Nota: Este artigo não tem como função
denegrir um grupo em particular, não se destina a ninguém em particular, é
apenas uma análise geral, resultante de uma perspectiva pessoal acerca destes
assuntos. Não tenho qualquer tipo de aversão a estes temas, apenas tenho o meu
ponto de vista que é sempre limitado a este momento e etapa da vida.
A informação
relacionada com estes temas é por vezes bastante complexa e pede-nos para
assimilar muita coisa ao mesmo tempo. Na minha opinião, para incorporar
determinas coisas e aceitá-las (seja qual for a temática escolhida), dando-lhes
prioridade em relação a outras, primeiro é preciso haver um critério. Com toda
a certeza, algumas destas pessoas ligadas ao ocultismo e esoterismo, têm o seu
próprio critério (que provavelmente diverge do meu), porque cada um tem o seu
próprio critério. Já para não falar das diferentes experiências de vida de cada
um, e diferentes impressões/intuições que as coisas provocam em nós.
Em primeiro
lugar, considero que este assunto das escolas esotéricas é sempre um tema
interessante (assim como qualquer outro assunto relacionado com o desconhecido
e os mistérios), por várias razões, independentemente de acreditarmos ou não em
todas as informações. Portanto, eu vejo tudo isto com interesse, não tenho uma
postura completamente fechada, também não considero que estes círculos/sociedades/grupos
são completamente inúteis, mas simplesmente servem mais para uns do que para
outros…
Até poderíamos
dizer que a complexidade não se limita apenas a estes assuntos esotéricos, pois
a própria ciência, por exemplo, para além das óbvias diferenças, tem também
áreas bastante complexas.
Considerando
algumas excepções, a complexidade da informação (assim como alguns supostos
segredos) costuma ser a norma dentro deste tipo de escolas
esotéricas/iniciáticas, até porque costumam ser doutrinas sincréticas. Claro
que o sincretismo não é necessariamente mau, mas muitas vezes, em vez de
simplificar (o que seria sempre melhor), dá lugar a uma acumulação de
informação de enorme complexidade, um conjunto de diferentes assuntos que são
às vezes misturados de forma confusa. E com isto não quero dizer que tudo seja
falso, não é isso! Mas há coisas que deixam muitas dúvidas e também associações
que são feitas e interpretações que parecem não ter uma base suficientemente
sólida (não vale a pena agora entrar em pormenores).
Para além disso,
há sempre algumas divergências de opinião: uns defendem umas coisas, outros
defendem outras e, curiosamente, todos (uma boa parte, melhor dizendo) afirmam
serem os possuidores da verdade, aliás isto não é exclusivo do esoterismo,
porque, até já nem falo das religiões tradicionais, mas se tomarmos como
exemplo os centros espíritas (doutrina de Kardec), iremos encontrar pontos em
comum, naturalmente, mas também algumas divergências: uns dirão que são
melhores, que são mais sérios, que trabalham melhor e de forma mais segura do
que outros, etc.
Para ser
sincero, vejo muita presunção e vaidade nalguns destes supostos iniciados,
mestres e afins. Fico com a sensação e acredito que, na verdade, muitos não
sabem nada, simplesmente repetem aquilo que leram e ouviram de outros, apenas
isso! Às vezes fico também com a sensação de que são mais mestres aqueles que
nada sabem sobre grandes teorias, são mais mestres aqueles que demonstram na
prática, no dia-a-dia, nas coisas simples da vida, deixando um impacto na vida
dos outros, às vezes até passando desapercebidos. Esses são os mestres, esses
são os sábios! Esses não sabem nada de grandes teorias esotéricas, mas
conseguem dar o exemplo de forma genuína e espontânea nas coisas mais simples,
no mais essencial.
É evidente que
também podemos encontrar boas pessoas nesses círculos esotéricos, estão
realmente interessadas em tornarem-se melhores pessoas, pretendem desenvolver
certas qualidades, etc, e pessoalmente, acredito que os fenómenos psi existem e
pode até ser possível desenvolver certas capacidades e provocar certas
experiências, etc. (mas se alegarmos determinadas coisas, depois temos de as
provar, ou então mais vale ficar calado!). As pessoas podem meditar e fazer
montes de coisas, tudo bem quanto a isso! Embora talvez até muitas dessas
coisas nem sejam estritamente necessárias ou essenciais… E que haja muitos
aspectos que desconhecemos, pois com certeza, o Universo é um lugar grande e a
consciência um mistério.
Em relação a
alguns “Gurus”, muitos até escreveram livros e tornaram-se famosos, escreveram
coisas realmente interessantes, profundas até, mas depois a sua vida pessoal e
as alegações que faziam deixam bastantes dúvidas em relação à sua seriedade…
Para escrevermos coisas interessantes não necessitamos de ser perfeitos, mas
por vezes convém estar atento e discernir bem.
