terça-feira, 19 de agosto de 2014

Uma economia baseada nos recursos do planeta

3 comentários:

  1. A propósito do sistema. O que é o sistema?

    O sistema! Já todos ouvimos várias vezes esta palavra. Seja no contexto da conspiração ou noutro contexto completamente distinto, algumas pessoas usam frequentemente esta palavra, atribuindo-lhe diferentes significados. O conceito de sistema pode variar dependendo de quem o utiliza.

    Talvez no futuro até possa mudar de ideias, mas neste momento, do meu ponto de vista e no contexto desta publicação, penso que o sistema não é necessariamente um grupo restrito de indivíduos que se juntam numa sala pouco iluminada, fumando charuto e bebendo, conspirando, engendrando planos maquiavélicos com o objectivo de atingir ou manter o poder absoluto, controlando o mundo e as pessoas que nele habitam. Penso que é algo muito mais complexo do que este cenário. Não temos apenas uma única nação, uma única elite privilegiada ou um único grupo de pessoas que por detrás da cortina manipulam de forma a conseguir os seus objectivos. Ou seja, não sei se existe um único plano, uma única cabeça ou um derradeiro conspirador (que, para alguns, até nem é humano) que em todos manda e que tudo manipula, porque aparentemente a realidade é mais complexa.

    Neste sentido, podemos dizer que existem vários sistemas, alguns possuem até diferenças a nível ideológico (embora haja uma ideologia que é dominante, principalmente na vertente económica), existe um jogo, uma luta, com estratégias várias, de forma que cada grupo tenta estabelecer o seu poder e influência, às vezes em detrimento dos outros mas também por vezes estabelecendo acordos e alianças com os restantes grupos.

    Mas no cerne de todos esses grupos, para além das diferenças, existe uma mentalidade básica, um conjunto de aspectos, digamos que é um sistema operativo com um conjunto de regras que os ligam entre si. Penso que muitas dessas, digamos, tendências, são hábitos enraizados, algumas dinâmicas até são inconscientes, outras são também tendências culturais, esquemas de pensamento, certos esquemas que se manifestam das mais variadas formas e nas mais variadas correntes ideológicas.

    Alguns até diriam que é a própria natureza humana que se mostra em todos esses casos, mas geralmente evito usar essa expressão porque ela transporta-nos para duas ideias, a meu ver, erradas: a primeira é a ideia de imutabilidade, e a segunda é a ideia de que certos comportamentos estão determinados à nascença. Predisposições talvez seja a palavra mais adequada porque livra-nos automaticamente da ideia de inevitabilidade. Por isso penso que o tal “sistema” engloba vários aspectos, sendo que nem todos são planeados e alguns nem sempre surgem de forma consciente. Mas o facto de ser mais complexo não quer dizer que não possa ser abordado e reduzido a uma raiz única ou que não haja um denominador comum.

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  2. Curiosamente, há muito boa gente que está cheia de boas intenções (às vezes são só aparentes) e decide propor certas ideias e modelos de sociedade, mas sem se aperceberem de que, nessa ânsia, passam a exibir esses mesmos aspectos e tendências que referi anteriormente, ou seja, alguns dos mesmos aspectos que foram criticados inicialmente por essas mesmas pessoas. Temos como exemplo, os tais revolucionários que na tentativa de corrigir injustiças, implantaram ditaduras e às vezes até autênticos reinos de terror. Mas mesmo hoje em dia, existem pessoas que, não sendo revolucionários propriamente ditos, exibem posições e ideias que de certa forma têm algo em comum com esses déspotas, inclusivamente, nalguns casos, nalguns países, criaram-se leis que no fundo minam certas liberdades e até mesmo direitos (países supostamente democráticos mas com situações especificas que na minha opinião não fazem qualquer sentido). É preciso ter cuidado com certo tipo de proibicionismos, porque quando certas pessoas pretendem forçar e impor à força certos pontos de vista (às vezes podem ser também certos valores ou maneiras de viver, estilos de vida), mesmo que tenham boas intenções, isso é sempre motivo para reflexão (não pretendo entrar em pormenores nem especificar). Proibir algo sem sequer recorrer a argumentos válidos, de peso e que sejam baseados em alicerces sólidos, inventando falsas razões, falsos motivos para iludir o público, é um pecado que às vezes alguns cometem. Sem nunca esquecer que, por vezes, não proibir não significa aprovar nem concordar, e esse é um direito que temos: o direito a possuir uma opinião e expressar livremente o nosso ponto de vista.

    Também torna-se necessário salientar que todos nós (a maior parte, incluindo eu) temos um lado hipócrita e comodista, o problema é que nem todos gostam de reconhecer isso e nem sempre existe plena consciência desses aspectos. Torna-se por isso necessário que cada um se auto-examine no sentido de tentar conhecer a si próprio. Tanto mais não seja simplesmente para saber reconhecer e identificar essas tendências despóticas (ou outras, de outro género) que às vezes afloram, vindas sabe se lá donde.

    No entanto, já várias vezes reconheci que, apesar das minhas críticas, por exemplo, o capitalismo ou um sistema monetário (embora nem tudo se resuma a economia) tem algumas vantagens, isso é um facto, claro que a dimensão e o efeito dessas vantagens vai depender sempre da posição que cada um ocupa, mas existem sempre certos aspectos que devem ser tomados em conta e podem ser vistos como vantagens. Por isso, quem pretender, num futuro qualquer, fazer uma transição para um modelo diferente, terá de saber lidar e tentar compreender esses mesmo aspectos, terá de sabiamente tentar substituir ou mesmo contornar a situação da melhor maneira possível…

    Participar da mecânica actual (seja por opção, obrigação ou até mesmo por necessidade) não me torna necessariamente hipócrita (até porque, no meu caso particular, não pertenço a nenhuma esquerda caviar), e é sempre preciso ter cuidado com aqueles que incitam e geram ódios (todo o tipo de ódios), principalmente ódios em relação aos mais ricos e de forma indiscriminada. Cuidado, porque essas pessoas mais ricas só existem por causa do sistema económico, e desde que cumpram as leis e paguem os seus impostos correctamente, eles apenas jogam dentro das regras que foram estabelecidas pelo colectivo (ou, melhor dizendo, pelos representantes de uma grande parte do colectivo, mesmo que estes sofram certas influências de grupos e elites). Por isso, desde que não se perca a noção de um determinado ideal (que, no meu entender, terá mais vantagens do que o actual) e desde que não se alimente demasiado certas tendências dentro do actual sistema, não há razão para ninguém se sentir mal com isso, caso possua ideias diferentes do resto da “manada” e seja obrigado ou opte por participar do sistema. Contudo, segundo certas previsões (económicas), naturalmente aparecerá outro sistema que coabitará com o actual e gradualmente o substituirá.

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  3. Para terminar, há um cliché muito em voga que diz que as mudanças têm de ocorrer sempre de dentro para fora, que só haverá mudanças positivas no exterior se ocorrerem primeiro individualmente em cada pessoa. Não deixa de ser verdade, sem dúvida, mas o problema é que o ser humano não nasce num vácuo e existem sempre contextos que favorecem ou prejudicam determinadas mudanças colectivas. Por isso devemos sempre compreender que existem processos de influência mútua. Tentar reduzir tudo a processos individuais, desprezando o meio e a sua importância, parece-me pouco realista.

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