segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Os Três Pilares

(sobre saúde e não só)

Na minha opinião, existem três pilares essenciais que ajudam a ter uma boa saúde. Na verdade, existem muitos mais aspectos essenciais e não podemos esquecer os aspectos mentais, emocionais e a importância de uma vida sem stress (talvez não seja possível eliminá-lo sempre, mas pelo menos convém diminui-lo). Mas se é verdade que as emoções e os pensamentos podem influenciar o corpo, também é verdade que, ao violar e negligenciar estes três pilares, dificilmente conseguiremos obter o estado mental e emocional desejado! E por isso decidi escolher estes três pilares, porque começar pelo corpo é sempre mais fácil do que começar por outro sítio qualquer.

Também é importante referir que, ao cumprir e respeitar estes três pilares (o que por vezes nem sempre acontece e pode ser simplesmente por desleixo ou por outras razões), não estaremos completamente imunes a tudo o que possa existir! É certo que eles são uma grande ajuda e estaremos a prevenir uma série de situações, mas infelizmente não conseguimos controlar todos os factores.

O estilo de vida e o meio são muito importantes. O meio é de extrema importância porque é ele que pode “ligar ou desligar certos botões” e incluo aqui também o meio social! E eu até diria mais: se quiséssemos construir uma nova civilização (a tal), iríamos ter muitas surpresas, não só porque teríamos comportamentos realmente ecológicos e viveríamos num meio muito mais limpo e verde, mas também porque socialmente faríamos um upgrade que estaria mais de acordo com as nossas possibilidades e conhecimentos actuais (uma nova humanidade) e isso só nos poderia trazer grandes vantagens.

Têm-se realizado algumas mudanças a nível ambiental e ecológico e principalmente fazem-se muitas promessas! Contudo, muito mais podia ser feito e lamentavelmente certos interesses continuam a falar mais alto… A verdade é que não estamos no bom caminho! Quanto ao resto (aspectos sociais, etc), nem vale a pena falar… A teimosia infelizmente irá trazer-nos ainda mais dissabores!

A saúde é influenciada por todos estes factores, e quem ainda tiver uma visão reducionista das coisas, esqueça! Está completamente enganado!

E porque valorizamos muito a nossa saúde e a da comunidade (mesmo sabendo que as nossas simpatias não se estendem a todos), é importante não esquecer que muitas vezes são os pequenos pormenores que fazem a diferença e muito se fala sobre promoção da saúde e prevenção da doença, mas por vezes é mais conversa do que prática (é apenas uma opinião pessoal). Depois sempre preferem investir quase tudo no grande aparato, na complexidade, nas grandes soluções (nem sempre tão boas), mas na simplicidade investe-se muito pouco! É um pouco como aquele problema dos fogos florestais, em que nunca é dada a devida importância às medidas de prevenção.

Reconheço que evoluímos muito tecnicamente, hoje em dia controlamos muitas doenças, vivemos mais tempo (em média), mas nem tudo são maravilhas, nem todos os argumentos orgulhosos fazem sentido e ficamos sempre com a sensação de que muito mais podia ser atingido… (ah, e sempre muita cautela, porque de vez em quando aparecem por aí uns abutres oportunistas oferecendo ajuda…)


Portanto, voltando um pouco atrás, e não sendo propriamente novidades, aqui estão os três pilares:

-Sono reparador: é de grande importância ter um sono de qualidade. Durante o sono, tudo abranda e, para além de outras razões que já estão mais do que estudadas, acredito que estamos ligados a algo e através dessa ligação recarregamo-nos energeticamente (é apenas uma desconfiança ou sensação muito pessoal). Por vezes as melhores ideias criativas aparecem precisamente quando acordamos depois de termos dormido uma noite inteira ou então surgem naquela fase entre o sono e a vigília (e sempre de forma espontânea). É certo que essas ideias criativas podem aparecer em muitas outras situações e contextos, e talvez haja um aspecto comum a todas essas situações, mas fica a sensação de que o sono tem algo de estranho…Terá a mente mais liberdade nesse momento? Poderá a mente viajar? Será que quando acordamos esquecemo-nos do essencial? E o que dizer sobre os sonhos?

