Há um conto Taoísta sobre um
velho fazendeiro que trabalhou em seu campo por muitos anos. Um dia seu cavalo
fugiu. Ao saber da notícia, seus vizinhos vieram visitá-lo. “Que má
sorte!" Eles disseram solidariamente. “Talvez," o fazendeiro
calmamente replicou. Na manhã seguinte o cavalo retornou, trazendo com ele três
outros cavalos selvagens. "Que maravilhoso!" Os vizinhos exclamaram.
"Talvez," replicou o velho homem. No dia seguinte, seu filho tentou
domar um dos cavalos, foi derrubado e quebrou a perna. Os vizinhos novamente
vieram para oferecer sua simpatia pela má fortuna. "Que pena,"
disseram. “Talvez," respondeu o fazendeiro. No próximo dia, oficiais
militares vieram à vila para convocar todos os jovens ao serviço obrigatório no
exército, que iria entrar em guerra. Vendo que o filho do velho homem estava
com a perna quebrada, eles o dispensaram. Os vizinhos congratularam o
fazendeiro pela forma com que as coisas tinham-se virado a seu favor. O velho
olhou-os, e com um leve sorriso disse suavemente: "Talvez."
(Esta talvez não seja a versão
original do conto, mas o fundamental está presente)
Embora tudo seja transitório, há
acontecimentos desejáveis e não desejáveis. Num determinado momento, preferimos
que certas coisas aconteçam e outras não, isso é perfeitamente natural. Mas, na
sua essência, os acontecimentos são bons, maus ou neutros? Há acontecimentos
que servem algum propósito? Qual deve ser a nossa atitude perante os
acontecimentos? A vida é feita de contradições ou por vezes serão complementos?
Gosto muito deste conto... por acaso li-o no outro dia num livro do Osho (com umas ligeiras diferenças). Acho que, de certa forma, é um conto contra a nossa obcessão em classificar as coisas...
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