domingo, 4 de junho de 2017

Escola ou prisão?

De acordo com os relatos que nos chegam, nomeadamente no âmbito das EQM, a nossa existência neste planeta serve um propósito, tem um sentido (é importante salientar que a filosofia e a religião sempre tentaram responder à questão do sentido da vida). Portanto, neste contexto, é-nos dado um conjunto de informações que possuem semelhanças com algumas filosofias, doutrinas e tradições espirituais, nas quais o planeta Terra é visto como uma escola onde se aprendem importantes lições.
 
No entanto, como curiosidade, e tal como acontece com outros assuntos, também aqui há espaço para a conspiração, porque existe uma versão alternativa do factos (não estou a falar da versão materialista, ontologicamente falando). Essa versão alternativa diz que o planeta Terra é, afinal, uma prisão! Suponho que esta teoria foi inspirada no gnosticismo (e não só). Alguns chegam mesmo a usar conceitos e termos gnósticos.
 
Talvez, digo eu, não seja uma prisão para todos, ou então é uma prisão com mais regalias para uns do que para outros, e com direito a tortura. Mas há quem não concorde com esta teoria de que a Terra é um planeta prisão, apelidando-a de desinformação. Dizem que não existe qualquer hipótese de engano nem manipulação. Na internet podemos assistir a várias trocas de argumentos entre estas duas posições, tanto nos comentários aos vídeos como nos próprios vídeos.
Não pretendo destruir o optimismo nem a esperança de ninguém (isso seria contrário à intenção e lógica deste blogue), mas há coisas que são evidentes e essas ninguém pode negar: nesta realidade constatamos a existência de limitações e obstáculos e, em menor ou maior grau, existe uma dificuldade ou até mesmo impossibilidade de criar a nossa própria realidade; seja escola ou prisão, também podemos constatar que muitas pessoas abandonam esta vida num estado bem pior do que aquele em que entraram (interiormente, mentalmente, etc); não sabemos o que se esconde por detrás da cortina nem os propósitos das coisas, mas não raras vezes gera-se um sentimento de injustiça e indignação, principalmente quando vemos que a vida muitas vezes favorece e premeia indivíduos que aparentemente não merecem, a vida concede-lhes uma boa dose de liberdade que por sua vez permite-lhes fazer mais porcaria do que seria aceitável. Desta forma, parece que só uns precisam de levar com lições, enquanto outros aparentemente não têm nada a aprender, apesar do seu comportamento revelar o contrário; no fundo, escolas e prisões partilham muitos aspectos em comum, pelo menos nestas sociedades criadas pela espécie humana aqui na Terra.
 
Talvez não exista conspiração nenhuma e a verdade seja mesmo aquela que é contada pelas pessoas que experienciaram as EQM. Mas se houver conspiração, se realmente estivermos a ser manipulados e enganados por uma qualquer espécie de seres de natureza duvidosa, talvez nunca venhamos a saber ao certo, porque a ilusão pode ser perfeita ou quase perfeita (embora os preponentes desta teoria digam que existe sim uma forma de escapar). Da mesma forma que nós humanos, em determinadas situações, conseguimos enganar e manipular outras espécies de animais, satisfazendo-lhes uma série de necessidades e criando um conjunto de condições (nem que seja por breves momentos). Embora, na minha opinião, os animais não são assim tão idiotas como algumas pessoas pensam, e provas não faltam por aí.
 
Depois de alguma reflexão, estou mais inclinado para a versão das EQM que vê estas experiências como sendo genuínas e sem embustes de qualquer género, porque parece ser mais verossímil. No entanto, devo dizer que não estou totalmente satisfeito.
Esta versão (sem conspiração) parece ser a verdadeira. A informação disponibilizada faz um certo sentido sim, é verdade que explica muita coisa, para além de confirmar aquilo que dizem certas filosofias, tradições e outro tipo de experiências dentro deste âmbito. Mas será que faz total sentido? Não, confesso que não! Do meu ponto de vista, não faz total sentido porque, assim como tantas outras pessoas, custa-me aceitar muitas coisas… Para além disso, existem também certos aspectos que não estão totalmente claros. Contudo, as dúvidas e dificuldades na compreensão de certas dinâmicas são perfeitamente naturais, tendo em conta todas as limitações inerentes a esta minha condição e ponto de vista, somado ao facto de, em muitos casos de EQM, aquelas pessoas não terem tido acesso a toda a informação (algumas também referem que não conseguem neste momento ter acesso a toda a informação, em termos de memória).   
 