- Alimentação saudável: para além de uma boa hidratação, é importante ter uma dieta equilibrada que nos forneça as quantidades necessárias de nutrientes (e neste aspecto, em relação às quantidades recomendadas de certos nutrientes, nem todas as opiniões são unânimes). É também importante referir que os suplementos existentes na forma de comprimidos, vitaminas, por exemplo, podem ser benéficos nalgumas situações, mas nada substitui os alimentos vivos e de qualidade! Porque os alimentos, esses sim, são completos, têm tudo! O alimento funciona como um todo e o comprimido não, pois falta-lhe sempre muita coisa. Por isso convém sempre comer alimentos, com a excepção da vitamina D que dificilmente será obtida nas quantidades adequadas através de alimentos, e aí só há duas opções: exposição solar ou suplementos. Se a exposição solar não for possível e no caso de não haver problemas em tomar a vitamina D (contra-indicações), sendo necessário, é sempre uma boa opção tomar um suplemento (inclusivamente, poderá ser feita uma análise de sangue para verificar quais são as suas necessidades de vitamina D). Há entidades que recomendam tomar 1000 UI diárias e há também quem recomende tomar menos. Uns estabelecem 1000 UI como limite, outros referem que 2000 UI deve ser o limite quando tomado sem orientação médica e há também aqueles que defendem que é seguro tomar mais do que 2000 UI. Mas, mais uma vez, tudo poderá depender das necessidades específicas de cada pessoa. Já quando a conversa é exposição solar, o organismo consegue produzir naturalmente muito mais do que 1000 UI, mas aí a história é diferente.

Consumir alimentos, de preferência orgânicos e de qualidade ou então, na impossibilidade de consumir apenas este tipo de alimentos, incorporar pelo menos alguns na dieta. E isto é um problema porque a maior parte das pessoas não tem possibilidade de consumir muitos destes alimentos. E neste aspecto penso que muito mais podia ser feito no sentido de tornar estes alimentos mais acessíveis. Temos conhecimentos e condições para isso, mas andamos movidos por “motores” desaconselháveis e, segundo alguns, isto é mais um problema de mentalidades e não tanto um problema técnico.

E para quem procura algum reforço, sempre pode tomar ou acrescentar à sua dieta alimentos especiais que são muito ricos e completos, tais como o pólen ou a geleia real, etc (atenção, quem for alérgico ao pólen ou a produtos de colmeia, terá de escolher outro tipo de alimentos que sirvam de reforço).

- Exercício físico: exercício adequado e adaptado às capacidades e possibilidades de cada um, e é importante uma boa gestão para não gastarmos muito mais energia do que aquela que possuímos. Deve se ter atenção aos exageros, cuidado com os exageros, e certas coisas devem ser muito graduais.

O movimento é também uma forma de arte. Tudo tem a sua técnica e arte, e a mente está muito envolvida em tudo isto. Podemos dizer que de certa forma o exercício pode ser encarado como uma espécie de alquimia interna (e há tradições que defendem precisamente isto). Durante o exercício, é gerado um calor interno que depois serve para fortalecer, por exemplo, o sistema imunitário e o organismo é também estimulado de várias outras maneiras. Os benefícios podem ser imensos (isso está mais do que provado através de vários estudos científicos). Logicamente, se alguém estiver, por exemplo, a arder em febre, não vai meter-se a fazer exercícios extenuantes. É necessário usar o bom senso, saber gerir e dosear as coisas e há situações e momentos que pedem descanso e outros que possibilitam a realização de exercícios.

É necessário pôr a energia a circular (metaforicamente falando ou não…), para não estagnar. Até porque o ser humano não foi feito para estar parado! Não somos vegetais!


