domingo, 1 de julho de 2012

Um Outro Olhar sobre a Saúde

Quando se fala em Saúde, normalmente o que nos vem imediatamente à memória são aquelas imagens e assuntos perfeitamente comuns e amplamente divulgados baseados na nossa experiência pessoal ou por influência da comunicação social. No entanto, podemos sempre pegar no tema e vê-lo de outra perspectiva, vê-lo de outros ângulos. 

Num mundo dominado por uma filosofia de negócio e de grandes lucros, onde existem grandes interesses instalados, é lógico pensar que tudo aquilo que se coloca no caminho da obtenção desse lucro poderá ser destruído e existe sempre lugar para a conspiração. A área da saúde, que é de vital importância para todos nós, não foge a estas lógicas e filosofias e é certo que também aqui há lugar para a conspiração, e, no caso do lucro, isso é um facto. Os grandes laboratórios não estão interessados na pesquisa de coisas que não podem ser patenteadas, coisas que não geram muito lucro, e não é loucura pensar que irão fazer tudo o que estiver ao seu alcance para manter o seu monopólio e, se puderem, tentarão (tentaram e tentam) arranjar formas de destruir, ridicularizar, suprimir ou descredibilizar tudo aquilo que não lhes convém. Para além disso, seus tentáculos e influências há muito tempo que se espalharam e agarraram várias outras instituições, meios académicos e profissões, nomeadamente a profissão médica e isso é por demais evidente, penso que ninguém pode negar tal influência. 

Por exemplo, a terapia desenvolvida por Max Gerson que se destina ao tratamento de doenças crónicas, degenerativas, etc, embora tenha o seu próprio método, não é nada de novo e baseia-se em princípios antigos. Apesar de ter sido pensada e implementada por um médico, esbarrou com os paradigmas e ideias da medicina convencional ortodoxa (e continua a esbarrar) e esbarrou com as grandes empresas farmacêuticas. O método de Gerson, tal como tantos outros métodos que são mais ou menos simples e/ou naturais, está destinado a encontrar e chocar com essas barreiras, com essas estruturas de poder e de influência e com certos dogmas. 

Podemos sempre questionar se este e outros métodos são realmente eficazes e se vale a pena perder tempo com isto, mas questionar e negar-se a pesquisar e olhar para os casos clínicos, para além de ser claramente uma atitude arrogante, anticientífica, dogmática e antiética, revela que existe uma tendência clara e interesses bem definidos. Com uma agravante que é o facto de sabermos hoje em dia que existem estudos que apontam para os benefícios e potencialidades de certas substâncias contidas em certos alimentos, mas depois, na prática, verificamos que nada se implementa e esses estudos não são continuados e/ou deixam de ser financiados, sendo o dinheiro encaminhado para outra linha de actuação. A atitude das autoridades e de certas classes profissionais, neste aspecto, revela-se perigosa (e tem sido perigosa) para todos nós e para a nossa saúde. Esta não é a sociedade que devíamos ter… 

Max Gerson, de acordo com o que é alegado, tratou muitas pessoas e com sucesso, publicou diversos casos clínicos, mas lamentavelmente foi perseguido e sofreu uma tentativa de assassinato por envenenamento, tendo escapado. Depois da sua morte, seus filhos continuaram o seu projecto, mas, por motivos legais, tiveram de sair dos Estados Unidos e montar uma clinica no México. Hoje em dia, existem alguns médicos que se renderam ao seu método, nomeadamente no Japão, onde existe também uma clinica que aplica o método. Na Europa existe uma ou duas clinicas também, se não me engano. Para além disso, qualquer pessoa pode aprender e aplicar o método em sua casa, lendo o seu livro ou através de cursos certificados, embora seja sempre conveniente ter um acompanhamento médico para verificar a evolução das coisas e, por isso, as clinicas fornecem esse tipo orientação. Mas, quem sabe, tudo poderia ser grátis se houvesse outro tipo de abertura por parte das autoridades, grupos profissionais e se a lógica de negócio não fosse tão prevalente. Cabe às pessoas exigirem mudanças… 

Um outro exemplo de alguém que entrou em rota de colisão com aquilo que está estabelecido foi Patch Adams, médico norte-americano, ele é realmente uma personagem interessante. Sempre falando com total sinceridade, ele de certa forma contagia-nos com suas ideias (algumas até parecem utópicas) e inspira-nos. 