 
Nota: Para quem estiver interessado, existem vários vídeos na internet (não só em inglês) onde se expõe o assunto, com opiniões e diferentes versões da mesma teoria. E, claro, não esquecer as caixas de comentários desses vídeos porque é sempre interessante ver: os argumentos a favor desta teoria; os desabafos e as histórias de vida de uns e de outros (embora este aspecto não apareça nos comentários de todos os vídeos); e também a contra-argumentação, o lado daqueles que não concordam com esta teoria.   

4 comentários:

  1. Para completar, gostaria de acrescentar mais alguns pensamentos sobre um tema que dava para muitas páginas, mas vou tentar ser sucinto.

    Em relação ao tema do artigo publicado acima, podemos dizer que se trata daquilo que está oculto para a grande maioria de nós. Portanto faz sentido, se quisermos, classificá-lo dentro da categoria do oculto. Esta denominação não tem de ser necessariamente pejorativa ou negativa, ao contrário do que alguns acreditam, porque o oculto abrange muita coisa. Por exemplo, aquilo que eu chamo de dinâmicas profundas da existência, assim como outros planos da existência, estão também dentro do âmbito do oculto.

    A passividade perante certos temas e realidades não tem de ser a norma, e talvez seja conveniente e oportuno explorar e questionar certas coisas. Fizemos isso em relação à religião, à ciência, e a tantas outras coisas, por isso porque não fazer o mesmo em relação a outros temas e dinâmicas de domínio oculto?

    Dentro da realidade e dinâmica geral, existem certas dinâmicas específicas que parecem ser verdadeiras, embora difíceis de compreender quando pensamos em certos contextos e casos. Não pretendendo entrar muito em todos os pormenores, mas refiro-me a situações e dinâmicas que estão relacionadas com a reencarnação, os chamados planos de vida, para além de muitos outros aspectos. Existem, por isso, questões e dinâmicas que, do nosso ponto de vista, são complexas, são casos concretos cujas possíveis soluções e explicações à partida podem não fazer muito sentido. Outros aspectos parecem ser também contraditórios. Claro que nada disso invalida que sejam, como já disse, dinâmicas verdadeiras (são sustentadas por várias informações). Ou seja, após um estudo, apresentam-se como verdadeiras, mas parecem, do meu ponto de vista, difíceis de entender.

    Um pequeníssimo exemplo sobre os planos de vida e afins é o caso do holocausto. Para dar um exemplo muito batido. Claro que algumas pessoas gostam sempre de falar muito deste assunto, mas depois não falam de outras limpezas que aconteceram…. Faz parte da propaganda promovida por alguns… O holocausto foi muito mau, sem dúvida, mas enquanto passam a vida a falar apenas deste acontecimento (e de mais um ou outro acontecimento que lhes possa interessar), ao mesmo tempo desviam a atenção das pessoas e depois não se fala de outros podres, atrocidades e genocídios não muito distantes no tempo em relação ao holocausto…

