Um documentário que, na minha opinião, vale a pena ver.
E porque existem muitas realidades dentro da realidade e outras possibilidades dentro das impossibilidades, surge este espaço dedicado a todos aqueles que gostam de divagar por aí ( sempre sem perder de vista o chão ) e aos outros que simplesmente têm curiosidade. Um espaço aberto a todos os amantes do mistério, viciados em utopias, filosofeiros da vida, buscadores de algo e poetas à solta. Os mais curiosos também podem entrar e talvez também deixem ficar a sua opinião.
domingo, 2 de fevereiro de 2014
quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
Os mistérios das catedrais e templos góticos
Para muitos, as catedrais e
templos góticos, para além de serem edifícios católicos, são também livros de
pedra que contêm símbolos e ensinamentos esotéricos. Estes edifícios,
principalmente as grandes catedrais, sempre exerceram um estranho fascínio
sobre a maioria das pessoas e muitos defendem que os seus construtores
medievais usaram-nas para transmitir a doutrina hermética. Por isso, tradições
antigas como a Cabala ou a alquimia convivem lado a lado com o cristianismo. (É
importante salientar que algumas destas tradições herméticas eram proibidas
pela religião católica).
Neste contexto, as catedrais,
assim como outros templos, convidam-nos a fazer uma viagem e a ver para além
das aparências.
A sua beleza, a sua grandeza, o
seu silêncio e a luz que passa pelos vitrais coloridos, para além de criarem
condições que nos podem levar à reflexão ou mesmo à meditação, facilmente
provocam em nós um estado de tranquilidade.
Há até quem sugira que as
catedrais são uma espécie de bosques de pedra, ou seja, seriam uma forma de
reproduzir a magia dos bosques e o seu carácter sagrado. Mas, apesar destas construções
serem realmente fantásticas, eu penso que o bosque natural pode cumprir a mesma
função da catedral e até com mais eficácia…
Mosteiro da Batalha-Portugal
Existem alguns exemplos de
arquitectura gótica em Portugal e o Mosteiro da Batalha é um desses exemplos.
O Mosteiro de Santa Maria da
Vitória, mais conhecido como Mosteiro da Batalha, estilo gótico, foi construído
para cumprir uma promessa feita por D. João I e comemora a vitória de Portugal
sobre Castela na Batalha de Aljubarrota.
Segundo alguns, D. João I, mestre
de Avis, foi iniciado nos mistérios templários. Para além disso, também afirmam
que o mosteiro é um monumento maçónico operativo, não sendo o único em
Portugal.
Esta obra ficou incompleta e há
quem sugira que as chamadas Capelas Imperfeitas estão incompletas assim como
está incompleta a missão universalista de Portugal: a criação do Quinto Império.
O Monumento possui várias mensagens
e símbolos e apresenta-se como se fosse um mapa (do ocidente e península
ibérica ao oriente, com a europa pelo meio). Na sua construção, nada foi fruto
do acaso…
Fulcanelli e os mistérios das catedrais
No seu livro "O Mistério das
Catedrais", Fulcanelli diz-nos que, paralelamente ao cristianismo, existe
uma outra dimensão escondida dentro das catedrais e essa dimensão corresponde à
alquimia e ao hermetismo. Fulcanelli procura então desvendar esses mistérios,
interpretando a simbologia existente nas catedrais. (E quem gostar de temas
relacionados com profecias e enigmas desse género, certamente irá lembrar-se da
cruz de Hendaye e seus símbolos enigmáticos, assunto também analisado por
Fulcanelli em “ O Mistério das Catedrais”).
segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
Os mistérios do espaço, do tempo e dos seres que neles habitam, a consciência, o Universo e a realidade. (2ª parte)
A realidade tem truques?
Existem as “mecânicas “e os
funcionamentos da vida, situações que podemos observar dentro e fora de nós. Padrões
que se repetem e que geralmente não recebem a nossa atenção. É certo que nem
todas são leis absolutas. Umas baseiam-se em tradições e filosofias antigas e
outras são mais modernas, mas todas requerem atenção, até porque por vezes são
situações subtis.
