O que é a consciência? Qual é a
origem da consciência? Muitas outras questões poderiam se colocar, mas talvez a
próxima e mais natural pergunta seja: Quando é que tudo começou? Quando é que
começou o nosso ponto de partida? Começou no momento da concepção ou nascimento
ou terá começado uma eternidade antes?
Na tentativa de responder a estas
questões, não podemos evitar ou deixar de falar num conceito muito antigo e que
está presente em várias religiões e filosofias antigas (embora com algumas diferenças)
- a reencarnação.
A reencarnação, basicamente,
consiste na ideia de que existe um espírito ou alma (muitas pessoas costumam
fazer uma distinção entre espírito e alma, por isso muitas vezes opto por usar
a palavra consciência) que é imortal e capaz de ligar-se sucessivamente a
diversos corpos com um fim específico que pode ser o auto-aperfeiçoamento, a vivência
de certo tipo de experiências e aprendizagens ou razões relacionadas com um
outro conceito chamado karma (do sânscrito e significa acção) que, segundo
alguns, enquanto não for extinto, manter-nos-á presos a este ciclo de morte e
renascimento.
Nesta teoria, a consciência teria
um ponto de origem e faria um percurso de evolução, progredindo e encarnando em
diversas formas de existência ou corpos cada vez mais evoluídos até chegar a
uma libertação deste processo e, como consequência, voltar novamente a esse
ponto de origem que constitui a verdadeira essência e identidade de todas as
coisas e seres.
Dentro desta visão, os animais e
outros organismos menos complexos também possuem uma consciência sujeita a
estes processos e, para alguns, também nós humanos passámos por esses estágios.
Outros termos que surgem
associados à reencarnação, sendo parentes dela, são o renascimento e a metempsicose.
Segundo algumas fontes, a metempsicose é uma teoria diferente de reencarnação
em alguns aspectos. Quanto ao renascimento budista, é um conceito, de facto,
com algumas diferenças.
Mas que provas temos em relação à
reencarnação?
Embora muitos defendam que não se
pode provar tal coisa, pois a objectividade não se aplica neste contexto, têm
surgido alguns estudos e casos que sugerem que a reencarnação poderá ser um
fenómeno real.
Entre esses estudos, destaca-se,
por exemplo, o trabalho realizado por Ian Stevenson, da Universidade de
Virgínia nos Estados Unidos. Ele estudou uma grande quantidade de casos em todo
o mundo e encontrou evidências que apoiam a possibilidade da reencarnação. Segundo Stevenson, os relatos de
vidas passadas surgem geralmente aos dois anos de idade, desaparecendo com o
desenvolvimento do cérebro.
Outra possível prova é a chamada regressão
hipnótica (contestada e rejeitada por muitos e aceite por outros como reveladora
de memórias reais). Para Brian weiss, autor e terapeuta, a regressão, para quem
consegue fazê-la, pode ser transformadora e revela pormenores de vidas
passadas, pormenores que podem ser verificados. Brian, de acordo com a sua
prática, defende que a regressão tem ajudado e solucionado problemas de muitas
pessoas. Refere que acontecimentos traumáticos e situações que ficaram por resolver
noutras vidas podem ser a causa de muitos tipos de problemas nesta vida actual.
De lembrar, e pelo que sei, a
regressão não é possível para todas as pessoas, por razões que talvez
desconheçamos, mas uma delas, por exemplo, pode ser devido ao facto de nem toda
a gente ser hipnosensível. Também é importante dizer que muitos factos foram
confirmados posteriormente e assim foi dada maior credibilidade às histórias.
Em relação aos críticos da regressão, pois com certeza que estão no direito de
duvidar, mas não nos podemos esquecer que, à partida, muitas vezes existe um
preconceito devido ao paradigma materialista cientifico actual e isso dificulta
muita coisa. A verdade é que, em termos de evidência, também existem muitas críticas
e dúvidas por parte de algumas pessoas em relação à psicoterapia convencional,
mas como ela se encaixa dentro de um paradigma mais “normalzinho” digamos
assim, então já existe uma maior facilidade em ser aceite pela grande maioria
das pessoas.
Tudo no universo e na natureza é
feito de ciclos: vida, morte e renascimento. A nossa consciência, através da
encarnação em vários seres, realiza também vários ciclos, ciclos que se
perpetuam no tempo e que, para alguns, poderão ser ultrapassados e transcendidos.
Numa outra perspectiva, também
poderíamos dizer que, mesmo dentro desta vida, morremos e renascemos uma série
de vezes. Onde está a criança que um dia já fomos? Ela morreu e deu lugar a
outra pessoa completamente diferente que, embora não seja totalmente diferente,
completamente igual também não é. Também podemos experienciar a morte e
nascimento de diferentes estados mentais num curto espaço de tempo. Por isso,
os ciclos estão sempre presentes e as mudanças ocorrem mesmo sem o corpo físico
morrer. De certa forma, não somos uma verdadeira identidade permanente, estamos
sempre em constante mudança! A pessoa que entra e senta-se numa cadeira de comboio
pode ser uma pessoa diferente daquela que se levanta e sai do comboio, embora
aparentemente sejam a mesma pessoa.
Haverá, no entanto, uma parte de
nós que nunca muda? Talvez haja e, de uma forma ou de outra, quando o tempo
chegar, todos iremos saber a resposta.
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