quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Liberdade e Autoridade


Vivemos numa sociedade ainda muito obcecada com a ideia de autoridade e, muitas vezes até inconscientemente, isso motiva abusos e outras coisas desagradáveis, mas logicamente há uma razão para essas formas de autoridade existirem e, neste momento, talvez algumas façam sentido existir (algumas mas não todas) enquanto não se toma consciência da confusão que é esta coisa a que chamamos civilização actual. Portanto, como é dito no vídeo e com uma certa razão, certo tipo de autoridade (muitas delas são até completamente desnecessárias e outras merecem ser questionadas) nasce ou é criada a partir do nosso próprio desnorte enquanto indivíduos e, na minha opinião, principalmente enquanto sociedade. Ao criar uma autoridade, criamos também uma forma de prisão e violência contra nós próprios e às vezes criamos também uma aversão, resistência, fricção e desprezo em relação a essa mesma autoridade… Por outro lado, se, por vontade colectiva, criarmos um meio mais harmonioso e com umas filosofias diferentes das actuais, passamos a viver um outro tipo de modas, digamos assim, que, ao “contaminarem-nos”, gradualmente transformam a própria ideia de autoridade numa coisa obsoleta!  

Por exemplo, reparem como a autoridade passou da religião para a ciência e a ciência se transformou rapidamente numa nova autoridade. Evidentemente, a ciência é necessária e também é necessária uma certa organização do conhecimento, mas tudo começou a ser visto com o mesmo prisma, ou seja, são as leis da física, as leis da natureza, as leis disto e daquilo. Por detrás de tudo, há sempre uma obsessão com a ideia de autoridade e obediência e isso muitas vezes dá lugar a atitudes não muito boas.

Como conclusão, podemos dizer que quase todas as formas de autoridade são adulterações, são coisas antinaturais e, com o tempo, rapidamente podem prejudicar-nos e voltar-se contra o cidadão que foi habituado a encarar essa autoridade como algo natural. Um certo tipo de autoridade apenas se torna necessária enquanto o meio (no qual vivemos) for de má qualidade e a civilização insistir em alimentar um sem-número de mentalidades, filosofias e aspectos culturais. Com a gradual mudança do meio, a existência de um certo tipo de autoridade irá cada vez mais perder a importância, sendo reduzida com o tempo e podendo até mesmo desaparecer, dando lugar a um outro tipo de organização…

Se é verdade que há pessoas que nascem com umas inclinações que as predispõem para certo tipo de comportamentos desagradáveis, então também podíamos dizer que o seu “interruptor” só será ligado se existir uma mão para o ligar (neste caso, a mão será o meio social e cultural onde essa pessoa nasce e vive). Poderão existir sempre excepções a esta lógica e eu não sou portador de verdades absolutas, também não sei tudo, mas sem dúvida que o meio joga um papel demasiado importante em “ligar e desligar interruptores”… (ou então, se preferirem, “ligar e desligar botões”). Por exemplo, sem entrar em crimes considerados violentos, podemos falar de uma situação que se vê muito por aí e que muitas vezes tem consequências mais graves do que se imagina: são assuntos relacionados com o assédio moral, o bullying, etc (e estas coisas são, sem dúvida, um produto bem trabalhado e criado pelo meio e por muitas das filosofias e crenças do meio em que vivemos, mesmo quando depois toda a gente condena e pune estes comportamentos). Podemos dizer que certas pessoas quase que sentem um prazer sádico em destruir os outros, seja pela razão que for, e fazem-no também porque têm as tais condições para o fazer. No entanto, facilmente envolvidos pela corrente e até pelas suas próprias frustrações pessoais, vendo alguém vulnerável, podemos ter outras pessoas a juntar-se à “festa”, pessoas que inicialmente julgávamos que nunca seriam capazes de o fazer ou não teriam perfil para isso. Quer dizer, existe uma quantidade de condições e factores que fazem “milagres” e o meio tem a capacidade de fazer milagres no bom e no mau sentido!







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