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  2. Mas indo directo ao assunto do holocausto, temos aqui uma situação em que para existirem vítimas tem de obrigatoriamente existir um agressor. Por mais horrível e absurdo que tenha sido o sucedido, se considerarmos que aquilo serviu um propósito benéfico para as vítimas, ou seja, foram as tais lições e experiências previamente escolhidas pelas vítimas, então temos uma explicação. Pode parecer totalmente absurdo, masoquista e principalmente desnecessário, mas temos aqui uma explicação. Muito bem, ficamos satisfeitos neste capítulo, preocupados, mas de certa forma satisfeitos com a explicação. No entanto, o maior problema não está na vitima, mas sim no agressor. Se a vítima teve algo a ganhar com tudo aquilo, eu pergunto: o que é que o agressor tem a ganhar? O agressor escolheu ser um nazi e matar gente? Foi esse o plano de vida que algumas pessoas escolheram? Se foi, então o que tiveram a ganhar com isso? Não parece ter sido uma escolha inteligente! Será que o plano de vida dos nazis não era esse, mas decidiram e escolheram sair fora do caminho traçado e depois transformaram-se em agressores? Ou será que foi tudo apenas uma questão de alta probabilidade, ou seja, as vítimas foram colocadas num contexto apropriado, onde a probabilidade de lhes suceder algo era muito grande, porque estavam rodeadas de gente com uma tendência especial, talento e predisposição para fazer porcaria? É isso que temos de saber!

    Mas depois também algumas pessoas podem dizer: “ah, mas se eles foram vítimas é porque mereceram, alguma razão devia haver”. Foi uma punição kármica, tiveram de expiar”. Eu sei que nem todos gostam de usar esta abordagem, mas também se ouve muito estas explicações. Para uns, certos acontecimentos eram pecados e punições de um Deus que intervinha castigando os pecadores. Agora, para outros, isso foi substituído por punições e resgates kármicos. A verdade é que quem sofre terá sempre a possibilidade de ser julgado de acordo com estas teorias, e não sei até que ponto isto pode ser prejudicial… Se por um lado pode oferecer um consolo, uma explicação, dá um sentido à vida e aos acontecimentos, por outro lado também pode provocar estragos psicológicos.

    Se a vítima já foi agressora no passado, então podemos perguntar o seguinte: será que as pessoas que foram prejudicadas por esse agressor (o agressor que hoje é a vítima) também não mereceram? Se calhar também andaram a fazer porcaria em vidas passadas. Dentro desta lógica, começamos a recuar e a recuar, a entrar em esquemas confusos, e tudo se complica…. Então provavelmente não há reais vítimas nesta história toda, dentro dessa lógica.

    Acerca do holocausto e afins, não nos podemos esquecer de que os matadouros também “limpam” muitos animais, não foram só os campos de concentração… Com regras, mas também limpam…

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  3. Seja determinado acontecimento resultado de uma punição, uma consequência natural de uma acção, uma lição ou aprendizagem necessária, ou outra explicação qualquer diferente destas anteriores (porque pode haver outras explicações para um determinado acontecimento), a verdade é que nada parece satisfazer completamente, esta é a minha opinião.

    Partindo do principio de que tudo faz parte de um sistema limpo e verdadeiro (tal como parece ser), e que ninguém, nenhuma força nos ilude, ou não nos auto iludimos (que também poderia ser outra possibilidade), podemos continuar a fazer perguntas: será que certas realidades podem se apresentar perante nós, tendo em conta a nossa bagagem e experiência individual anterior? Parece ser assim, de facto. Este aspecto já tem sido abordado quando se fala das EQM, ou seja, existe também uma componente muito pessoal nestas experiências, que obviamente também possuem aspectos em comum quando abordamos e comparamos a maioria dos casos.

    Será que devemos aceitar tudo, passivamente, sem reflexão? As ditaduras também foram e são verdadeiras e reais, mas temos o direito de não as aceitar e recusá-las. De qualquer forma, podemos questionar qual a verdadeira extensão das nossas possibilidades nesta vida, a margem de manobra, que nível de escolha existe, quais as limitações contidas e impostas por um determinado plano de vida? E uma vez estando já todos dentro deste jogo chamado vida na Terra, essa não aceitação e rejeição muda realmente o sentido do jogo? Alguns dizem que não! Até que ponto podemos riscar um determinado plano de vida, mudar aspectos contidos nesse plano, de forma a mudar a nossa vida, criando e atraindo novas situações e possibilidades? No caso de ser possível, haverá um preço a pagar mais tarde? Ou alguém só poderá mudar certos aspectos quando o plano finalmente tiver cumprido o seu propósito (as tais lições que alguns falam)?