Podemos encontrar imensas coisas
sobre estes temas, desde livros, palestras, cursos, etc- desde o âmbito mais
alternativo até ao âmbito mais convencional e ortodoxo, e tudo com objectivos
semelhantes: ajudar as pessoas a concretizarem os seus objectivos, ajudar as
pessoas a serem mais felizes, etc. Ferramentas, ideias, “truques”, dicas,
sugestões. Umas talvez mais credíveis do que outras. Cada uma baseada em
diferentes pressupostos e paradigmas acerca da realidade. Umas talvez mais
sábias, outras talvez menos sábias. Umas mais materialistas e egocêntricas e
outras de natureza mais espiritual, digamos assim.
Mas vamos dar um exemplo e, para
comentar, escolho algo saído da área mais alternativa: a famosa “lei” da
atracção!
Muito se tem escrito e falado
sobre isto recentemente: filmes, livros, cursos, etc, etc. No entanto, resumir
tudo a uma única “lei” talvez seja demasiado redutor, por isso não concordo com
tudo o que já foi dito e escrito em relação a este tema e certas coisas podem
até ser enganadoras. Nem tudo é tão simples, linear e imediato como alguns
defendem. Quer dizer, há pessoas que passaram a vida inteira com medo de
ficarem pobres, foram forretas, e a pobreza nunca chegou. Outros fizeram tudo
para conseguir algo e nunca conseguiram… E outros até tinham medo que o céu
lhes caísse em cima da cabeça e o céu nunca caiu!
Até sou capaz de aceitar a
existência e realidade desta “lei”, mas só até certo ponto. Suspeito que todos
temos potencialidades escondidas ou adormecidas dentro de nós, mas a verdade é
que também temos imperfeições, limitações, coisas e razões que desconhecemos e,
por tudo isto, com certeza não podemos fazer, ter ou concretizar absolutamente
tudo que queremos num determinado momento da vida… Para além disso, as
comparações com as vidas de algumas pessoas e o imitar os métodos e
concretizações dessas pessoas- tudo isso deve ser abordado com cautela e deve
ser motivo de reflexão, porque as circunstâncias e as naturezas das pessoas são
muito diferentes… Com isto não quero dizer que as pessoas não devem mentalizar
ou focar a sua atenção nos seus objectivos (objectivos que podem ser bastante
possíveis de serem alcançados e até mais do que legítimos), mas às vezes é
necessário reflectir e colocar um pouco os pés no chão, ser realista sem ao
mesmo tempo deixar de sonhar! No fundo, é isso.
Depois é também importante
referir que, por vezes, mais importante do que pensar ou visualizar um
determinado objectivo é simplesmente estar atento aos pormenores e às várias
possibilidades que se apresentam no nosso caminho e que geralmente não recebem
a nossa atenção (coisa não muito fácil de fazer). E às vezes parece que a vida
brinca connosco e é só quando nos desprendemos do objectivo inicial que ele
aparece mais tarde, espontaneamente e inesperadamente, porque até já estávamos
concentrados noutro caminho ou noutra possibilidade. E isso aconteceu talvez
porque estávamos demasiado obcecados por esse aspecto ou objectivo? Demasiada
obsessão por conseguir ou ter algo pode gerar preocupação e isso pode
atrapalhar. A preocupação e a ansiedade geradas funcionam destruindo a pessoa e
surgem associadas a uma elevada expectativa e apego a um determinado resultado.
Por isso, para além de tentar reduzir essa expectativa e escolher “estratégias
laterais” que rodeiam o “inimigo” em vez de “estratégias” que pretendem enfrentá-lo
pela frente, talvez também seja importante às vezes mudar o foco da atenção e
até “investir” um pouco mais em “estratégias” menos egocêntricas, transferindo
a “energia” do ter e conseguir para o dar, ajudar e inspirar outros.
Também não é difícil verificar
que muitas vezes a própria procura pela felicidade pode se tornar num problema.
No momento em que dizemos: “Eu tenho de…” podemos estar a construir situações
indesejadas. Esta afirmação, por si só, pode fazer muitos estragos… O desprendimento
tomado na dose apropriada pode ser uma grande ajuda.
