quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Cientismo: a radicalização cientifico-religiosa

Alguns vêem o materialismo como superstição e puro nonsense. Quanto ao uso da palavra superstição, isso talvez surja como resposta àqueles que, na defesa do seu materialismo, classificam outras visões da realidade usando essa mesma palavra com um sentido e intenção altamente pejorativo (uma estratégia que leva ao afastamento de certas ideias porque ninguém quer parecer inculto, estúpido, ignorante, e isso quase sempre funciona, é bastante eficaz), apesar de às vezes afirmarem que apenas o fazem pelo simples facto de que certas ideias e crenças não possuem respaldo científico e evidências que as sustentem.

No entanto, nós sabemos que a verdadeira razão é muito mais profunda. Meus caros amigos, quando tocamos na mundivisão e nas convicções de alguns homens da ciência, cuidado! Em certo sentido, podemos obter reacções semelhantes àquelas demonstradas por algumas pessoas que possuem uma particular crença religiosa ou de outro género. Não importa o âmbito donde vem! Claro que isto nem sempre se verifica, logo não podemos colocar o ser humano numa uniformidade, nem todos têm os mesmos comportamentos e nem todos concordam com as mesmas coisas, apesar de muitos serem pura e simplesmente levados na corrente da cultura onde nasceram e cresceram.

Por exemplo, quando falamos sobre estudos e pesquisas acerca de temas comummente chamados de paranormais, alguns têm por hábito argumentar que podemos ser críticos em relação a certos estudos científicos, e eu concordo, sim,isso é verdade, podemos e devemos ser críticos em relação a todos os estudos científicos, seja em que área for, mas quando começamos a ver sempre o mesmo comportamento de negação em relação a todos os temas que possam pôr em causa o materialismo (mesmo antes de analisarem os dados já estão a pôr em causa), começamos a ver uma tendência e verificamos que estes detractores não podem ser levados a sério.

Ora, é improvável que todos os investigadores (pessoas formadas em ciência) estejam enganados, e alguns desses investigadores estudam coisas e fenómenos completamente diferentes, é improvável que os estudos e meta-análises de tanta gente estejam todas erradas. E o mais curioso é que os “cépticos” sempre têm o mesmo comportamento: nunca encontram nada estatisticamente relevante e quando encontram dizem que não podemos tirar conclusões… Será que não podemos?! Ou então colocam umas palas e preferem não olhar. Na minha opinião, estes detractores não podem ser levados a sério e fico com a impressão de que uma boa parte destas pessoas que pesquisam os temas proibidos, essas pessoas que se atrevem e arriscam, apresentam trabalhos com mais rigor e qualidade do que nas outras áreas mais convencionais, e isso acontece precisamente porque sabem que a probabilidade de serem atacados é enorme, por isso esmeram-se. Eu tenho a certeza de que há por aí muitos estudos convencionais com muito menos qualidade e são mais duvidosos (uns já foram confirmados e, em relação a outros, fica a dúvida).

Convém também salientar que estes estudos são publicados em revistas científicas, portanto são sujeitos a revisão por pares, exactamente como acontece com os outros estudos das áreas mais convencionais, para além de terem sido já replicados por outros investigadores, e isso é importante. Por isso, existem critérios aqui, isto não é feito levianamente. Tinha dito que os investigadores eram pessoas com formação em áreas científicas, com qualificações, mas, se não me engano, para realizar e publicar estudos científicos não é necessário possuir um título académico, basta que o trabalho tenha qualidade e preencha os requisitos impostos, mas penso que, na prática, é provável que dêem mais oportunidades a pessoas que possuem títulos académicos e não encontramos muitos investigadores autodidactas.    

É importante também dizer que a ausência de evidência não significa evidência de ausência, como alguém dizia, mas alguns preferem completar esta frase dizendo que só aceitarão evidências extraordinárias! A sério?! Mas essa palavra extraordinário significa o quê?! Talvez signifique que estão prontos a aceitar evidências normais quando estas são provenientes de áreas também normais, mas depois em relação a estes temas, só aceitam evidências se estas forem extraordinárias, mas, penso eu, as evidências devem ter os mesmos critérios seja em que área for!