    E se existem leis ou regras imutáveis, como alguns referem, se a palavra imutável introduz a ideia de inflexibilidade, parece que temos também aqui um problema. Pois se nem as leis da natureza são imutáveis (tal como alguns defendem), mas apenas hábitos, e por isso sujeitos a mudança, então um sistema verdadeiramente compassivo e superior terá de obrigatoriamente não ser rígido nem inflexível.

    E nós, enquanto seres conscientes, porque aceitamos certas experiências? Dizem que escolhemos certas experiências. Porque aceitamos um determinado plano de vida? Supostamente acontece para nosso bem e evolução, mas depois muitas vezes essas situações estão em contradição com os nossos desejos e vontades num determinado momento desta vida terrena. E se puderem existir alternativas, e se elas existem, então porque não as escolhemos? Talvez queiramos encurtar um determinado caminho, mas qual é a pressa? Será que vale a pena? Mas se não temos grandes hipóteses e escolhas, então devemos questionar a origem da dinâmica e introduzir perguntas e críticas. É a origem da dinâmica que deve ser questionada e responsabilizada, e não podemos fazer como algumas religiões que criam entidades alternativas, ou fazem certas interpretações de textos, que no fundo não acrescentam nada, são apenas subterfúgios.

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  4. Vejo muita gente passiva, submissa até, e sinceramente não entendo essa postura. Noto isto, principalmente no caso daqueles que conseguiram atravessar para outro lugar digamos, e depois regressaram. Mas também verifico esta postura naquelas pessoas que, não tendo passado por nenhuma experiência, simplesmente vêem e encaram estes testemunhos e informações como sendo verdadeiros e reais. Neste último caso, estas pessoas, algumas, procuram convencer os outros, usando certas abordagens que podem talvez ser interpretadas como de certa forma autoritárias ou simplesmente mais severas, dentro de uma certa lógica de austeridade, tentando amedrontar aqueles não aceitam bem certas ideias ou doutrinas que foram construídas tendo como base certas experiências e informações. E depois criam-se certos fundamentalismos e fanatismos. Portanto atitudes não muito distantes daquilo que podemos observar em certos religiosos, e, a meu ver, isso não me parece muito positivo e benéfico. É a minha opinião. Aliás, algumas religiões conseguiram afastar muita gente em relação a estes temas, precisamente devido a essas atitudes, principalmente no passado, embora hoje em dia isso ainda aconteça.

    Até que ponto as nossas decisões foram e são influenciadas por outras consciências, outras entidades, ou influenciadas por alguma força que nos atrai? De acordo com certos relatos, claramente são! E partindo do principio de que ninguém nos engana (e se nos enganam, esse cenário também não deixa questões por fazer e também encerra problemas), quanto dessas decisões são realmente nossas, fruto de um insight pessoal ou necessidade profunda? O direito a construir a nossa própria realidade é um direito legitimo. Por mais que as nossas decisões sejam importantes para um propósito mais colectivo ou outro imperativo qualquer, o direito de recusar certas coisas e de querer alternativas é um direito legitimo também.

    Como alguns referem, nós já tivemos acesso a todas as respostas. Num estado de consciência diferente do comum, já tivemos em determinado momento todas as respostas e tudo ficou completamente claro, de repente tudo veio à memória, ou seja, nós já possuímos todas as respostas, mas estas por enquanto estão encobertas pelo véu desta realidade mais densa. Isto indica que em principio houve uma aceitação e nada mudou... Mas no caso da não aceitação de certas coisas, isso também não deveria dar lugar a consequências menos boas.

    São apenas pensamentos que me surgem e foram estimulados pela realidade que podemos observar neste planeta, e têm como base principalmente uma perspectiva global e geral daquilo que é e tem sido a experiência humana na Terra. E mesmo que a nossa vida seja ou tenha sido plena ou boa até este momento, nós não podemos esquecer as outras realidades que nos rodeiam, as realidades de imensas outras pessoas aqui na Terra porque as interrogações não devem aparecer só quando a nossa vida deixa de correr tão bem como gostaríamos.

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