Podemos atrair acontecimentos que
classificamos como maus e bons?
Umas vezes parece que sim e
outras vezes parece que não, mas sem dúvida que há certas coisas em que não
convém focar a nossa atenção, principalmente porque podem ter uma influência
emocional e psicológica negativa e podemos entrar facilmente em sintonias
indesejáveis. Hoje está bastante claro que, embora nem sempre consigamos colocá-lo
em prática, pensar de forma positiva influencia positivamente o nosso corpo.
Pensamentos e emoções positivas têm um efeito benéfico na nossa saúde, etc.
Mais cedo ou mais tarde, colhemos
aquilo que semeamos?
Talvez…
Depois temos também aqueles que
defendem que devemos insistir e ser persistentes e eu acho que têm razão,
concordo! Mas atenção porque nem sempre é bom persistir. Se alguém quiser ir em
frente e tiver uma parede no seu caminho, ao persistir só arranjará hematomas!
Talvez seja melhor passar por cima do muro com a ajuda de um escadote! Às vezes
é preciso mudar de táctica ou então mudar de caminho!
Mas esta coisa muito New age da
“lei” da atracção também pode ser muito desagradável nas mãos ou, melhor
dizendo, na boca de algumas pessoas. Há pessoas que estão sempre a doutrinar,
mesmo quando ninguém lhes pediu ou perguntou coisa nenhuma, e dizem todo o tipo
de trapalhadas e coisas inconvenientes. São peritos em criar sentimentos de
culpa nos outros. Há quem critique por criticar porque ou apenas querem
destruir ou simplesmente são pessoas negativas e desmancha-prazeres, não sonham
nem deixam sonhar. E depois temos alguns defensores desta “lei” magnética que
afirmam serem pessoas positivas, mas ao mesmo tempo destroem quem não consegue
pôr a tal “lei” a funcionar. Afirmam cruelmente que se alguém está metido numa determinada
situação e não consegue sair da mesma, então é por culpa própria e porque,
coitados, não têm vontade suficiente (para esses iluminados, tudo é fácil e,
principalmente, rápido). Ou então, principalmente hoje, e numa lógica
capitalista, podemos encontrar aqueles que dizem: “Então, já foste empreendedor
hoje? Estás nessa situação? Pois, isso é porque não és empreendedor!”
Todos nós já cometemos erros e já
dissemos coisas que não devíamos ter dito, mas há pessoas que abusam e muitos
destes defensores da “lei do íman” são uns aproveitadores e parasitas que
procuram sentir-se superiores à custa dos outros! Mas depois, mais tarde,
descobrem que afinal não eram assim tão fortes de ânimo, espirituais ou
superiores… Como se já não bastasse a mentalidade competitiva e oportunista da
realidade mundana onde quase tudo é feito para impressionar o outro, agora
temos também de aturar este tipo de competitividade espiritual, digamos assim.
Mas situações semelhantes podem
ser encontradas por todo o lado, não é só no âmbito New age ou mais
alternativo. O âmbito mais ortodoxo também tem os seus “joguinhos”…
Depois há também quem diga: “ eu
consegui x situação ou concretizei x objectivo porque mentalizei, visualizei e
soube usar a “lei” na perfeição…” É evidente que respeito a opinião da pessoa e
ela pode até estar mais do que certa. Mas será que ela não conseguiria essa
situação x de qualquer maneira? Essa é a questão! É a tal coisa: destino e
livre arbítrio- quando é que começa um e acaba o outro?
Por isso, nós desconhecemos muito
e às vezes as coisas têm de ser vistas num quadro mais amplo. É necessário
respeitar as pessoas e dar-lhes tempo porque nem tudo acontece de forma instantânea
nas suas vidas, nem tudo acontece segundo a sua vontade imediata. Por vezes as
coisas desenrolam-se dentro de esquemas próprios e que podem até servir um propósito
desconhecido. Na verdade, não sabemos. Então cuidado com o que dizemos aos
outros e, não raras vezes, as boas intenções só fazem é asneira! Podemos até
fazer sugestões, mas a forma como abordamos as situações é sempre importante. E
isso requer principalmente sensibilidade e perspicácia que podem ser aprendidas
ou inatas… Em certas situações, basta apenas perguntar à pessoa se ela precisa
de alguma coisa! E a resposta será dada!