Queria terminar dizendo algo que já tinha dito anteriormente num comentário aqui publicado:

Com a verdadeira mudança civilizacional (a tal), a medicina começa onde pode e deve começar: no bom senso de construir comunidades saudáveis a todos os níveis! Desde a agricultura, passando pela arquitectura, até a outros aspectos que hoje são negligenciados na prática. Tudo é encarado segundo uma determinada perspectiva: como sendo diferentes facetas de uma mesma coisa, tudo é abordado com um mesmo objectivo e esse objectivo é óbvio! E tudo (ou quase tudo) pode ser uma forma de arte. E a filosofia está presente em tudo. Mas temos sempre a tendência para isolar e separar demasiado as coisas e há até algumas pessoas que chegam ao ponto de dizer que a filosofia e a ciência são coisas distintas! Serão mesmo? Alguém me pode dizer o que é que não saiu do útero da filosofia? Outra questão é a seguinte: Será que a expressão máxima do ser humano é montar empresas e fazer negócios? Para que serve a economia (esta)? Quais são as bases que a sustentam? Está realmente a fazer-nos bem? O que é que realmente queremos? Qual é o nosso objectivo? É este o caminho que realmente queremos seguir? E se não está mais de acordo com as nossas necessidades, então qual é a alternativa? Este tipo de organização serve os nossos interesses? (dizem que isto é democracia).

Tal como dizia um grande compositor numa entrevista dada há pouco tempo (um daqueles que não entende nada de partituras, um autodidacta que se conecta directamente com a música, porque afirma que ela está em todo o lado. Alguém verdadeiramente inspirado), devemos investir na beleza, na harmonia, e muitas vezes o que vemos acaba por ser no fundo o resultado desse desinvestimento. Pois, realmente, o ideal seria apostar no melhor, mas a verdade é que continuamos a investir em criancices! O mundo está globalizado, temos de reconhecer que há países melhores do que outros em determinados aspectos, mas, na minha opinião, o modelo básico é igual! Por isso, penso que não importa aqui pensar apenas localmente, é necessário ter uma visão global, porque tudo influencia tudo e a nossa pátria deve ser o mundo!

E ainda sobre aquele compositor, dizia ele que, durante o seu processo criativo, nunca sabe o que vai fazer a seguir, ou seja, deixa-se levar por algo que, segundo a sua opinião, é maior do que ele próprio, transformando-se assim num canal através do qual a música se manifesta. Para alguns, a sua música é a música das esferas, digamos assim, é algo de muito superior, inspirador e positivo (bem, são opiniões, mas eu até concordo!). E tudo isto quer dizer que ele nunca deixa o seu pensamento atrapalhar demasiado esse processo criativo porque, na sua opinião, o pensamento limita muitas possibilidades. E também, acrescento eu agora, existe outra situação: quando queremos ser demasiado o protagonista, esse protagonismo atrapalha o processo. É que não somos assim tão importantes! A obra ou a criação poderá ser muito mais importante!

Outra situação é ainda a cultura e a cultura não é necessariamente o que as pessoas pensam e não exige obrigatoriamente cursos superiores e, de facto, títulos académicos podem não significar muito… Para mim, cultura é quando alguém está ou esteve exposto a um grande número de ideias ou informações (seja na forma de arte ou não), mesmo que essas ideias ou informações às vezes sejam muito diferentes entre si. Isso é uma vantagem em vários sentidos. Ninguém pode saber tudo, mas se tivermos uma ideia geral sobre várias coisas, isso já é um bom princípio. E muitos que se julgam grandes intelectuais demonstram por vezes pouca abertura de mente e continuam limitados por uma determinada linha de pensamento e não há nenhuma lei natural que os impeça de aceitar outras alternativas, essas alternativas não violam nada, antes pelo contrário! Por outro lado, as restantes pessoas deviam aproveitar a internet para, com algum critério pelo menos, explorar as várias ideias, porque isso pode mudar perspectivas.

Mas voltando mais ao tema central desta publicação, no que diz respeito à saúde, novas atitudes, novas filosofias, novas formas e abordagens aparecerão e outras serão melhor entendidas, exploradas, aproveitadas e combinadas de forma mais eficaz. Subtileza! subtileza!

O caminho faz-se pensando num sistema integral que tenta não deixar nada de fora, sem deixar de ser prático.  

O foco principal vira-se não só para os problemas do individuo, mas também para o meio e desta vez de forma mais eficaz e genuína.

O conceito de saúde tem de ser realmente entendido como algo abrangente (do papel para a prática). Tudo será realmente importante.