Tal como dizia, muitos preferem colocar umas palas e decidem não olhar para certas evidências quando estas não são bem-vindas. Por exemplo, há dias vi um estudo que usou ratinhos (pobres cobaias, experimentar em animais não é absolutamente necessário, segundo alguns),que mostrava que um dos coadjuvantes das vacinas provocava danos no organismo, mudanças comportamentais, danos cerebrais, quando era injectado dentro de um esquema semelhante ao das vacinas, e parece que as entidades competentes e a comunidade médica ignoraram completamente este estudo. Como não puderam atacar o estudo, decidiram então ignorá-lo. Qual deveria ter sido a atitude? A atitude correcta seria investigar melhor a situação e ir ao fundo da questão, mas decidiram simplesmente ignorar! E este padrão de comportamento também se verifica nos temas mais, digamos, paranormais. Preferem não olhar para certas evidências empíricas, estatísticas, que confirmam aquilo que não é bem-vindo...

Fico bastante surpreendido quando algumas pessoas abraçam certas certezas e metafisicas materialistas, com todas as suas falhas e problemas, paradoxos e lacunas na explicação de coisas que são importantes, e abraçaram-no como se fosse uma verdade demasiado evidente, mas quando é analisado à lupa, não sobrevive a uma análise crítica e racional.

Verificamos dois problemas: o cientificismo e o materialismo que, segundo alguns, pode ser entendido como uma superstição. Se a palavra superstição significa algo que se toma como verdade sem haver nenhum fundamento (cientificamente não consigamos provar, sendo até, segundo alguns, cientificamente inconsistente, e racionalmente filosoficamente encontramos problemas), portanto, se a palavra for usada nesse sentido, então também podemos usá-la para classificar o materialismo. O que mais me desagrada não é o facto de algumas pessoas terem abraçado metafisicas diferentes da minha, porque cada um é livre para acreditar no que quiser e eu respeito isso, mas eu não consigo aceitar que o materialismo nos seja apresentado como a única visão razoável e racional, e penso que não podemos tolerar que certas pessoas passem essa ideia para a sociedade.

A ciência estuda os padrões e as regularidades da natureza, faz previsões, é essencialmente profética, para além de outros aspectos e objectivos que tão bem conhecemos. E não esquecer que os modelos não são a realidade, nunca esquecer isto, por mais valiosos e práticos que possam parecer neste momento, certas coisas são apenas modelos interpretativos, usados para explicar, analisar, entender melhor e predizer fenómenos, porque nós não conseguimos ter a percepção sobre certas coisas, nem uma perspectiva total completa, embora possamos construir modelos sobre a realidade. E apesar de algumas limitações e críticas que alguns possam fazer à ciência, obviamente ela tem também a sua utilidade, as suas vantagens e essas são inegáveis. No entanto, determinadas pessoas às vezes deslumbram-se e enveredam por uma espécie de caminho semelhante ao fanatismo religioso (ou fanatismo de certos cultos, determinadas seitas e afins) e são igualmente intolerantes ao ponto de negar a utilidade e importância de outras áreas do conhecimento, e às vezes ouvimos declarações vindas de pessoas do meio científico, alguns bastante mediáticos, bastante doutrinários, pregadores de uma certa ideologia, que demonstram uma certa ignorância (ninguém é perfeito) mas também falta de bom senso. O pior que pode acontecer a alguém é especializar-se numa determinada área e esquecer, ou negar tudo o resto, limitando-se, radicalizando-se tal como alguns religiosos o fazem. Sabem muito sobre muito pouco e quase nada sobre tudo o resto (um grande resto), e isso pode se tornar um problema!
 



Extra: Um Universo que surge do nada!
 

 

1 comentário:

  1. Sabemos que qualquer tipo de lente ideológica, mundivisão, crença, etc, pode limitar ou distorcer a nossa visão da realidade. No caso de uma lente ideológica, principalmente quando esta é usada num grau elevado, isso pode levar a uma distorção ou negação dos factos da realidade, aliás como podemos verificar através do exemplo do feminismo, principalmente em relação aos movimentos e posições mais radicais, que caso sejam apoiados e transformados em medidas politicas e leis,inevitavelmente conduzirão a situações ditatoriais e verdadeiros atentados às nossas liberdades e direitos, para além de outras situações que são desconexas com a realidade, sem sentido e, na visão de alguns,até injustas. Mas qualquer ideologia pode descambar facilmente em coisas desnecessárias e às vezes até perigosas, exemplos não faltam. Por isso é sempre bom ter cuidado e refletir bem sobre as nossas posições e também as dos outros.

    E usando o parágrafo anterior como breve introdução, queria apresentar mais um exemplo que de certa forma enquadra-se no contexto da metáfora lente.

    Dentro destes temas denominados paranormais, é sempre prudente ser cético em relação aos céticos:

    https://www.youtube.com/watch?v=DkrLJhBC3X4

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