E isto leva-me a pensar que
devemos tratar os outros da mesma forma que gostaríamos de ser tratados. É
essencial respeitar os outros (mesmo que esses outros não sejam humanos). Isto já
é uma frase gasta, mas falhamos frequentemente neste capítulo e existem razões
para isso acontecer… Outros “mandamentos” seriam: ter a liberdade para fazer o
que nos apetece ou experienciar o que desejamos ou o que sentimos que
precisamos, desde que isso não prejudique nada nem ninguém; cuidado com certos
julgamentos, principalmente os desnecessários, porque somos todos (quase todos)
imperfeitos e estamos todos metidos na mesma alhada; respeitar as opiniões e
crenças dos outros. Não forçar ninguém a acreditar nas nossas ideias e opiniões,
não querer mudar os outros à força porque isso geralmente não dá bom resultado.
E se formos consultados em
relação a algo, damos a nossa opinião uma vez e o resto depois é com a pessoa
que recebeu essa opinião, não temos de estar sempre a insistir!
Claro que muitas vezes as pessoas
estão enganadas nas suas crenças e opiniões e essas crenças e opiniões podem
até prejudicar-nos… E algumas prejudicam mesmo! Para além disso, se alguém
estiver perigosamente a caminhar no meio de uma estrada, pode ser conveniente e
necessário alertá-lo sobre os perigos e isso poderá ser feito mais do que uma
vez! Quero dizer que há sempre excepções, mas às vezes é melhor deixar as
pessoas em paz e não insistir.
Concluindo, ao contrário de
grandes truques e “leis”, a resposta pode até ser muito mais simples do que
imaginamos, mas não a conseguimos ver ou então não a queremos ver…
Se as “mecânicas” da vida
realmente existem, que cada um se estude a si próprio (auto-conhecimento) e
observe o meio que o rodeia. Que cada um faça as suas próprias experiências e,
se possível, não complique o que já é complicado!
domingo, 26 de janeiro de 2014
Os mistérios do espaço, do tempo e dos seres que neles habitam, a consciência, o Universo e a realidade (1ª parte)
Antes de mais, em relação a este
e a outros artigos que já escrevi, queria realçar que falo (neste caso,
escrevo) segundo a perspectiva de quem reflecte sobre estes assuntos, não falo
segundo a perspectiva de quem domina totalmente ou tem mestria e pretende dar
lições aos outros. Também não escrevo o que mais me convém, não escrevo o que
me dá jeito escrever, escrevo o que me parece mais certo e correcto, dentro
daquilo que é a minha intuição pessoal, reflexão e conhecimento actual que é
sempre incompleto, e é certo que amanhã sempre posso mudar de ideias, pois não
somos seres estáticos, estamos sempre a aprender! Para além disso, tenho a
liberdade de escrever e dizer o que me apetece, sem nenhum tipo de receio, pois
não estou ligado a nenhuma cartilha científica, religiosa, céptica, esotérica,
politica ou de outra natureza qualquer. Portanto, neste momento, sou livre para
dizer todos os “disparates” que me apetecerem! Por isso, acho que é sempre bom
não estar demasiado apegado a uma determinada doutrina ou sistema em
particular, porque isso dá-nos uma certa liberdade de pensamento e liberdade a
todos os níveis e, se as circunstâncias assim exigirem, isso permite-nos mudar
ou evoluir nalgum sentido. É importante também referir que uma certa filtragem
pessoal é necessária em tudo.
A realidade tem truques? A
realidade tem segredos? A realidade existe da forma que julgamos? Que tipo de “
Matrix” é este em que vivemos? Existe uma consciência cósmica? Podemos
experienciá-la? A natureza do Universo é holográfica? Será o Universo de
natureza fractal, assim como podemos observar através de alguns exemplos na
natureza? Qual é a verdadeira relação entre a consciência e a realidade? Serão
a mesma coisa? E se forem distintas, como se relacionam? Podemos “mexer” e
modificar a realidade com os nossos pensamentos, atitudes e comportamentos?