Um novo entendimento do corpo e da consciência poderá nascer, também o retomar de velhas ideias, mas exploradas e desenvolvidas de uma forma nunca antes vista. Novas possibilidades se abrem e a convergência com outras áreas do conhecimento.


É necessário também saber que a tecnologia, também os procedimentos “estandardizados”, a pesquisa, a grande pesquisa e a estatística (que muitas vezes também dependem de interpretações) -tudo isso é importante, mas nem tudo é número, nem tudo é gaveta e cada pessoa é uma pessoa. Por outro lado (ou pelo mesmo lado), o corpo tem várias partes, isso é um facto. No entanto, o corpo não é uma máquina, o corpo é um organismo! E às vezes isso parece que é esquecido…



4 comentários:

  1. Belo artigo!
    Concordo com os teus "três pilares". Eu adicionar-lhe-ia um quarto, a "meditação". O que é engraçado é que eles estão interligados... uma pessoa que pratique desporto tende a dormir melhor e uma pessoa com uma boa alimentação tende a ter um melhor rendimento desportivo. Eu, confesso, não sou nenhum exemplo no que respeita à concretização dos "pilares". Praticamente não pratico desporto e a minha alimentação é tudo menos saudável. Mesmo assim sinto-me bem, mas acredito que mais tarde podem haver consequências... vou ver se mudo isso um bocado :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Danny,
      Obrigado.
      Em relação à meditação, ela pode muito bem ser incorporada no exercício que se está a realizar, seja ele qual for, chama-se meditação em movimento e é muito mais fácil do que a meditação clássica em que a pessoa está sentada. Muitas vezes, durante o exercício, isso acontece espontaneamente porque acabas por ser "obrigado" a focar a atenção. Para além disso, acredito que a maior parte das pessoas não tem condições nem paciência para meditar sentada durante muito tempo e muitas vezes acaba por ser contraproducente...
      Em relação à prática de exercício, não tem necessariamente de ser desporto, porque o desporto implica competição, não é? E a competição às vezes estraga tudo...Penso que a prática de exercício não competitivo é uma boa opção e adequa-se melhor a certas pessoas e situações. Com isto não quero dizer que o desporto também não possa trazer coisas boas,e eu até gosto de desporto e seria excelente que a competição ficasse apenas limitada ao desporto, mas infelizmente ela está em todo o lado...
      Quanto aos pilares (estes e outros), ninguém é perfeito, mas faço então votos para que tenhas sucesso nessas mudanças que tu achas que são necessárias ;) ( o exercício pode ser um prazer também, é importante desfrutar, não tem de ser uma obrigação...)

      Abraço.

      Eliminar
  2. A propósito do sono, um dos pilares da saúde, queria deixar aqui ficar um vídeo que nos apresenta uma perspectiva diferente, baseada em informação sobre o nosso passado.

    https://www.youtube.com/watch?v=016YmH7fItQ

    Esta informação histórica parece de certa forma contrariar aquilo que diz a ciência médica actual (uma boa parte dela). Parece haver aqui um padrão de sono que foi sendo alterado à medida que as nossas sociedades foram-se transformando. É inegável que a nossa qualidade de sono é fundamental para termos uma boa saúde, e devemos dormir uma quantidade de horas suficiente, sem demasiadas interrupções durante esse período de sono. No entanto, tendo em conta a informação apresentada no vídeo (e não só), penso que talvez não haja uma regra rígida para todos, porque nós não somos todos iguais e existem factores que também devem ser levados em conta, e por isso algumas pessoas podem, por exemplo, precisar de dividir o sono em duas partes. Pode não ser muito conveniente e útil, principalmente tendo em conta o modelo de civilização que possuímos e o estilo de vida, mas se não traz nenhuma consequência negativa para a saúde, então devemos encarar as coisas de outra forma.

    Mas, pergunto eu, assim como acontece em relação a este aspecto do sono, quantas mais situações serão erradamente classificadas como sendo anormais?

