Alguns pontos a reter:
- Quando me refiro à violência,
falo em termos da perspectiva global. É certo que existem diferenças entre
países, diferenças entre comunidades e culturas, ou seja, a violência não está distribuída
de igual forma;
- Há muito a tendência também
para culpabilizar a religião. Para alguns, a religião aparece como a culpada de
todos os males do mundo. Na minha opinião, esta é uma perspectiva errada, a
culpa não é da religião em si, mas sim do fanatismo religioso. Não é a religião
(no seu sentido mais puro), mas sim algumas religiões que foram sendo
construídas na base de interesses, politicas, distorções (de algumas escrituras
também),um determinado contexto e algumas influências culturais de uma
determinada época (que já não se adequam aos nossos dias e hoje nos parecem erradas,
embora nem todas sejam assim tão erradas…). Portanto, foram sendo adicionados
elementos àquilo que inicialmente seria o essencial. Neste sentido, não podemos
dizer que, por exemplo, o cristianismo incitou à violência porque a mensagem
nunca foi essa! O perigo sempre esteve no aproveitamento das religiões e na
construção de elementos supérfluos! (inicialmente ou posteriormente) Também não
podemos confundir religião com espiritualidade. Dar um sentido à vida, ter uma
certa filosofia de vida, a crença ou convicção no sobrenatural ou em algo
transcendente, a crença num Deus ou simplesmente a crença numa realidade
última, tudo isso, por si só, não é o factor que gera a violência. Também não
podemos esquecer que “a cada dia” aparecem novas formas de espiritualidade,
muitas pessoas abandonam as religiões tradicionais mas abraçam outras
filosofias e formas de espiritualidade e essas geralmente não entram em algumas
estatísticas…
- Algumas pessoas insistem na
ideia de que existe uma natureza humana, supostamente imutável, é quase como se
fosse uma espécie de entidade sobrenatural obscura, difícil de definir e
incontornável, uma essência que é responsável também, neste caso, pela
violência. Esta visão, aparentemente inocente, é, na verdade, perigosa porque
estimula certas lógicas desaconselháveis e encerra uma série de problemas, por
exemplo, leva-nos a negligenciar as condições e factores que geram a violência e,
como consequência, a nossa atenção centra-se principalmente em leis, penas e
punições;
-Outro aspecto importante é que a
violência assume várias formas, não é somente física, mas também, em grande
parte, psicológica;
- A violência pode ser praticada
por ambos os géneros, existem estudos e dados sobre isso, apesar de haver a
tendência para noticiar e culpabilizar apenas um dos géneros (mas as coisas têm
lentamente vindo a mudar em relação a este tipo de divulgação);
Em relação à guerra, é uma forma
de violência, embora por vezes seja apenas defensiva, mas claramente é
evitável! Devo dizer que não sou especialmente simpatizante de coisas
relacionadas com o militar, etc. Não faz parte da minha maneira de ser nem da minha
filosofia e visão das coisas, mas neste momento, é este o mundo que temos e as
forças armadas têm uma função no mundo tal como o conhecemos. Contudo, o recurso
a intervenções militares tem sido, com frequência, totalmente irresponsável, servindo
interesses reprováveis e gerando por vezes consequências nefastas a longo
prazo. Espero que um dia tudo isso seja extinto e venha a ser substituído por
outras ideias mais avançadas.
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