Existe livre arbítrio? Podemos atrair coisas e situações? A realidade responde
às nossas perguntas? A realidade envia-nos sinais e mensagens? Devemos estar
atentos e alerta? Somos guiados? Qual é a função das sincronicidades? São fruto
do acaso? Seremos participantes activos ou passivos nesta história? Qual é o
propósito dos acontecimentos? O Universo, a natureza, a consciência, a
vida-será tudo fruto do acaso? Existia algo antes deste Universo?
Provavelmente! Evolutivamente falando, estaremos em condições de entender tudo
isto? Ou ainda estaremos num estágio infantil?
Espaço e tempo: será que
realmente compreendemos estas coisas? Será o tempo uma ilusão? Será que o tempo
não é aquilo que nós julgamos? Passado, presente e futuro existirão todos ao
mesmo tempo?
Estas são questões que surgem com
alguma frequência e nem sempre são de fácil resposta.
Há quem afirme que a vida não tem
sentido e que as coisas não têm nenhum propósito e, perante o absurdo da vida e
o sofrimento, tentamos desesperadamente encontrar um sentido para tudo, para
não cairmos no vazio e no desespero. De certa maneira, talvez até nem haja
nenhum grande propósito e o ser humano (a maior parte) leve tudo demasiado a
sério. Pode ser que tudo seja apenas um jogo (mesmo que às vezes fiquemos com a
sensação de que esse jogo aparentemente não tem piada nenhuma…). Por outro
lado, e aceitando que é apenas um jogo, isto implica que existe um sentido e um
propósito, um fim a ser atingido, um fim que até poderá renovar-se
constantemente e infinitamente…E, no final, podemos até surpreender-nos porque
depois descobrimos que esse tal propósito não era bem o que estávamos à
espera!
A verdade é que apenas
percepcionamos uma pequena parte da realidade e pode até ser que essa realidade
apenas exista dentro da nossa cabeça (e, de certa forma, apenas existe!). Para
além disso, somos formatados pela sociedade em vários sentidos e isso
influencia as nossas visões, crenças e perspectivas de várias maneiras.
E, se for tudo uma questão de
perspectiva, podemos até colocar a hipótese de habitarmos dentro do organismo
de um ser qualquer. E, se assim for, nem nos apercebemos disso! Será que uma
célula do nosso organismo saberá quem nós somos? Terá consciência de que faz
parte de um corpo humano e que esse corpo humano tem também uma consciência?
Mundos dentro de mundos, universos dentro de universos e organismos dentro de
organismos… Muitos mundos, muitos universos, muitas dimensões, muitos
organismos, diferentes consciências e formas de existência… O microcosmo é um
reflexo do macrocosmo? Etc…
E se um grão de areia contém todo
o universo, então até um grão de areia possui alguma forma de consciência e,
apesar das aparências, tudo pode ser uma única coisa ou, melhor dizendo, um
único ser, um único algo, embora apenas captemos partes separadas ou isoladas
desse algo.
Portanto, dentro de uma
determinada visão que é partilhada por muitos, o universo seria um organismo e
todos nós faríamos parte dele. Ao mesmo tempo, o universo está dentro de cada
um de nós e, na verdade, nós somos o universo, temos dentro de nós a
consciência da totalidade, digamos assim. Nós e o universo somos um só! Todas
as coisas e seres não são mais do que diferentes expressões de uma única
consciência. De maneira que tudo no universo está interconectado: o que
acontece num determinado lado afecta automaticamente os outros lados… E podemos
até ir buscar alguns exemplos que nos demonstram essa conexão que falei
anteriormente. Mas apenas irei falar de um que talvez até nem seja o mais
fantástico de todos, mas mesmo assim não deixa de ser curioso: não sei se já
repararam, mas em determinados períodos da História, quando alguém teve
determinadas ideias, quer seja a nível politico, científico, artístico, etc,
imediatamente noutras partes do globo, outras pessoas começaram estranhamente a
ter também ideias semelhantes e isto traduz-se a nível de invenções e outro
tipo de situações. É como se realmente houvesse uma ligação qualquer e algo
ficasse no “ar” e, de alguma forma, “contaminasse” outras pessoas. E muitas vezes não existiu nenhum tipo de
contacto entre essas pessoas. Inicialmente, pode ser iniciado por uma única
pessoa ou então começa de forma sincrónica… Obviamente, verificamos mais esta
situação quando estamos a falar de culturas iguais ou semelhantes.