Patch acredita que as grandes multinacionais farmacêuticas não têm nenhum sentimento e consideração pelo ser humano, somente visam o lucro e a ganância e não estão interessadas em buscar a cura para nenhuma doença. 

Na sua opinião, o capitalismo é perigoso e reduz o ser humano a um irrefreável consumidor, o jornalismo está corrompido e a televisão é responsável por manipular informações e transmitir programas que alimentam ferozmente a inacção e a passividade. 

Quanto à medicina, segundo ele, os médicos preocupam-se mais com a doença do que com a pessoa. Refere, com indignação, que nas faculdades de medicina não se ensina a ter saúde, apenas a cuidar de doenças. Defende que, para além da ciência, também se pode cuidar com amor. 

Embora eu concorde com o Patch, também é verdade que às vezes as generalizações são perigosas. Por isso, reconheço que nem tudo é mau nesta área e é inegável que houve muitos avanços na saúde, progressos que são cruciais para salvar vidas e aumentar a longevidade. No entanto, há muitos aspectos que podem e devem ser mudados e há uma coisa que parece-me bastante clara nisto tudo: não pode haver lugar para cinismos, oportunismos e outras tantas coisas do género. 

As profissões desta área (não só a medicina, mas todas as outras profissões da saúde) requerem gente diferente (todas as profissões deveriam requerer gente diferente, mas principalmente estas, devido ao contexto), gente sensível e não apenas bons técnicos. Não é tudo uma questão de números, médias e técnicas, pelo menos não deveria ser. Estas profissões deveriam ser ocupadas por pessoas com alma de artista, poeta, filósofo, pessoas espirituais, não num sentido religioso e de moralismos pouco essenciais, porque não é isso que se pretende, mas num sentido mais essencial do que é e significa ser espiritual. 

Sabemos que estas coisas são faladas (talvez não sejam faladas com as mesmas palavras que eu uso, mas com outro tipo de roupagem e de uma forma menos directa), inclusivamente em conferências, mas, depois, na prática, tudo é bastante diferente. Também sabemos que certas condições de trabalho, muitas vezes, provocam comportamentos menos bons, geram insatisfação, stress, mas isso não serve para explicar tudo e o problema não está só nas políticas e nos políticos… 

Todas estas coisas afectam não só a relação com as pessoas que precisam de ajuda, mas também afectam a relação entre colegas e outros profissionais da mesma área. Não é incomum verificar que na relação entre colegas (seja nesta ou noutra área) não se respeitam as diferenças, sejam elas a nível de personalidade ou a outro nível, a tendência para uniformizar comportamentos e outro tipo de situações e a violação da individualidade é frequente. E, sem o respeito pela individualidade (e todos nós damos as nossas facadas na individualidade do outros, uns mais outros menos, mas acontece) não pode haver comunidades, nem grupos fortes e, neste caso, não pode haver boas equipas de trabalho. Na minha opinião, todos estes factores criam uma série de problemas, mas, mais uma vez, isto é um problema da sociedade em geral. 

Sem esse tipo de sensibilidade para perceber todas estas situações, não se pode tratar ou cuidar bem das pessoas que necessitam de ajuda. 

Depois existem também as hierarquias que são estabelecidas de uma forma que se torna sufocante e só isso dava pano para mangas… 

É sempre difícil falar de uma área (embora não seja um caso isolado) que se protege bastante, é altamente defensiva, rígida por vezes, elitista em certo sentido e com vontade de penalizar quem se mete no seu caminho e quem coloca em causa seus métodos, abordagens e filosofias. Como exemplo disto mesmo, ainda há pouco tempo um juiz da nossa praça pública foi alvo de severos ataques e de um abaixo-assinado, só porque deu a sua opinião em relação a certas coisas que se faziam no IDT. Será que não existe liberdade para expressar opiniões? As atitudes despóticas de certas estruturas profissionais e científicas ou, em alguns casos, pseudocientíficas (conforme algumas interpretações) não deveriam acontecer. É certo que existe abertura de mente por parte de certos elementos, mas não da estrutura como um todo. Estas estruturas são complicadas e capazes de atacar até os seus próprios membros, uma situação que se verifica mundialmente. 

Lamentavelmente, muitas artificialidades e comportamentos “cópia” já se verificam também nas chamadas terapias complementares/alternativas…

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