terça-feira, 25 de agosto de 2015

Esoterismo, espiritualismo, ocultismo, metafisicas e questões fundamentais: Karma

Nota: Este artigo não pretende reduzir toda a realidade a um só conceito ou explicação, muito menos advoga um determinado tipo de prática como sendo “ a solução”. Trata-se apenas de um texto que fala sobre o conceito de Karma.


Há quem refira (talvez com razão) que este conceito de karma (do sânscrito), assim como tantas outras coisas, tem sido mal traduzido e interpretado pelo ocidente, embora haja orientalistas que são bastante mais rigorosos na altura de abordar a complexidade deste tema.  

Alguns apontam que a palavra lei (que muitas vezes pode surgir como metáfora ou não) simplesmente não é muito aplicável neste caso, primeiro porque não se trata de uma lógica simplista do tipo punição/recompensa (muito menos vingança) nem de uma justiça a ser feita. Também não tem um sentido moral (pelo menos não da mesma forma que nós geralmente o concebemos). Neste sentido, não é uma retribuição ou divida a ser resgatada, é algo que não se enquadra nesse tipo de analogias ou lógicas. É ainda, para outros, um mecanismo que nos mostra como são importantes os nossos comportamentos, e funciona, segundo essas pessoas, mais na base de uma aprendizagem interior, que é um processo individual, uma reflexão, vivência interna, no sentido de uma evolução em termos de uma consciência mais refinada.

Também, segundo alguns, não equivale a uma lei determinística, conforme o conceito de lei científica, lei natural comummente aceite no mundo ocidental (que originalmente foi o berço do pensamento cientifico actual).

Apesar de tudo isto, convém dizer que, no oriente, segundo pude perceber, quanto a este mesmo conceito de karma, existem vários e divergentes pontos de vista.

Resumindo, Karma é muitas vezes visto como uma “lei” não linear, que não é estritamente determinística, pois é algo mais fluido. A acção (a palavra karma significa acção) lança uma semente, a própria semente já contém a árvore e o fruto, mas a forma como a planta cresce depende de vários factores, o que significa que um determinado acontecimento inicial pode não produzir sempre o mesmo resultado. Convém também dizer que, dentro deste conceito, Karma está relacionado tanto com as chamadas boas acções como as más acções, ou seja, desde que haja uma intenção (seja ela considerada boa ou má), ou um desejo de obter um resultado, ficaremos igualmente acorrentados à tal roda (Samsara), um ciclo de morte e renascimento. Muitos acreditam que esta é a visão mais correcta e a interpretação mais próxima à ideia original.

Independentemente das possíveis consequências (kármicas ou não) dos nossos comportamentos, para mim, o mais importante é estimular e despertar uma certa sensibilidade nas pessoas, para que elas sejam capazes de sentir empatia em relação aos outros, para que haja algum respeito e uma certa conexão com as necessidades e problemas dos outros. Que o comportamento não seja apenas baseado no medo de uma possível “punição” futura, mas antes e principalmente que seja baseado num sentimento genuíno e numa incapacidade ou dificuldade em fazer mal aos outros, intencionalmente. Do género " não faço porque a minha consciência não permite”, “ não faço porque não me sinto bem com isso”.


Sugestão: Abrir a caixa de comentários do anterior artigo publicado e ler o conteúdo. O diálogo aí estabelecido levou à colocação de importantes questões que complementam esta publicação sobre o conceito de Karma.


Alan Watts, por exemplo, propõe-nos a seguinte visão do conceito:




Sem comentários:

Enviar um comentário