Um manual do revolucionário! Não
sei se existe tal coisa! Possivelmente já existem muitos destes manuais e cada
um defendendo modelos e formas diferentes de realizar revoluções. Nem sequer
pretendo criar uma série de preceitos e normas que guiem uma determinada
revolução, tendo em vista a implementação de um modelo diferente.
Existem muitas ideias, movimentos
e projectos por aí, e cada um de nós poderá participar conforme as nossas possibilidades
e motivações pessoais (mesmo que seja só através da Internet). Posso encontrar muitos
aspectos interessantes nalguns desses movimentos, mas também consigo encontrar
coisas e opiniões com as quais não concordo. Nada parece ser 100% perfeito, ou seja,
100% de acordo com as nossas visões pessoais (pelo menos, falo por mim) e
talvez isso seja muito difícil de alcançar, devido a uma série de factores
relacionados com a individualidade (e devemos caminhar no sentido da defesa
dessa individualidade e ainda há muito a fazer). Mas não vejo assim grande
problema nisso, porque o importante é estarmos de acordo no que diz respeito
aos aspectos essenciais, e esses não são poucos!
O sistema
Só existe uma certeza: a mudança
chega sempre, mesmo que chegue mais tarde (mesmo que não seja para o nosso
tempo de vida), e se as coisas não derem para o torto, claro. Mas haverá gente
que defenderá o sistema instalado (o sistema é algo muito abrangente, não se
restringe apenas a um determinado modelo económico…).Haverá sempre resistência
por parte daqueles que controlam o sistema e por parte dos seus fiéis devotos.
Uns acreditam que é assim que as coisas têm de ser, outros sabem que há sempre
muitas vantagens a sacar deste sistema, muita gente sabe disso e, no caso de
neste momento não estar a sacar vantagens, vivem na esperança de amanhã serem
uma dessas pessoas que sacam vantagens. Todos podemos sacar vantagens hoje ou amanhã,
mas existe sempre um lado perverso nisso tudo.
Certas coisas têm de ser pensadas
a nível global. Desenganem-se aqueles que pensam o contrário, porque hoje podem
estar bem, mas amanhã podem se dar muito mal. Está tudo ligado!
Por outro lado, para quê perder
tempo quando sabemos que há muitas pessoas que não merecem o nosso tempo e a nossa
“luta”? Este pensamento, assim como outros, já passou pela cabeça de muitas
pessoas, inclusivamente pela minha. Será que vale a pena? Talvez seja uma boa
opção pensar apenas naqueles que merecem e nos que merecerão, e assim
contornamos a situação. Ou talvez seja demasiado arrogante pensar que só uns
merecem e outros não! No entanto, não somos obrigados a gostar de toda a gente,
e se alguém disser que gosta, não está a ser sincero! Dito isto, acredito que
certas mudanças beneficiam e melhoram todos, os que merecem e os que não
merecem (nunca esquecendo que este tipo de distinção pode ser sempre perigoso…).
O sistema tem muitas ferramentas
para impedir certas mudanças, inclusivamente há agentes próprios que usam a Internet
e sabem como manipular as coisas de forma a desviar as pessoas de certas ideias
e fortalecer a crença noutras (não estou a inventar nada). Podem inclusivamente
destruir a reputação de muita gente, há formas de o fazer.
Também existe pressão para
uniformizar, a pressão para encaixar no padrão ou modelo que certa propaganda
considera ser o ideal (que são meras convenções, na maior parte das vezes).
Tudo isso existe, não são ilusões. A questão é saber o que é realmente
importante e como podemos manter a nossa individualidade.
Matrix
Ainda sobre o tal sistema,
alegorias e filmes como este podem ter vários níveis de leitura e
interpretações, mas fica claro aqui a critica ao sistema. Filmes como este não
aparecem por acaso (se é que existe tal coisa) e antes existiam outras formas
de passar certas mensagens.
Sobre o passado e o presente
O passado foi o que foi e essas
revoluções possivelmente foram o reflexo de uma determinada época, aconteceram
dentro de um contexto, crença e mentalidade própria. Podiam ter sido feitas de
outra maneira, mas talvez também sejam o resultado das limitações e
imperfeições próprias dessas épocas. Talvez tivesse que ser assim mesmo, não
sei!
O revolucionário pode se
corromper (muitos transformaram-se em reaccionários), pode até ter as
motivações erradas e enganar toda a gente, mas depois também temos aquele tipo
de revolucionário que é genuíno e realmente acredita nas suas ideias, mas
infelizmente não tem a sabedoria ou sensibilidade necessária e por isso realiza
tudo da pior maneira possível, fazendo asneira, e depois até acaba por ser vítima
dos seus próprios ideais (a História dá-nos muitos exemplos). Revoluções
externas sem revoluções internas são um perigo! As duas coisas têm de surgir ao
mesmo tempo, tem de haver um equilíbrio entre as duas e o problema às vezes
está precisamente aí.
De qualquer maneira, para evitar
os erros do passado, é necessário pensar noutra forma de organização. Para além
disso, as revoluções sempre existirão, é cíclico, velhas estruturas dão lugar a
novas estruturas (seja em que área for), existe uma renovação. Já não faz
sentido as revoluções serem feitas com tiros ou simplesmente acções violentas,
as revoluções não se fazem com tiros nem violência, fazem-se mudando a cultura,
mudando as mentalidades e usando estratégias inteligentes e bem organizadas, e
isso já não é pouco! (principalmente este tipo de revolução que falei
anteriormente e no contexto actual).
