O espelho dá-nos o reflexo de nós
próprios e do ambiente que nos rodeia ou então serve como porta de acesso a
outras realidades ocultas aos nossos sentidos. Há também quem diga que a realidade
é um espelho.
O espelho dá-nos o reflexo, mas somos
sempre nós que interpretamos esse reflexo, ou seja, muitas vezes cada um vê as
coisas conforme a sua disposição mental, emocional ou nível de consciência e
num determinado dia vemo-nos de uma maneira, já noutro dia podemos ver-nos de
outra maneira completamente diferente. Se o espelho distorcer a nossa imagem,
então talvez a nossa percepção seja ainda mais distorcida. Não somos a imagem
do espelho, é apenas o nosso reflexo, assim como a imagem que os outros têm de
nós é uma construção deles e talvez nem a imagem que os outros têm de nós nem a
imagem que nós temos de nós próprios seja a mais verdadeira e fidedigna….
Muitas pessoas dizem que a mente
deveria ser como um bom, perfeito e limpo espelho, não rejeitando nem se apegando
a nenhuma imagem e reflectindo tudo o que se encontra à sua frente exactamente
como se apresenta, não seleccionando esta ou aquela imagem, mas reflectindo
tudo da mesma forma, sendo por isso neutro.
O espelho tem sido usado como
metáfora em várias histórias e também como porta para outros mundos. Ele não
serve apenas para ver se estamos bonitos (neste aspecto, demasiada obsessão
pelo espelho pode não ser muito boa ideia, principalmente quando nos
preocupamos demasiado com a imagem!), bem penteados ou se precisamos de perder
alguma barriga, o espelho, para além de nos poder mostrar o nosso estado
interior e emocional, tem também algo de mágico e místico.
Muitas vezes questionamo-nos: “o
que existirá do outro lado do espelho”? Será apenas um reflexo deste mundo ou
existirá outro mundo do outro lado do espelho? Outro mundo muito semelhante a
este ou outro mundo muito diferente deste, mas com personagens reais? Haverá
outra pessoa semelhante a mim no mundo do espelho, com uma vida semelhante à
minha ou, por outro lado, existirá outra pessoa completamente diferente?”.
Poderão pensar que neste momento perderam o juízo ou enlouqueceram, mas talvez
haja algum sentido nestas perguntas…
Quantas vezes olhamos no espelho
e perguntamos: “ quem é a pessoa que está do outro lado? Quem é este fulano?
Serei eu próprio ou será outra pessoa? Eu conheço esta pessoa? Quem sou eu?”
Por breves momentos, ficamos com uma sensação estranha e aparece um vazio na
nossa mente, ficamos surpreendidos e, olhando nos nossos próprios olhos, fica a
sensação de que temos um estranho à nossa frente e afinal não nos conhecemos
assim tão bem. Penso que algumas pessoas já tiveram esta experiência!
O espelho parece assim ser um
instrumento polivalente que nos poderá mostrar várias realidades, incluindo a
nossa!
Existem técnicas de projecção
astral ou projecção de consciência, os sonhos lúcidos e, dentro destas
temáticas relacionadas com técnicas para atingir estados alterados de
consciência, podemos também encontrar o psicomanteum.
Psicomanteum é uma técnica
curiosa que, uma vez preenchidas determinadas condições destinadas a criar um
ambiente adequado, utiliza um espelho para comunicar com o mundo espiritual. Alguns
também defendem que estas visões ou experiências resultantes da utilização
desta técnica são projecções do inconsciente.
No passado, esta comunicação era realizada
usando água ou outro tipo de superfície que reflectisse a luz e vem-nos
imediatamente à memória a tão conhecida bola de cristal!
Nota: recomenda-se prudência,
porque o mundo da mente e, para quem acredita, o acesso a outras realidades às
vezes assemelha-se à navegação num oceano desconhecido que poderá esconder
perigos. Por isso, este tipo de experiência deve, em certas situações, ser
evitado, ou então merece especial cuidado, principalmente quando realizamos
sozinhos e pela primeira vez. Em certo sentido, poderá ser o equivalente a
fazer uma viagem com uma planta enteógena sem um bom guia. Ou seja, a receita
para o desastre! E, no caso de querermos aprender por nós próprios, primeiro
devemos tentar saber o máximo sobre este assunto e depois avaliar se temos ou
não características ou condições psicológicas para seguir em frente, no sentido
de tomar a decisão certa.
Como curiosidade, a técnica foi
utilizada por Raymond Moody, que pesquisou sobre o tema das EQM (experiências
de quase morte).
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