Este tema já foi abordado numa
publicação anterior, mas podemos dizer que o fenómeno de Fátima (antigo e
moderno) desperta sempre alguma curiosidade. Em relação a ele, podemos fazer
muitas críticas (nem todas são positivas, é certo), podemos fazer (ou tentar)
muitas interpretações: considerar a hipótese de se tratar de uma egrégora; algo
relacionado com o fenómeno OVNI; aparição mariana; aparição de um ser
celestial; podemos também preferir uma explicação mais racional, como alguns
gostam de lhe chamar (principalmente no que toca ao chamado milagre ou
milagres);etc.
Apesar de tudo isso, é importante
salientar que o culto à Deusa e a entidades semelhantes já existia mesmo antes
do cristianismo, em contexto pagão, e este tipo de seres sobrenaturais já não
são propriamente coisas novas dentro de uma perspectiva histórica e
antropológica. Por isso, acreditando que são aparições reais (suponho que sejam
porque, reflectindo um pouco sobre o assunto, não parecem ser alucinações
colectivas, apesar de muita gente cair no erro de medicalizar tudo, e acho que
isso é um problema na nossa sociedade actual. Já não é o diabo que aparece como
explicação, mas sim a alucinação, etc), é algo que acompanha a humanidade há
imenso tempo e, assim como acontece com outro tipo de fenómenos, na minha
opinião, nada tem a ver com a religião x ou y, porque antecede a própria
religião. A religião veio mais tarde e apropriou-se destes fenómenos, muitas
vezes distorcendo ou adicionando coisas.
Há quem diga que sempre que
tentamos interpretar este tipo de fenómenos, com ou sem religião, corremos o
risco de adulterá-los, quando simplesmente deveríamos vivê-los sem esse tipo de
interferência, vivê-los no seu estado puro. Penso que podemos sempre tentar ser
neutros, mas talvez isso não seja sempre inteiramente possível. A cultura (esta
ou outra) molda a forma como olhamos para a realidade. Para além disso, à
medida que o tempo passa, a maneira como olhamos para as coisas pode mudar
consideravelmente, dependendo da idade (biológica) e outros aspectos.
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