domingo, 30 de agosto de 2015

Esoterismo, espiritualismo, ocultismo, metafisicas e questões fundamentais: Outras realidades, Deus e ciência

Segue-se um conjunto de respostas a algumas das mais frequentes afirmações e posições acerca destes temas:

“ A ciência não admite a existência de outras realidades, a única realidade é a matéria que conhecemos”

A ciência não pode (ou não deveria) assumir posições metafisicas materialistas porque não existe nenhuma lei que descarte a possibilidade da existência de outras realidades, as leis da ciência não dizem nada a esse respeito! Para além disso, se encararmos determinada crença religiosa (ou outra) como uma mera crença, também podemos estabelecer que o materialismo é mais uma crença, e apesar de muitas vezes ser confundido com a ciência, ele nada tem a ver com a ciência, não existe nenhuma verdade científica que exclua outras realidades, visões e até interpretações da realidade (principalmente dentro do âmbito da mecânica quântica, mas não só…).

Outro facto curioso é que alguns dos principais pais fundadores da ciência foram fortemente influenciados por ideias religiosas, aliás nós podemos encontrar essas influências na linguagem e nos modelos da ciência. Esses primeiros fundadores foram influenciados pelos gregos e também pela tradição judaico-cristã: as leis da natureza, as leis da física, imutáveis e criadas por Deus desde o início do tempo, são também leis divinas, assim como as leis morais. Por isso, conhecer essas leis era ter acesso à mente, aos pensamentos de Deus, aquele que desenhou e criou tudo quanto existe, aliás, segundo alguns, Deus seria o grande arquitecto; uma concepção do tempo que é linear, ao contrário da perspectiva cíclica do tempo, que era partilhada por outras culturas; a influência também está presente no próprio modelo mecanicista, o criador e a máquina, o criador e o artefacto, portanto um mecanicismo onde Deus era uma espécie de relojoeiro. Claro que depois arranjaram maneira de eliminar o criador, estava a ocupar demasiado espaço, e ficámos apenas com um artefacto…

Confesso que há muita gente (cépticos) a dizer coisas realmente interessantes (e digo isto sem qualquer tipo de ironia), colocam questões importantes e por vezes suas críticas são construtivas, produtivas e alertam-nos para certas situações, mas também, é um facto, algumas dessas mesmas pessoas conseguem dizer coisas com as quais eu não posso nem devo concordar! Fazem generalizações abusivas e tocam em temas sobre os quais aparentemente pouco entendem, contribuindo para alimentar o preconceito e a desinformação sobre esses mesmos temas! O problema é que a maior parte dessas pessoas não são isentas (nem um pouco), todos nós temos a nossas inclinações… Os debunkers (aliás, o próprio nome já diz tudo) possuem uma ideologia particular e alguns têm sido já desmascarados pela sua falta de seriedade! Há uma agenda, essas pessoas não estão interessadas em buscar nenhuma verdade e isso é triste!

Em relação aos fenómenos religiosos/místicos, não penso que possamos afirmar de forma redutora que tudo se resume a histórias de gente perturbada, ilusões ou uma qualquer hipóxia cerebral...

“ A teoria da evolução das espécies não é condizente com a existência de um Deus criador”

Quanto à teoria da evolução das espécies, na minha óptica, a teoria não exclui a possibilidade da existência de um criador.

No entanto, se concordarmos que não faz nenhum sentido conceber um criador, isso continua a deixar espaço para conceber qualquer tipo de “criador”, mas não um criador no sentido de ser um fabricante de coisas, um artesão. Podemos então pensar seriamente numa essência profunda de todas as coisas, uma derradeira realidade, que permeia tudo, transformando-se em tudo e, ao mesmo tempo, sendo a raiz de tudo quanto existe. É uma criatividade que se manifesta (pensada por alguns, intuída e até experienciada por outros). Mas definir essa essência pode ser uma tarefa bastante difícil porque é algo que não consegue ficar restringido aos nossos conceitos, não pode ser adequadamente explicado através da nossa linguagem. Está fora do tempo e do espaço, mas é também o próprio Universo que vivenciamos aqui e agora.

Há também várias formas de olhar a realidade, podemos olhá-la de várias maneiras, mas existem três maneiras, ou tradições principais, formas de ver a realidade: a primeira encara o Universo como um mecanismo, uma máquina; a segunda encara tudo como sendo um organismo; a terceira encara tudo como se fosse uma peça de teatro. De todas estas visões, a primeira não satisfaz completamente.

“ Dizer que existem mais realidades e seres para além da matéria, tudo isso são meras especulações, suposições”

Na minha opinião, não são apenas meras suposições, elas partem de alguma base… mas, na verdade, o que não são suposições, pressupostos? Neste momento, nada me garante que eu não esteja a sonhar. A realidade da própria vida também pode ser vista como apenas uma mera hipótese porque, contrariamente ao que pensamos, tudo pode se resumir a um sonho! Quando estamos a sonhar, acreditamos que tudo é real, geralmente não duvidamos, mas depois despertamos para outra realidade, aquela que acreditamos ser a nossa e inteiramente real. Talvez seja um sonho dentro de outro sonho maior chamado vida.

“Se existisse um Deus, então não haveria lugar para o livre arbítrio”

Bem, tudo depende do conceito de Deus, talvez o ser humano não seja um completo fantoche! (para muitos, o seu conceito de Deus inclui livre arbítrio). Mas, curiosamente, alguns ateus defendem que o livre arbítrio é uma ilusão…


Em relação a este e a outros assuntos, finalizo dizendo o seguinte:


Certamente, não tenho respostas para tudo, tenho minhas dúvidas também, e com toda a sinceridade, pessoalmente, não posso dizer que tenha conseguido até agora experienciar directamente outras realidades (nunca de uma maneira suficientemente satisfatória, embora, no passado, tenha havido alguns raros episódios estranhos…), isso é um ponto importante! Neste sentido, posso dizer que sou um ignorante! Tem de haver rigor e seriedade máxima quando se abordam estes temas, sempre! Essa é a minha posição! Não invento nada nem pretendo ser leviano. Apenas posso dizer que as minhas suspeitas, digamos assim, não são motivadas por nenhum fervor religioso, mas antes pelos resultados de uma procura genuína (tento que essa procura seja neutra, embora não seja inteiramente possível, admito! Quase ninguém consegue ser completamente neutro…), alicerçada numa curiosidade e interesse pelo desconhecido, uma investigação (nunca acabada) como qualquer outra! Portanto aqui entrou pesquisa de vários assuntos, reflexão, e sobretudo, ouço aquilo que os outros têm para me dizer, escuto atentamente os testemunhos daqueles que passaram por certas experiências, embora eu sempre diga que não sou nem serei especialista de nada. Se todas estas coisas podem ser consideradas como sendo as tais evidências, é coisa discutível. Mas, cada vez mais me convenço de que a única e derradeira evidência é a experiência directa das coisas, muito mais do que argumentos, teorias ou raciocínios. Essa é a única coisa que nos pode realmente convencer, apenas a nós próprios, claro.


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