    Vivemos em sociedades onde existe um sistema que obriga o individuo a produzir (ou a oferecer e valorizar apenas certo tipo de serviços que são oferecidos apenas de uma determinada maneira) e essa ideia de produção está de acordo com um determinado paradigma e, portanto, exige uma adaptação, é necessário que uma pessoa funcione dentro desse sistema montado, caso contrário ela não produzirá nada e será tachada de anormal ou disfuncional, etc. Neste sentido, os esquemas e contextos culturais, assim como esse sistema/paradigma de sociedade que eu referi, oferecem-nos os critérios para podermos classificar, fazer distinções. São por isso interpretações unilaterais e muitas vezes aparecem com a ajuda daquilo que muitos chamam de medicalização da sociedade (no sentido negativo).



    ResponderEliminar
  3. É preciso salientar que em muitos casos, ao forçar essa adaptação, as consequências podem ser bastante desagradáveis e prejudiciais para certos indivíduos. Evidentemente, a pressão para essa adaptação é forte, em primeiro lugar porque o individuo precisa de ter uma remuneração para sobreviver; em segundo lugar porque também em principio a maior parte das pessoas não está interessada que lhe seja atribuída uma qualquer classificação humilhante e estigmatizante. Estas e outras razões podem levar o individuo a temer e a ajustar-se custe o que custar! Dá-se assim uma uniformização, existe uma conformidade em relação a uma determinada maneira e dinâmica das coisas.

    O nosso julgamento e crítica pode muitas vezes estar assente em critérios dúbios e aquilo que consideramos errado pode necessitar de uma abordagem mais cuidadosa, multidisciplinar se quisermos. Possuímos algumas certezas e convencimentos, mas a História (e não só) dá-nos algumas lições e mostra-nos que os conceitos e as certezas estão sempre a mudar.

    O desrespeito, ou incompreensão de certas características do individuo (assim como algumas formas de pensar, sentir e agir), leva ao estabelecimento de categorias de diria anormalidade. Isto é um tema complexo onde se mistura muita coisa, mas não raras vezes há esse desrespeito e também me parece que existe um entendimento superficial sobre certos assuntos.

    Por um lado, temos as consequências nefastas da adaptação, que logicamente são anormais no sentido em que se gerou um certo desequilíbrio dentro do individuo, sob vários aspectos. Por outro lado, temos essas tais características individuais que referi anteriormente. Por isso, poderíamos introduzir aqui algumas perguntas: numa dada situação, quanto de algo é normal e quanto é anormal? Quanto de algo é característica e quanto é consequência?

    A desadequação, o desajuste de muitos, a inadaptação é muitas vezes considerada anormalidade absoluta, mas pode ser tão anormal quanto o facto de termos uma girafa forçada a viver no habitat de um crocodilo ou de um animal que vive, por exemplo, na alta montanha. A girafa provavelmente não se adaptará e terá consequências, por isso essa inadaptação é uma consequência natural e poderá ser corrigida com a mudança para o habitat correcto, e consequentemente dar-se-á a recuperação do seu estado de equilíbrio normal. Isto não quer dizer que não haja girafas com níveis de adaptação melhores do que outros, porque os seres têm sempre capacidades adaptativas, são moldáveis em maior ou menor grau. Mas nada nos dá o direito de julgar e considerar anormal uma girafa quando esta, para além de comportar-se como uma girafa, rejeita certas condições e circunstâncias. Foi apenas uma mera analogia.

    O rótulo e o julgamento podem ser imediatos e fáceis. Em muitos casos tudo isso, por um lado, pode se tratar de precipitações e presunções feitas por uma sociedade (ou por uma parte dela). Por outro lado, exibe um lado contraditório, porque não mantém sempre o mesmo critério, ao relativizar umas coisas (sem pensar muito) e não relativizar outras, sendo certo que, a meu ver, nem tudo pode ser relativizado e existem consequências fruto de algumas dessas relativizações. Também é verdade que existe muita aceitação digamos forçada de certas dinâmicas e comportamentos, no que diz respeito à sua aprovação geral e com frequência verificamos um certo seguidismo. Mas seja julgamento especializado ou julgamento mais vulgar, o autoritarismo, a presunção e as suposições podem estar sempre presentes, e muitas vezes nem uma perspectiva histórica e antropológica (assim como outras) contribuem muito para o abdicar dessa rigidez.


    ResponderEliminar