas e talvez em breve tudo tenha de ser reescrito (algo do género já foi dito por um neurocientista, por isso não estou a inventar nada) e torna-se sempre difícil definir o que é exactamente a consciência. As neurociências têm ainda muito caminho a fazer e penso que ainda irão ter muitas surpresas.

Acredito que existem razões para pôr em causa esta teoria materialista, porque, entre outras coisas, existem indícios e informações que sugerem algo bastante diferente. Acho que por muitos argumentos que os cépticos possam ter, há sempre situações que eles não conseguem explicar:

-Em alguns casos, a morte foi declarada pelos médicos e há relatos de situações nas quais foi possível registar a actividade eléctrica do cérebro e o traçado mostrava-se plano, ou seja, sem sinais de actividade;

- A sensação de flutuar acima do corpo físico e conseguir ver de forma extraordinariamente detalhada tudo o que se passa ao seu redor;

- Fenómenos de percepção extra-sensorial;

-Pessoas cegas também têm as mesmas visões e descrevem de forma pormenorizada os procedimentos médicos, os instrumentos, os materiais utilizados e suas cores, e também as características físicas e o vestuário das pessoas presentes na sala, etc;

-Pessoas que no momento de se desprenderem do seu corpo vêem e ouvem tudo o que se passa na sala onde estão e nas salas ao lado, relatando mais tarde ter tido acesso a informações e pormenores que não podiam saber.

-Etc.

Depois dessas experiências, estas pessoas passaram a sentir uma outra paz interior e verificaram mudanças comportamentais, geralmente para melhor. Tiveram mudanças profundas e a sua vida mudou completamente e, principalmente, o medo da morte desapareceu (algo muito difícil de acontecer), porque, segundo a convicção delas, tomaram consciência de que a morte não existe. Foram, por isso, experiências libertadoras, transformadoras (como se fossem transformações alquímicas) e reveladoras da imortalidade de algo que podemos chamar de consciência.

Por muitas informações e referências que eu possa ter e, não tendo passado por esta experiência, é óbvio que não posso saber a verdade. Só sabe ou saberá a verdade quem experiencia algo assim ou então quem atravessa definitivamente esse possível portal e não volta mais ao seu corpo. E também existem outros tipos de técnicas e estimulações que podem produzir experiências semelhantes (talvez não exactamente iguais) no que diz respeito a experiência extracorporal, projecção de consciência, etc, podendo estas dar também algum tipo de insight.

Só a experiência directa das coisas pode revelar-nos a verdade, mas julgo existirem fortes motivos para acreditar.