quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

A escrita que flui!

Bruce Lee transformou-se numa lenda e nesta entrevista, para além de falar um pouco sobre a sua vida, ele fala também sobre as artes marciais e a filosofia oriental antiga. Mas o que é que isto tem a ver com o título deste artigo? A resposta é simples: os princípios filosóficos descritos por Bruce Lee, e que estão na base de muitos tipos de artes marciais, podem ser aplicados a muitos aspectos e áreas da vida e isto inclui também a escrita! Contudo, é importante referir que, na prática, esta filosofia não é algo de muito fácil e imediato, mas não deixa de ser intrigante e cativante e sobretudo faz sentido.

Quanto à escrita, assim como acontece com outras formas de criatividade, podemos dizer que a escrita pode ser encarada como uma espécie de sacerdócio, pois no momento em que aparecem as ideias, temos de abdicar de tudo e entregarmo-nos plenamente. No entanto, apesar disso, não me considero um verdadeiro escritor, talvez um aprendiz de aprendiz! Mas é certo que nem sempre estamos disponíveis, por várias razões, e nem sempre desejamos isto…

A verdade é que tanto podia desenhar letras, como podia desenhar hieróglifos ou então pintar quadros alegóricos, não importa o meio empregado, apenas são formas de transmitir ideias e são as ideias que contam, é o conteúdo que conta e não a forma! Por isso, não pretendo prender-me demasiado a grandes convenções e regras que são sempre efémeras (se por cá ainda andarmos, daqui a 200 ou 300 anos ninguém escreverá nem falará como hoje).

As ideias e pensamentos devem fluir sem bloqueios, assim como um rio que flui livremente. Os bloqueios podem ser preocupações, determinadas ambições pessoais, etc- são coisas que se metem no caminho. Observamos aquilo que a natureza nos ensina e desejamos ser como a água de um rio que facilmente contorna obstáculos tais como as rochas ou as pedras que se apresentam no seu caminho. E desta maneira, a água segue sempre seu curso, segue sempre o seu caminho, sem esforço. A água aparentemente é um elemento fraco, mas esconde uma grande força e adapta-se com facilidade a várias situações (nem tudo é aquilo que parece!).

Mas este “sem esforço” às vezes requer hábitos e/ou paciência. Não raras vezes, estas coisas não estão isentas de um certo treino/hábitos, ou seja, por exemplo, não podes meter-te a dormir porque simplesmente queres e mandas, tens de esperar que o sono apareça e se forçares, não irás consegui-lo e irás dificultar ainda mais as coisas. Da mesma forma, não podes forçar-te a estar calmo e se o fizeres, acabarás ainda mais tenso! Apenas podes criar condições para estares calmo e se tiveres sorte, então talvez consigas. Funciona assim também para outras coisas: Para alguém ser um bom lutador, primeiro terá que treinar os mesmos movimentos vezes sem conta até que as coisas saiam espontaneamente, instintivamente, sem esforço, sem mente. Os movimentos passam a ser a sua segunda natureza; Um bom jogador de futebol teve que treinar durante muito tempo para aperfeiçoar a sua técnica e depois até parece que é capaz de jogar de olhos fechados (embora nem todos nasçam com o mesmo talento); Um verdadeiro praticante de musculação treinou durante muito tempo e consegue realizar os movimentos com a técnica correcta e aproveitando ao máximo cada movimento; Um bom nadador desliza na água sem esforço; etc…    


Este é um tema que, por si só, representa um verdadeiro mistério!







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