Jogo de Polaridades
A dualidade está presente na
“mecânica” da nossa realidade. Pelo menos, temos essa percepção, mas poderá
essa percepção ser uma ilusão? Para uns, os opostos complementam-se e são
diferentes aspectos de uma mesma coisa. Para outros, são coisas distintas.
O prazer e o sofrimento andam de
mãos dadas, um esconde-se por detrás do outro. Parecem ser duas polaridades
opostas, mas, ao contrário de outro tipo de polaridades, talvez estejam
assentes numa lógica diferente… Não sei!
São, de facto, duas experiências
que fazem parte da vida:
Para uns, a vida consiste em
experienciar ambas as polaridades de forma intensa, o que significa que tanto
podem ter momentos de grande prazer assim como momentos de grande sofrimento.
Neste caso, existe uma alternância entre dois picos extremos;
Para outros, a vida consiste em
experienciar mais uma polaridade do que outra e em diferentes graus;
Depois existem também aqueles que
experienciam um equilíbrio entre as duas polaridades, mas sem atingir picos
extremos de cada uma delas;
Podemos fazer muitos tipos de
comparações e medições, mas, de certa forma, cada um sente as coisas à sua
maneira e situações semelhantes podem provocar diferentes emoções e reacções em
cada um de nós.
Não sei se há quem sinta
sofrimento no prazer, mas parece que há quem sinta prazer no sofrimento.
Dizem que ambos cumprem uma
função na vida (assim como algumas características pessoais que apenas se
transformam em defeitos quando o outro não as considera bem-vindas,
desaprovando-as…), dependendo da perspectiva que se queira ter (biológica,
psicológica, espiritual, transcendental, etc.). Mas, apesar de tudo isso, e por
razões óbvias, a maior parte de nós tende a evitar o sofrimento!
O prazer e o sofrimento terão o
mesmo grau de complementaridade que outras coisas? Poderemos prescindir de um e
ficar só com o outro?
Se puxarmos o prazer até um certo
limite, em seguida poderemos ter a conversão ou transformação na polaridade
oposta- o sofrimento (por exemplo, esse limite pode ser entendido em termos de
frequência elevada e excesso de estimulação. E o sofrimento pode vir na forma
de insatisfação permanente, mas não se resume apenas a isso…). Da mesma forma,
se o sofrimento for esticado até um certo limite, eventualmente cessará e em
seguida o alivio proporcionado virá na forma de prazer. Neste caso, na presença
de um certo sofrimento, também apelamos mais ao prazer, esse prazer é mais
desejado e poderá até ser sentido de forma mais intensa.
No entanto, não faz nenhum sentido
querer sofrer para a seguir experienciar o prazer de forma mais intensa.
Podemos conseguir essa intensidade sem primeiro passar pelo sofrimento
(provocado ou não). Apenas não precisamos de forçar esse prazer, ou seja, a
chave está na moderação e na criação de intervalos de privação que nos permitam
depois atingir o objectivo pretendido.
Se o prazer e o desejo não têm
nenhum tipo de freios e são procurados a todo o momento, o sofrimento e a
insatisfação estarão logo ali ao virar da esquina, estarão bem perto e
instalar-se-ão!
É evidente que a vida, se
possível, pode e deve ser um prazer constante. É legítimo ter ou buscar o
prazer e o bem-estar e certas situações são naturalmente possíveis de serem
vividas continuamente (por exemplo, o prazer de fazermos o que gostamos,
profissionalmente, artisticamente, etc). Mas já em relação a outros prazeres ou
situações, eles devem ser sabiamente geridos, pois objectivamente podem
provocar-nos insatisfação e até sofrimento.
