Vivemos numa sociedade ainda
muito obcecada com a ideia de autoridade e, muitas vezes até inconscientemente,
isso motiva abusos e outras coisas desagradáveis, mas logicamente há uma razão para
essas formas de autoridade existirem e, neste momento, talvez algumas façam
sentido existir (algumas mas não todas) enquanto não se toma consciência da
confusão que é esta coisa a que chamamos civilização actual. Portanto, como é
dito no vídeo e com uma certa razão, certo tipo de autoridade (muitas delas são
até completamente desnecessárias e outras merecem ser questionadas) nasce ou é
criada a partir do nosso próprio desnorte enquanto indivíduos e, na minha
opinião, principalmente enquanto sociedade. Ao criar uma autoridade, criamos
também uma forma de prisão e violência contra nós próprios e às vezes criamos
também uma aversão, resistência, fricção e desprezo em relação a essa mesma
autoridade… Por outro lado, se, por vontade colectiva, criarmos um meio mais
harmonioso e com umas filosofias diferentes das actuais, passamos a viver um
outro tipo de modas, digamos assim, que, ao “contaminarem-nos”, gradualmente
transformam a própria ideia de autoridade numa coisa obsoleta!
Por exemplo, reparem como a
autoridade passou da religião para a ciência e a ciência se transformou
rapidamente numa nova autoridade. Evidentemente, a ciência é necessária e
também é necessária uma certa organização do conhecimento, mas tudo começou a
ser visto com o mesmo prisma, ou seja, são as leis da física, as leis da
natureza, as leis disto e daquilo. Por detrás de tudo, há sempre uma obsessão
com a ideia de autoridade e obediência e isso muitas vezes dá lugar a atitudes
não muito boas.
Como conclusão, podemos dizer que
quase todas as formas de autoridade são adulterações, são coisas antinaturais e,
com o tempo, rapidamente podem prejudicar-nos e voltar-se contra o cidadão que
foi habituado a encarar essa autoridade como algo natural. Um certo tipo de
autoridade apenas se torna necessária enquanto o meio (no qual vivemos) for de
má qualidade e a civilização insistir em alimentar um sem-número de
mentalidades, filosofias e aspectos culturais. Com a gradual mudança do meio, a
existência de um certo tipo de autoridade irá cada vez mais perder a
importância, sendo reduzida com o tempo e podendo até mesmo desaparecer, dando
lugar a um outro tipo de organização…
Se é verdade que há pessoas que
nascem com umas inclinações que as predispõem para certo tipo de comportamentos
desagradáveis, então também podíamos dizer que o seu “interruptor” só será
ligado se existir uma mão para o ligar (neste caso, a mão será o meio social e
cultural onde essa pessoa nasce e vive). Poderão existir sempre excepções a
esta lógica e eu não sou portador de verdades absolutas, também não sei tudo,
mas sem dúvida que o meio joga um papel demasiado importante em “ligar e
desligar interruptores”… (ou então, se preferirem, “ligar e desligar botões”).
Por exemplo, sem entrar em crimes considerados violentos, podemos falar de uma
situação que se vê muito por aí e que muitas vezes tem consequências mais
graves do que se imagina: são assuntos relacionados com o assédio moral, o bullying,
etc (e estas coisas são, sem dúvida, um produto bem trabalhado e criado pelo
meio e por muitas das filosofias e crenças do meio em que vivemos, mesmo quando
depois toda a gente condena e pune estes comportamentos). Podemos dizer que
certas pessoas quase que sentem um prazer sádico em destruir os outros, seja
pela razão que for, e fazem-no também porque têm as tais condições para o fazer.
No entanto, facilmente envolvidos pela corrente e até pelas suas próprias
frustrações pessoais, vendo alguém vulnerável, podemos ter outras pessoas a
juntar-se à “festa”, pessoas que inicialmente julgávamos que nunca seriam capazes
de o fazer ou não teriam perfil para isso. Quer dizer, existe uma quantidade de
condições e factores que fazem “milagres” e o meio tem a capacidade de fazer
milagres no bom e no mau sentido!
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