Ao longo da História
(inclusivamente a recente) o que podemos perceber é que, quando sucedem
revoluções (das mais variadas), permanecem sempre alguns vícios e aspectos que
podem demorar um certo tempo a desaparecer. Ou seja, uma revolução muda
radicalmente a vida de uma civilização ou sociedade, mas é sempre um processo
inacabado e continuo… (tal como o conhecimento, embora haja coisas que nunca mudam…)
Hoje, mais do que nunca, na minha
opinião, e porque tudo tem o seu tempo e o seu momento (e é preciso respeitar
isso também), felizmente temos o que não tínhamos antes, temos os meios e o
mundo está ligado em rede…
Por muito que esses sistemas do
passado tenham-nos feito evoluir (deixando também os seus efeitos secundários e
alguns preocupantes), sabemos que existem alternativas viáveis. O problema pode
estar na transição, isso é que nos pode preocupar e razões não faltam para
assim pensar (hábitos mantidos, falsos valores, fanatismos religiosos, etc).
Naturalmente, apoiarei tudo o que corra nesse sentido, mesmo que não seja para
o meu tempo. Precisamos de educar as pessoas (ou sensibilizá-las) globalmente,
demore o tempo que demorar, de forma a funcionarmos como um só, e não à base de
chico-espertismos, competições e interesses sem um pingo de inteligência ou bom
senso, que jogam fora o conhecimento acumulado e que podia ser posto em
prática.
Depois aparecerão sempre aqueles
que têm um monte de verdades inalteráveis e absolutas sobre como o mundo deve
ser, e aparecem com todo o tipo de argumentos para defender o sistema. Um
desses argumentos é o direito ao trabalho. Só que o trabalho não é um direito,
é uma obrigação imposta, não é uma escolha! O ser humano não nasceu para
trabalhar, o Homem nasceu para criar. A tecnologia avança, a ciência avança, os
meios avançam, e as pessoas querem continuar a ser escravas e a defender as
virtudes do trabalho. Se a lógica for dar um passo de cada vez, então muita coisa
é possível. E hoje já podíamos libertar muita gente, aliás os desempregados já
estão libertos… Por exemplo, quando se falou do rendimento básico incondicional
(proposta petição deixada na UE, feita por cidadãos de países membros), que
poderia ser um dos primeiros passos para a utopia (palavra perigosa na boca de
muita gente), os políticos em Portugal não defenderam essa medida, embora fosse
algo viável na prática, mas sem vontade politica. E porquê? Não é difícil
entender!
Meu amigo,
ResponderEliminarO que preconizas é um vasto problema de mudança de mentalidades.
Todos nós que criamos um blogue (como tu) com vista a mudar as mentalidades estabelecidas, num determinado momento, sentimos o mesmo.
Os poderes estabelecidos não permitem essa mudança,, o sistema está feito para controlar tudo e todos.
Existem muitos blogues de muita gente válida e cheia de ideias que se tivessem efectivamente alguns poder poderiam mudar muitas coisas, conheço alguns, mas no meio desta pasmaceira quotidiana não passam de boas intenções.
É triste, mas é assim, não temos qualquer meio de alterar as coisas, só alertar, o que para mim já é muito.
No meio desta homogeneidade fico menos só com alguams (poucas) pessoas como ti, o que já é enorme.
Olá Octopus,
EliminarÉ verdade. Mudar mentalidades pode ser um processo muito lento e cheio de obstáculos. Mas penso que cada um pode fazer a sua parte, por mais pequena que ela seja (como é o caso deste blogue). Quer seja o meu blogue, o seu ou o de tantos outros, podemos sempre deixar alguma semente naquelas pessoas que tenham suficiente abertura mental, caso desconheçam certas ideias que são apresentadas. Não precisamos de "converter" toda a gente, basta uma parte significativa das pessoas. O resto vem naturalmente (sempre foi assim).
Já existe muita gente inteligente e perspicaz por esse mundo fora e, se fosse necessário, estariam prontos para dar o salto para algo diferente e inovador.Alguns até já deram algum tipo de salto (mas dentro de uma perspectiva um pouco diferente daquela que estou a pensar neste momento). Eu penso que hoje em dia já existe muita gente a acordar e a colocar muita coisa em causa. Muitos jovens também ( nem todos são vazios e previsíveis...).
Quer seja através das redes sociais, blogues, sites, petições, ou através do apoio a certas organizações e movimentos/projectos, penso que vale sempre a pena contribuir com algo, porque há sempre um efeito.
Um blogue, por si só, talvez não tenha muito impacto, mas existem alguns projectos e movimentos que talvez possam fazer alguma diferença.
A Internet tem sido uma bênção, na minha opinião, até porque podemos ter acesso a coisas que geralmente não estão disponíveis através dos media convencionais. Temos entrevistas, talkshows, programas de rádio, vídeos de organizações, noticias alternativas, programas focados apenas em determinados temas, conferências, etc.
Mas, certas coisas, ou não passam na TV e estações de rádio principais ou então passam muito pouco, como era de esperar. O ideal seria haver um canal, por exemplo, em Portugal ( ou noutro país) que fosse transmitido via cabo e que fosse dedicado exclusivamente a temas e visões alternativas, também no campo social. Sei que na Espanha, por exemplo, há um programa na Cuatro que apresenta temas invulgares, faz debates e inclusivamente toca em assuntos parecidos com estes (o sistema, a sociedade, etc), o que me parece quase um milagre, porque não deve haver por aí muitos exemplos como este ao redor do mundo (pelo menos, não num canal de grande audiência).
Abraço.