Por outro lado, há, por exemplo,
um tipo de “sofrimento” que não é bem um sofrimento: o exercício físico! (claro
que tudo depende da intensidade e do tipo de exercício). Este não é de evitar
(caso não haja contra-indicações).
O exercício físico pode ser
facilmente controlado por nós e se for abordado convenientemente, geralmente
provoca um bem-estar que surge logo a seguir a esse “sofrimento”. Neste
sentido, é uma das formas de se conseguir obter uma sensação de prazer e
relaxamento e encaixa nesta ideia de conversão de polaridade.
Na prática, nem sempre
conseguimos atingir o equilíbrio desejado, mas tudo o que escrevi até aqui pode
ser facilmente verificável (não se trata de morais religiosas ou de outra
natureza similar, mas simplesmente consiste em estar atento e gerir as coisas
no sentido de melhor desfrutar delas…).
Há também quem diga que a
eliminação completa do sofrimento poderá ser atingida através da cessação do
desejo (de forma geral) e de uma espécie de transcendência, e temos várias
correntes religiosas e filosóficas que falam precisamente disso. Neste caso,
seria talvez a obtenção de um prazer diferente e duradouro.
Na minha perspectiva, é uma boa
ideia simplificar a vida, sim, mas só até certo ponto… (já falei sobre este
assunto, por isso não vou repetir). Mas cada um encontra o seu próprio caminho
e o seu próprio equilíbrio. Filtramos as coisas à nossa maneira, não há que
seguir doutrinas ou cartilhas rigidamente estabelecidas! Talvez não haja
receitas perfeitas e cada um tenha de encontrar a sua própria receita…
quinta-feira, 16 de janeiro de 2014
Caridade ou Solidariedade?
A caridade é sempre uma coisa
humilhante, porque funciona de cima para baixo. É evidente que quando os outros
estão aflitos é sempre importante ajudá-los. Se realmente precisarem, fazemos o
que estiver ao nosso alcance e o que nos for possível. Contudo, muito melhor do
que isso é a solidariedade que consiste em criarmos condições (como colectivo)
para que não haja necessidade de recorrer à caridade. E isso consegue-se quando
atacamos precisamente as causas dos problemas!
E cuidado, porque muitas pessoas
preferem sempre a caridade e não querem nada com a solidariedade. Essas
pessoas, na realidade, são egoístas e/ou têm a cabeça contaminada por uma
determinada ideologia. Gostam da caridade porque ela lhes dá prazer, mas a
verdade é que é sempre humilhante para quem recebe. “É tão bom ajudar os
pobrezinhos. Faz-me sentir tão bem”, “O reino de Deus é dos pobres”- assim não vamos
lá, pessoal! E também não podemos levar tudo à letra! Para além disso, também temos
aquele tipo de caridade que apenas procura reconhecimento público e é tudo
menos desinteressada. Sim, nem tudo é o que parece!
Portanto, a caridade não é um
bem, a caridade é um mal que por vezes torna-se necessário, é certo.
O ser humano pode e deve viver dignamente
e podemos criar abundância. O problema está nas filosofias e nas atitudes
perante as coisas, o problema não está nas coisas!
Há pessoas e instituições que focam-se
exclusivamente na caridade, mas não podemos prevenir certas situações através
da caridade… É óbvio que é sempre bom ajudar os outros e/ou partilhar certas
informações e coisas com os outros, mas há sempre situações que são
naturalmente humilhantes e sobretudo desnecessárias…
Existe também aquilo que eu chamo
de caridade capitalista e é destinada a convencer as pessoas de que o actual
sistema pode fazer muito pelos que mais precisam, etc. Portanto, é algo com
fins propagandísticos e que serve para tapar os olhos às pessoas e temos vários
exemplos deste tipo de táctica… Se algum dia o capitalismo foi um sistema
necessário para produzir abundância (assim como muitos defendem), então hoje
torna-se demasiado evidente que esse sistema precisa de dar lugar a outro mais
inteligente, harmonioso e respeitador da liberdade e individualidade!
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