Muito pertinentes estas observações. Criei uma comunidade justamente para repensar a magia e o ocultismo. Aliás coloquei ali um link para um post seu post sobre karma. Conversamos muito na comunidade sobre a própria natureza do karma, motivados pelo link.
ResponderEliminarFique à vontade para nos visitar. O endereço é este: https://plus.google.com/100487899500914736339 . Sinta-se livre para apontar links para seus conteúdos ali também, pois percebo que são muito reflexivos.
Olá Paulo,
EliminarAgradeço a partilha do link da sua comunidade e também o convite para participar da mesma. Magia e ocultismo são realmente temas interessantes, parabéns pela iniciativa!
Fico contente por ter contribuído, através do meu artigo, para o debate e discussão (suponho que saudável) sobre o conceito de karma.
Saiba que será sempre bem vindo aqui neste blogue. Espero que encontre informações e opiniões proveitosas.
Abraço.
Obrigado por suas palavras! Também será sempre bem vindo à comunidade.
ResponderEliminarUm abraço!
A propósito deste artigo mas também em relação à segunda parte que foi publicada imediatamente a seguir, e sem pretender entrar em abordagens éticas em relação àquilo que seria ou não correto dentro da magia (porque torna-se difícil falar em ocultismo sem tocar neste tema da magia), queria partilhar e acrescentar mais algumas ideias acerca do tema magia (não confundir com ilusionismo).
ResponderEliminarAlgumas pessoas pretendem estudar a forma pela qual a magia funciona, isso seria o equivalente a tentar compreender, por exemplo, o mecanismo de acção de uma determinada droga (ou medicamento). Neste caso específico da magia, e caso fosse possível, a ideia seria talvez pegar em vários sistemas de magia existentes e tentar resumi-los numa única teoria que servisse como explicação. Apesar de poder haver diferentes explicações consoante o tipo de sistema, parece-me que a ideia seria encontrar uma teoria, uma síntese simplificada, ou mesmo, digamos, umas leis que pudessem explicar a magia como um todo, de forma a torná-la mais prática e mais eficaz. Mas, não sendo eu um especialista em magia, apesar do meu interesse pelo tema, eu pergunto: já não houve essa tentativa por parte de várias pessoas ao longo do tempo? Ou seja, o que seria totalmente inovador nesta área? Qual seria o critério que distinguiria este novo estudo dos outros anteriores? Qual seria o método?
Nós sabemos que, por exemplo, existem estudos realizados em laboratório e também outro tipo de informações que sugerem fortemente que a ontologia materialista está errada e que, para além disso, existem interacções entre a consciência e aquilo que chamamos de matéria, portanto interacções mente/matéria. A maior parte desses efeitos são pequenos, estatisticamente relevantes mas pequenos. Apesar de haver casos (poucos) de pessoas que provaram ter uma capacidade invulgar e que até ao momento ninguém conseguiu desmascará-las como sendo fraudes, nós sabemos que a esmagadora maioria desses efeitos, quando ocorrem, são pequenos e, por isso, estão muito longe dos resultados reivindicados pela magia.
O que eu quero dizer com tudo isto é que, tanto quanto sei, não existe nenhum estudo controlado, com uma amostra razoável, que possa apresentar evidências sobre a eficácia de qualquer sistema de magia existente! Realço aqui a palavra controlado porque este assunto da magia tem muitas variáveis e situações que merecem análise e reflexão, e parece-me um tema altamente complexo.
A única coisa que possuímos é a experiência pessoal de cada um, juntamente com a sua opinião, assim como a experiência de um determinado grupo de pessoas que se juntam de forma privada e realizam certos rituais/ práticas e depois verificam os resultados que advêm dessas mesmas práticas. Em ambos os casos, algumas dessas opiniões/experiências podem vir associadas a possíveis erros de interpretação e conclusões precipitadas.
Seja qual for o sistema ou o método usado, em grupo ou individualmente, seja por consulta, a pedido de outro ou realizada pela própria pessoa, a magia não funciona para toda a gente, isso é certo, obviamente isso não significa que não funcione sob nenhuma condição. Talvez até nem seja possível abordar a magia de uma forma estritamente cientifica, se calhar até nem é importante provar ao mundo que a magia funciona, mas estou curioso para saber quais as novidades que poderíamos introduzir, quais seriam esses novos critérios de estudo e, caso seja possível, como é que essa síntese poderia ser feita.
Sobre este assunto e no seguimento do meu texto comentário anterior, deixo aqui ficar uma sugestão: seria interessante ver as palestras onde Dean Radin fala sobre este tema. Na internet é possível encontrar os vídeos.
Eliminar