sábado, 31 de agosto de 2013

Psicomanteum

O espelho dá-nos o reflexo de nós próprios e do ambiente que nos rodeia ou então serve como porta de acesso a outras realidades ocultas aos nossos sentidos. Há também quem diga que a realidade é um espelho.

O espelho dá-nos o reflexo, mas somos sempre nós que interpretamos esse reflexo, ou seja, muitas vezes cada um vê as coisas conforme a sua disposição mental, emocional ou nível de consciência e num determinado dia vemo-nos de uma maneira, já noutro dia podemos ver-nos de outra maneira completamente diferente. Se o espelho distorcer a nossa imagem, então talvez a nossa percepção seja ainda mais distorcida. Não somos a imagem do espelho, é apenas o nosso reflexo, assim como a imagem que os outros têm de nós é uma construção deles e talvez nem a imagem que os outros têm de nós nem a imagem que nós temos de nós próprios seja a mais verdadeira e fidedigna…. 

Muitas pessoas dizem que a mente deveria ser como um bom, perfeito e limpo espelho, não rejeitando nem se apegando a nenhuma imagem e reflectindo tudo o que se encontra à sua frente exactamente como se apresenta, não seleccionando esta ou aquela imagem, mas reflectindo tudo da mesma forma, sendo por isso neutro.

O espelho tem sido usado como metáfora em várias histórias e também como porta para outros mundos. Ele não serve apenas para ver se estamos bonitos (neste aspecto, demasiada obsessão pelo espelho pode não ser muito boa ideia, principalmente quando nos preocupamos demasiado com a imagem!), bem penteados ou se precisamos de perder alguma barriga, o espelho, para além de nos poder mostrar o nosso estado interior e emocional, tem também algo de mágico e místico.

Muitas vezes questionamo-nos: “o que existirá do outro lado do espelho”? Será apenas um reflexo deste mundo ou existirá outro mundo do outro lado do espelho? Outro mundo muito semelhante a este ou outro mundo muito diferente deste, mas com personagens reais? Haverá outra pessoa semelhante a mim no mundo do espelho, com uma vida semelhante à minha ou, por outro lado, existirá outra pessoa completamente diferente?”. Poderão pensar que neste momento perderam o juízo ou enlouqueceram, mas talvez haja algum sentido nestas perguntas…

Quantas vezes olhamos no espelho e perguntamos: “ quem é a pessoa que está do outro lado? Quem é este fulano? Serei eu próprio ou será outra pessoa? Eu conheço esta pessoa? Quem sou eu?” Por breves momentos, ficamos com uma sensação estranha e aparece um vazio na nossa mente, ficamos surpreendidos e, olhando nos nossos próprios olhos, fica a sensação de que temos um estranho à nossa frente e afinal não nos conhecemos assim tão bem. Penso que algumas pessoas já tiveram esta experiência!

O espelho parece assim ser um instrumento polivalente que nos poderá mostrar várias realidades, incluindo a nossa!

Existem técnicas de projecção astral ou projecção de consciência, os sonhos lúcidos e, dentro destas temáticas relacionadas com técnicas para atingir estados alterados de consciência, podemos também encontrar o psicomanteum.

Psicomanteum é uma técnica curiosa que, uma vez preenchidas determinadas condições destinadas a criar um ambiente adequado, utiliza um espelho para comunicar com o mundo espiritual. Alguns também defendem que estas visões ou experiências resultantes da utilização desta técnica são projecções do inconsciente.

No passado, esta comunicação era realizada usando água ou outro tipo de superfície que reflectisse a luz e vem-nos imediatamente à memória a tão conhecida bola de cristal!

Nota: recomenda-se prudência, porque o mundo da mente e, para quem acredita, o acesso a outras realidades às vezes assemelha-se à navegação num oceano desconhecido que poderá esconder perigos. Por isso, este tipo de experiência deve, em certas situações, ser evitado, ou então merece especial cuidado, principalmente quando realizamos sozinhos e pela primeira vez. Em certo sentido, poderá ser o equivalente a fazer uma viagem com uma planta enteógena sem um bom guia. Ou seja, a receita para o desastre! E, no caso de querermos aprender por nós próprios, primeiro devemos tentar saber o máximo sobre este assunto e depois avaliar se temos ou não características ou condições psicológicas para seguir em frente, no sentido de tomar a decisão certa.

Como curiosidade, a técnica foi utilizada por Raymond Moody, que pesquisou sobre o tema das EQM (experiências de quase morte).


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